Prioridade nos estádios da Copa é errada
O governo federal publicou dados atualizados na Matriz de Responsabilidades da Copa de 2014. Os gastos com estádios já superaram R$ 8 bilhões, deixando para trás os demais investimentos, como mobilidade, infraestrutura urbana, telecomunicações, segurança, turismo, aeroportos e portos.
Os estádios representam neste momento 31% do total de investimentos e esse valor irá subir até o início de 2014. Em 2011, a previsão de gastos com estádios era de R$ 6,4 bilhões. Subiu em 2012 para mais de R$ 7 bilhões, e neste ano mais uma vez.
O erro cometido pelo projeto Copa de 2014 foi não ter contido o alto gasto nas arenas e, para equilibrar o orçamento total, reduzir o investimento em áreas-chave para o propagado legado.
Esse perfil de alocação dos recursos fará com que após o evento, muitos equipamentos esportivos se tornem "elefantes brancos", e outros, por estarem nas mãos de grandes empresas e de governos estaduais, não maximizem os negócios dos clubes locais.
O caminho que deveríamos ter trilhado era o oposto, com foco na melhora da infraestrutura nas cidades para a população e turistas, para que a experiência da Copa no Brasil fosse sentida na vida das pessoas e no impacto de longo prazo para o turismo do país.
Um megaevento ocorre muito mais fora dos estádios do que dentro deles, já que um número reduzido de torcedores pode assistir aos jogos. Soma-se a isso o fato de que boa parte das pessoas faz turismo no intervalo entre os jogos.
As pessoas dedicam muito mais tempo conhecendo o país do que assistindo aos jogos. Assim, erramos no projeto que construímos. E quem pagará a conta como sempre será a população, que não sentirá grandes melhoras em sua qualidade de vida e muito menos usufruirá dos novos equipamentos esportivos.
Agora temos os Jogos Olímpicos de 2016 pela frente, uma nova oportunidade, neste caso no Rio de Janeiro, para tentarmos não errar novamente.