Desrespeito a contrato e indisposição de secretário minaram Soccerex-2013

Peter Siemsen - Fluminense (Foto: Nelson Perez/Fluminense F.C))
Peter Siemsen - Fluminense (Foto: Nelson Perez/Fluminense F.C))

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A decisão dos organizadores de cancelar a edição 2013 da Soccerex não foi gratuita. O anúncio foi fruto de uma sequência de atitudes tomadas pelas autoridades, que foram minando a realização da principal feira de negócios do futebol mundial.

O início do imbróglio se deu em agosto, quando o governo do Rio avisou à Soccerex que não iria mais bancar a montagem da estrutura no Forte de Copacabana, onde ocorreram as três edições anteriores. Além do custeio de transporte, hospedagem e o valor para garantir a exclusividade do evento, o local da feira foi uma obrigação do governo assegurada em contrato.

– Aí começou o problema, porque começamos a pisar em um terreno de areia movediça – contou ao L!Net Ricardo Setyon, diretor de estratégia e comunicação da Soccerex.

O governador Sérgio Cabral Filho, então, ofereceu o Maracanã. Ou melhor, o estacionamento do estádio. A distância da praia e dos principais hotéis, em uma área que não é turística, também desagradou os organizadores, que não queriam, a princípio, usar o Maraca.

Então, um novo impasse foi criado: quem iria pagar o aluguel ao Consórcio? A Soccerex não tinha a obrigação contratual de arcar com a despesa para garantir o local. Mas o barco ainda estava andando.

Só que o secretário estadual de Esporte, André Lazaroni, aumentou a resistência à feira. A postura de Lazaroni, completamente inversa à da antecessora, Márcia Lins, surpreendeu. Ele conseguiu convencer o governador a não cumprir o combinado com a Soccerex, retirando o apoio financeiro, e o cancelamento anunciado na terça-feira foi a consequência.

O prejuízo da Soccerex é estimado em R$ 20 milhões. Mesmo assim, os organizadores prometem devolver o dinheiro às empresas ou tranferir o valor pago como crédito para as próximas edições.

A Soccerex ainda não entrou na Justiça contra o governo para ser ressarcida, pois, antes, vai tentar um acordo, apesar da fúria do CEO, Duncan Revie. Mas advogados brasileiros e ingleses já foram contratados.

O governo do Rio diz que não recebeu notificação sobre ressarcimento e se diz tranquilo porque “o cancelamento da Soccerex foi uma decisão dos organizadores”.

COMUNICADO DA SOCCEREX

Na tarde desta quinta-feira, a Soccerex emitiu uma nota oficial rebatendo a versão do governo sobre o cancelamento.

A Soccerex, na qualidade de empresa de respeito e tradição, e que detém uma política de bom relacionamento com as maiores entidades e governos, em cinco continentes, deseja esclarecer pontos vitais e importantes, neste momento conturbado, após o cancelamento unilateral do evento planejado no Rio de Janeiro ainda em 2013.

Este comunicado vem como resposta direta às falsas alegações e informações equivocadas, divulgadas pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer e da Suderj, e que desorientam as autoridades, a mídia e a população

Em seu comunicado, que foi divulgado em reação direta ao documento enviado pela Soccerex, enquanto ao cancelamento da Convenção Global Soccerex 2013, o Governo do Rio de Janeiro, equivocadamente busca se inocentar das responsabilidades assumidas e firmadas, no que diz razão aos custos do evento em questão.

O Governo menciona uma teórica “falha” por parte da empresa Soccerex, em encontrar e assegurar os fundos para a realização da Convenção Global, através de valores oriundos da Lei de Incentivo ao Esporte, e assim criando a impressão de não ter responsabilidade ou culpa do cancelamento do evento, através deste argumento sem fundamento no contrato entre as partes, e que vem a ser completamente o inverso e contrário às alegações citadas pelo Governo em contato direto com a Soccerex, ou seja: o evento perde o apoio financeiro do Governo do Rio de Janeiro devido à tensão social existente e pressão da opinião pública existentes nesse momento no Estado, que injustuficariam esse gasto com a Soccerex.

Em primeiro lugar, é necessário que seja especificado de maneira enfática, que, ao assinar o contrato legalmente comprovado, de “Host City” (Cidade- Sede), para 4 edições da Convenção Global anual da Soccerex, o Governo do Estado do Rio de Janeiro se comprometeu oficialmente a entregar condições detalhadas e específicas, itens vitais para a realização do evento, assinaladas em destaque no contrato entre as partes. E o completo e total conhecimento destes itens, em toda sua extensão, obvia e certamente não poderiam ser desconhecidos integralmente, pelo senhor Governador do Estado do Rio de Janeiro, seu Secretário de Esportes e outros agentes governamentais envolvidos.

Assim sendo, qualquer eventual referência a uma eventual “recomendação” para que a Soccerex usasse ou buscasse, valores através da Lei de Incentivo ao Esporte, como mencionado no comunicado recente do Governo do Estado do Rio de Janeiro , nada mais é de que uma simples, desnecessária e ineficiente “cortina de fumaça”.

A Lei de Incentivo ao Esporte é um sistema de re-investimento de impostos para empresas baseadas no Estado do Rio de Janeiro - e sendo a responsabilidade dos custos para execução da Convenção Global da Soccerex, como mencionados acima e oficialmente acordados em contrato juridicamente reconhecido, assumidos pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, desde 2010, sempre sob a administração do senhor Governador do Estado do Rio de Janeiro, o senhor Sérgio Cabral, esta arrecadação seria ainda de responsabilidade única e exclusiva da entidade governamental do Estado do Rio de Janeiro.

Consequentemente, qualquer responsabilidade de buscar, assegurar ou organizar tais fundos, em qualquer modo, origem ou natureza, não seria, em nenhuma eventualidade ou caso, da empresa Soccerex.

É totalmente inaceitável que o Governo do Estado do Rio de Janeiro - após menosprezar e descumprir suas obrigações previstas e atribuídas em contrato, cause enormes perdas materiais e incomensuráveis perdas morais e de imagem, à empresa Soccerex, neste processo.

E que, além disso, ainda tente, de maneira deliberada e equivoicada, fazer crer à mídia e à opinião pública, tais inverdades no que diz razão aos fatos reais e indiscutíveis, comprovados em contrato.

Ademais, em relação à especulação no que tange ao um eventual “custo” relativo ao uso do Complexo do Maracanã, sendo atribuído erronamente como a razão para o cancelamento da Convenção Global Soccerex 2013, nos vemos obrigados, em base aos fatos descritos acima, e acordos firmados, enfatizar que categoricamente negamos e rejeitamos tais alegações, como completamente irreais e não verídicas.

A garantia do fornecimento de condições para assegurar a realização do evento, estão estabelecidas no contrato entre as partes e são de obrigação do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Portanto sendo ou não no Maracanã, cabe ao governo assumir pagamentos relativos à execução e construção, disponibilizar um espaço condizente com a grandiosidade do evento e daqueles que o visitam.

Este comunicado oficial visa esclarecer que:

1. A total e exclusiva responsabilidade do Governo do Estado do Rio de Janeiro, em relação a todo e qualquer investimento para a realização da Convenção Global Soccerex no Rio de Janeiro, inclusive da disponibilização, em todos os níveis, de um local de padrão condizente com o evento;

2. Assegurar o respeito e a efetivação, inequivocadamente e por completo, de todos os itens contratuais que cabem e cabiam à Empresa Soccerex;

3. Foi do Governo do Estado do Rio de Janeiro a decisão sumária e unilateral de cancelar o apoio à realização da Convenção Global Soccerex 2013, devido à comoção social e pressão da opinião pública, como mencionado pelo Governo.

Apesar do fato de que os fundos a serem eventualmente obtidos através da Lei de Incentivo, mencionada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, não ser a razão primária para o cancelamento do evento em questão, nós, da empresa Soccerex, sentimos a necessidade, por respeito à imprensa no Brasil e no Mundo, de esclarecer que esta especulação não pode e não deve ser o centro deste processo que hoje ocorre.O complexo do Maracanã e/ou seus eventuais custos, não representaram em momento algum base para a não realização da Convenção Global Socccerex 2013. Sendo no Maracanã ou em qualquer outro local, cabe ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, como estabelecido em contrato, entregar um local disponível e adaptado às requisiçòes e dimensões do evento em questão.

Esperamos com as evidências detalhadas neste comunicado, esclarecer que a empresa Soccerex não contribuiu ou agiu, em momento algum, para o cancelamento da Convenção Global Soccerex 2013, marcada originalmente para os dias 23 a 27 de novembro no Forte de Copacabana, como nas edições de 2010, 2011 e 2012, e em consequência das novas condições impostas pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, foram modificadas de local e de data: nos foi sugerido o Complexo do Maracanã, em datas de 30 de Novembro a 5 de Dezembro de 2013.

Queremos reiterar que a razão, oficialmente, comunicada à empresa Soccerex, considerada como base para a interrupção abrupta e unilateral, não condizente com o contrato firmado, foi a situação de preocupação política e a possível reação da opinião pública e consequências a esse eventual cenário, para assim não mais contarmos com suporte por parte do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que vinha ocorrendo normal e perfeitamente, desde 2010, para com a Convenção Global Soccerex.

A Soccerex se encontra à disposição de todos, mídia, governo, clientes e parceiros, para eventuais esclarecimentos e busca de soluções para este lamentável e complexo momento.

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