Semelhanças entre clube dos espanhóis da Bahia e a Fúria ficam só nas raízes
Enquanto a Espanha de Iniesta & cia. se prepara para defender o título da Copa do Mundo, um pequeno clube de Salvador tenta resgatar melhores dias sob a inspiração espanhola.
Fundado em 1933 por imigrantes espanhóis, o Galícia mantém as suas raízes e, ao mesmo tempo, tenta diminuir as diferenças. A quinta colocação no último campeonato baiano serviu de alento para um clube que passou 14 anos na Série B da Bahia. O passo representou a retomada do orgulho da torcida e a esperança de disputar a Série D do Brasileiro.
O projeto ainda esbarra na pouca visibilidade e no cada vez mais escasso apoio econômico da colônia espanhola de Salvador. As barreiras financeiras têm sido contornadas com parcerias e com dois patrocinadores fixos que estampam suas marcas na camisa do Demolidor de Campeões, apelido ganho após vitória sobre o Santos.
A injeção de recursos obtida é fundamental para arcar com os custos operacionais mensais de R$ 10 mil em períodos em que o clube está inativo, e R$ 100 mil quando os azuis estão em plena competição.
Troféus são exibidos no Parque Santiago (FOTO: Leo Burlá)
Os números modestos em nada lembram as cifras movimentadas pelos astros da Fúria. Segundo levantamento feito pela Pluri Consultoria, a seleção dirigida pelo técnico Vicente Del Bosque tem nove dentre os 50 jogadores mais valiosos que disputarão a Copa do Mundo. Os R$ 151,9 milhões estimados por Andrés Iniesta, também craque do Barcelona, seriam capazes de cobrir o orçamento galiciano por aproximadamente 126 anos.
– Queremos conseguir fontes de recursos que sejam mais estáveis, pois temos de pagar as contas. Conseguimos algum dinheiro por meio de algumas centenas de sócios-torcedores que conseguimos, o que gera uma renda mensal fixa. Mas a situação já foi bem pior, houve épocas que não havia dinheiro para cortar a grama do Parque Santiago. A visibilidade da seleção da Espanha e a Copa têm nos ajudado a recuperar este embalo – contou Beto Boullosa, diretor de Comunicação do Galícia.
Após a confirmação de que a Espanha faria na Fonte Nova a sua estreia na Copa, diretores do clube tentaram pegar uma carona na presença dos atuais campeões do mundo em Salvador. Houve a ideia de um jogo-treino e de uma visita à delegação, mas nenhum dos projetos sonhados obteve o sucesso desejado.
– Mas não duvide da hipótese de alguém da colônia conseguir entregar uma camisa do clube ou tirar uma fotografia com os jogadores da seleção – ponderou Boullosa.
O abismo entre estes dois mundos só é minimizado pela história em comum. E é sob os olhares da imagem do padroeiro da Espanha e do Galícia, Santiago Apóstolo, que os garotos da base do clube treinam em busca de um lugar ao sol. Afinal, todos eles também querem ser Xavi um dia.