Nelsinho Piquet garante: ‘Quero ser o 1º brasileiro a ter carreira marcante na Nascar’


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Um pioneiro. É dessa maneira que se vê Nelsinho Piquet atualmente. Após sua terceira temporada na Nascar, quando ficou em 12 na Nationwide, ele não pensa na Fórmula 1. O foco é se manter na principal categoria de automobilismo dos Estados Unidos para alcançar marcas inéditas para o Brasil.

Ele já é o primeiro piloto do país a vencer na Nascar (triunfou duas vezes na Truck Series, espécie de terceira divisão, e uma outra na Nationwide, que é a categoria acima). O grande objetivo é entrar na Sprint Cup (divisão principal) e conseguir um título em qualquer uma das três divisões.

Nas vésperas de disputar as 500 Milhas de Kart, em Santa Catarina, ele visitou a redação do LANCE!Net em São Paulo. Veja a entrevista:

LANCE!Net: Você está fazendo 20 anos de carreira. Como é chegar nessa marca aos 28 anos?
Nelsinho Piquet: Passou muito rapidamente. Tenho a memória fraca e não lembro de muitas coisas. Não lembro quando sentei no kart pela primeira vez. Mas é metade da minha vida correndo. É impressionante como o tempo passa quando você faz algo que gosta.

L!Net: Você disputou sua primeira temporada completa na Nationwide e ficou cinco vezes dentro do Top 10. Foi aquilo que esperava?
NP: Sempre espero um pouco mais. Por alguns fatores, foi o ano que eu fiquei mais longe da meta que previ. Ano passado, tivemos vitórias, poles e vencemos em categorias diferentes. Quis ser mais otimista, mas não conseguimos. A equipe (Turner Scott Motorsports) não foi a certa, foi a mesma que estava na Truck. Não consegui me encaixar direito, não fizemos nenhum Top 5. Ano que vem, vamos procurar o lugar certo para fazer uma boa temporada.

L!Net: Você pretende continuar nessa divisão? Vai trocar de equipe?
NP: Vou mudar de equipe, com certeza. Estamos em conversa com dois times para a Nationwide e será a temporada integral. Uma das opções tem corridas da Sprint Cup, e na outra não.

L!Net: O que mais te chamou a atenção na Nationwide?
NP: A Nationwide é uma categoria com muitas corridas. Temos 33 provas contra 36 da Sprint Cup. Então, é um calendário similar. É uma categoria que você consegue achar patrocínio com mais facilidade. É um lugar bom pra fazer nome e ter rodagem.

L!Net: Em quanto tempo quer disputar a Sprint Cup de maneira integral?
NP: Vai depender dos resultados. Achava que nesse ano estaria na Truck, mas surgiu a Worx (patrocinadora) e eles queriam fazer a Nationwide. Então, dependo um pouco da decisão dos patrocinadores também.

L!Net: Já pensou em ir para a IndyCar?
NP: Já tive convites, mas nunca me animei. Queria algo diferente. Quando fiz as primeiras provas na Nascar não sabia o que seria, mas gostei e decidi que seria esse o caminho. Quero ser o primeiro brasileiro a ter uma carreira marcante lá, quero ser campeão.

L!Net: A Nascar não é muito conhecida no Brasil. Já te procuram para fazer um trabalho de desenvolvimento?
NP: Existe um conflito complicado. Isso deve acabar ano que vem com um trabalho junto com a Fox (canal a cabo que exibe a Nascar no Brasil). Quero e tento passar essa cultura para o torcedor brasileiro. Mas os meus ex-agentes têm os direitos da categoria no Brasil e complicam um pouco o caminho para isso acontecer.

L!Net: A Stock terá corridas com convidados na próxima temporada. Você pensa em correr alguma prova? Já recebeu convites?
NP: Sim, já recebi convites. Já pensei em correr. Já conversamos sobre a Corrida do Milhão, mas meu foco sempre foi ficar nos Estados Unidos. Não queria vir pra cá e fazer algo irrelevante. Quero vir pra fazer um bom papel. Não adianta eu correr contra o Cacá (Bueno), Ricardo Maurício, sem saber as caracteristicas do carro. E eu tenho de ver a minha agenda também. Não é facil alinhar com meu calendário no exterior.

L!Net: O calendário da Nationwide é muito desgastante. Como você faz para aguentar uma temporada tão forte fisicamente?
NP: Para ser bem honesto, o carro da Nascar não é tão desgastante fisicamente comparado com o da Fórmula 1. Obviamente, dependendo de onde estou correndo, tem a temperatura e outras condições que são mais complicadas. A parte mais difícil é a mental. São muitas corridas. Então, você pode ter problemas com o grupo e isso cria estresse com muita coisa. Precisa ter muita concentração e cabeça fria. Não tenho muito tempo pra pensar no que está errado.

L!Net: Depois desse tempo que já passou, você ainda acompanha a Fórmula 1? Qual sua relação com a categoria?
NP: Olha, para ser sincero, eu assisto pouco. Chego de viagem tarde sempre e esqueço. E nos Estados Unidos, não é uma categoria que passa em qualquer canal. Você só assiste na TV por assinatura.

L!Net: Como você vê a situação atual do automobilismo no Brasil?
NP: Não gosto de insistir, mas acho que a confederação (CBA) não ajuda. O que sei é que os corruptos estão saindo e as coisas estão melhorando. Mas para chegar na situação da Europa e Estados Unidos será difícil. Quando o Brasil chegou a ter três, quatro pilotos na Fórmula 1, foi coincidência, não uma geração brilhante. Com o número de talentos, os comandantes poderiam fazer um trabalho melhor.

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