Primeira brasileira a arbitrar no UFC soma 135 lutas e sonha com Ronda


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Embora o UFC de Porto Alegre tenha somado inúmeras derrotas brasileiras para o público, quem marcou presença no Ginásio do Gigantinho, no último domingo, pôde acompanhar uma conquista especial. Pela primeira vez na história, um combate do Ultimate no Brasil foi arbitrado por uma mulher. Veterinária de 30 anos, Camila Albuquerque foi a responsável por comandar as lutas Douglas Silva x Cody Gibson e Jessica Andrade x Marion Reneau. Na segunda, foram três mulheres (duas lutadoras e uma árbitra) dentro do octógono. Filiada pela CABMMA desde janeiro de 2014, o convite para trabalhar num evento do UFC foi uma surpresa, mas ela não pensa em parar por aí. Seu sonho é arbitrar uma disputa de cinturão feminino com Ronda Rousey, maior estrela da organização na atualidade.

Em entrevista ao LANCE!Net, Camila, que já soma 135 lutas já arbitradas na carreira em 44 eventos, revela que pensa alto e, após realizar o primeiro sonho, o de chegar a um show do nível do Ultimate, ela busca se tornar a primeira mulher da história a comandar uma disputa de cinturão no octógono. 

- Essa visão de que não há espaço para a mulher já está mudando. Não só por parte da arbitragem, mas até pelos fãs. Mulheres não assistem mais eventos só em bares ou em casa. Elas vão até os ginásios e torcem mesmo. Já vejo muita mulher sustentando comentários fiéis ao mundo do MMA. E o UFC é uma organização surpreendente, um respeito absoluto e são totalmente respeitadores. É estimulante isso. Penso que outras mulheres podem se inspirar no futuro. Realizei o primeiro sonho da minha carreira, e agora quero um dia pegar uma disputa de cinturão de uma luta feminina. Seria uma realização imensa na minha vida. Se for uma luta da Ronda (Rousey) então... Seria um sonho - declarou a profissional, em conversa por telefone.

A cearense revelou que foi praticante de Kung Fu e Sanda (um exemplo de Luta livre de origem chinesa) por quatro anos, até que uma lesão a colocou no caminho da arbitragem. Ligada às lutas, ela não quis se afastar após machucar o joelho e ouvir que teria de ficar seis meses sem treinar. Orientada por seu treinador, Fernando Moura, Camila virou árbitra da modalidade e posteriormente começou a fazer cursos para arbitrar MMA, sempre orientada pelo brasileiro Mario Yamasaki, maior referência brasileira no ramo.

- Comecei arbitrando em eventos locais. Depois que surgiu a Comissão Atlética Brasileira de MMA, o Yamasaki comecou a fazer cursos oficiais. Fiz um no Rio de Janeiro, foram dois dias inteiros. Do curso, ele me encaminhou para que eu me afiliasse à CABMMA. Em novembro passado, eles me convidaram para fazer "sombra", como estagiária, no UFC de Uberlandia. Um trabalho para que eu pudesse ver como funciona e tudo mais. Aí mandaram eu ficar no aguardo. Tinha 133 lutas na bagagem, hoje tenho 135 com as lutas que arbitrei em Porto Alegre no UFC. Eles avaliaram isso tudo e em janeiro recebi o convite da CABMMA para trabalhar no UFC. Achei que ia começar em eventos nacionais, mas logo de cara me colocarm no UFC. Foi uma surpresa - comemorou. 

Confira um bate-papo com Camila Albuquerque
Como você se sentiu ao ser a primeira árbitra a atuar em um evento do UFC no Brasil?
Eu estava muito tranquila até a hora do evento. Não estava realizando e nem entendendo o tamanho disso tudo. Fiquei nervosa, como sempre fico. Quando cheguei lá no ginásio que vi o tamanho do show, arena lotada. Foi lá que bateu o nervoso. Mas ainda assim foi tranquilo. Quando a luta começa eu relaxo. Quando saí, que vi os comentários, pessoas parabenizando e tudo mais que percebi que foi maior do que eu imaginava. Já dei um bando de entrevistas e meu Facebook não para um segundo. Nem consigo acompanhar tudo. É tudo muito maluco. Não consegui entender ainda.

Como você começou a arbitrar?
Eu competia no Sanda, ia aos campeonatos como atleta até eu lesionar o joelho e precisar parar por seis meses. Aí tive de ficar afastada. Então procurei o curso de arbitragem para não ficar longe do esporte. 

Você acha que se não tivesse se lesionado poderia se tornar uma lutador ao invés de árbitra?
Acho que não. Eu não gostava muito da adrenalina de competir. Talvez não virasse árbitra, mas acho que não seguiria carreira como lutadora. 

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