Esperança do Mixto, Ruy Cabeção vê preconceito contra ‘vovôs’ da bola

Chelsea e PSG (Foto: Reprodução/Twitter)
Chelsea e PSG (Foto: Reprodução/Twitter)

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Enquanto o Santos exalta a molecada e dá cada vez mais espaço para os jovens jogadores, um dos destaques do Mixto-MT, rival da noite desta quarta-feira, na Arena Pantanal, pela Copa do Brasil, vai na contramão e sai em defesa dos atletas mais experientes. Aos 35 anos de idade, Ruy Cabeção, que passou por diversos grandes clubes do Brasil, diz que há um preconceito no país com os boleiros acima de 30 anos e quer aproveitar a partida contra o Peixe para mostrar que ainda tem fôlego de sobra.

Apesar de ser chamado de tio ou até avô pelos companheiros do Mixto, Ruy conserva a aparência jovial e costuma ser o último a sair dos treinos. Na última segunda-feira, por exemplo, enquanto quase todos os atletas já haviam ido para o vestiário, ele seguiu no campo fazendo abdominais. Segundo o ex-lateral e hoje meia, essa é uma forma também de dar exemplo aos jovens.

– O preconceito é grande, mas quem me conhece sabe que não estou aqui para roubar ninguém. Trabalho forte e minha experiência tem que servir de espelho. É assim, não através do nome, que sigo sendo titular nas equipes que passo – disse, ao LANCE!Net.

Ciente da visibilidade que terá no jogo desta quarta, ele sonha em ter uma boa atuação e mostrar a todos sua capacidade. No entanto, depois de rodar por diversas equipes pequenas do interior do Brasil e até pedir emprego em redes sociais da internet, ele se mostra desiludido quanto ao futuro e não crê que voltará a ter chances em um clube na elite.

– Tenho capacidade, mas mesmo que faça cinco gols sobre o Santos vai ser difícil ter chance na Série A.

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Segue com o mesmo fôlego de antes?
Dentro de campo procuro me movimentar bastante e me dedicar o jogo inteiro. Aí os mais jovens, vendo como eu faço, se sentem também na obrigação de fazer. Procuro demonstrar e passar minha experiência dessa forma, lutando e correndo.

Você fala em preconceito com jogadores mas velhos, mas temos o Zé Roberto, Dida, Lúcio...
Esses jogadores que vêm da Europa são tratados de outra forma. Eu só joguei na Hungria, mercado pouco visado. Para a gente, que é criado no futebol brasileiro, fica claro que há um preconceito com os mais velhos. O futebol brasileiro hoje está quebrado, são poucos os clubes com saúde financeira boa. Continuamos vivendo da exportação de jogadores. Por isso, as equipes grandes e médias querem ter jovens jogadores para ganhar dinheiro. Aí o mercado se fecha para a gente.

Qual a importância desse jogo da Copa do Brasil para você?
Eu acho que vai ser um divisor de águas para mim. Não me iludo mais. Tive oportunidade de jogar por times grandes e hoje ando com minhas próprias pernas, não tenho empresário, e sei que é difícil entrar em um time grande sem ter esse jogo extra-campo. Estou muito orgulhoso de ter essa oportunidade de jogar contra o Santos, melhor time do país, jogando bonito... Quero mostrar que não temos que olhar primeiro a idade do jogador, mas sim a condição física e técnica.

Acha que tem condições de jogar num clube grande novamente?
Creio que sim. O futebol da Série A é diferente das outras. Série B e C é mais corrido, tem que se desgastar mais fisicamente, na Série A é mais tático, tocado... Se for pensar assim, seria até mais fácil pra mim. Por questões físicas, tenho condições de um dia, quem sabe, fazer parte de um grupo vencedor e aí sim as portas podem se abrir para mim.

É possível eliminar o Santos?
O futebol é o único esporte que não tem lógica. O Santos tem mais investimento e estrutura, a diferença é absurda. Eu estou confiante, acho que o grupo é diferente do Estadual, nos fortalecemos. Tudo vai depender da nossa entrega, se tiver determinação, conseguiremos levar a decisão para Santos, que é nosso objetivo.

Por que virou meia?
Fui criado na base assim. Mas teve um tempo que não havia lateral-direito no Brasil e, no Cruzeiro, o Luxemburgo me efetivou nessa posição. Mas de uns anos pra cá voltei a jogar de meia, às vezes segundo volante, o que não é novidade para mim. Agora, mais experiente, os treinadores estão com um pouco de dó de mim (risos).

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