COB adota postura diferenciada com modalidades ‘menores’ para o Pan

Marcel Stürmer (Foto: Washington Alves/COB)
Marcel Stürmer (Foto: Washington Alves/COB)

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Como de costume em Jogos Pan-Americanos, Toronto-2015 ficará marcado pelo tratamento diferenciado do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) a algumas das modalidades não-olímpicas. Enquanto Caratê e Squash têm ajuda de custo da entidade em algum momento de sua preparação, o mesmo não se repete para Esqui Aquático, Boliche, Beisebol e Softbal. E, em alguns casos, como o da Patinação Artística, os atletas tiram do bolso para representar o país.

Por não constarem no programa das Olimpíadas, estes sete esportes não recebem repasses provenientes da Lei Agnelo/Piva, que destina 2% da arrecadação bruta das loterias federais, descontadas as premiações, ao COB (85%) e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (15%). Suas confederações até são reconhecidas, mas não há obrigação de apoio financeiro a elas.

Porém, a entidade arca com os gastos quando é convencida de que os esportes podem trazer resultados expressivos. Leia-se medalhas. O Squash tentará sua classificação em setembro, na Cidade do México, com perspectivas de conquistar pelo menos o bronze em Toronto. E os competidores terão passagens aéreas e hospedagens bancadas pelo COB. Uniforme e alimentação ficam por conta dos atletas.

Outro 'agraciado', o Caratê foi destaque verde-e-amarelo em Guadalajara. O evento ficou marcado pelo tetracampeonato de Lucélia Carvalho, que tornou-se a primeira atleta do país a conquistar medalhas de ouro quatro vezes seguidas. Para 2015, a Confederação Brasileira de Karatê (CBK) teve ajuda do COB durante os Jogos Sul-Americanos, em março deste ano, no Chile. A competição é classificatória para o Pan.

No caso da Patinação Artística, a entidade brasileira tem dado atenção especial. Embora a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP) não receba auxílio, o esporte promete, já que tem dominado o cenário mundial nos últimos anos. Os responsáveis por isto são Marcel Stürmer, tricampeão pan-americano (2003, 2007 e 2011) e Gustavo Casado, atual campeão mundial (2013).

Apenas um representará o Brasil em Toronto, em decisão que será tomada pela CBHP. Mas nem tudo é tão simples. Apesar de a modalidade contar com a ajuda do COB, Marcel pagou do bolso a passagem para ir a Orlando (EUA) disputar o classificatório, em janeiro. A entidade alegou que não poderia incluir os gastos no orçamento. O atleta trouxe a vaga para o país.

O caso do Beisebol (e do Softbal - sua versão feminina) é mais delicado. Sacado do programa olímpico antes dos Jogos de Londres, a modalidade não pôde disputar o classificatório para o Pan de 2011 por falta de dinheiro. O presidente da CBBS, Jorge Okymura, diz que em relação ao COB nada mudou. Mas garante que desta vez as duas modalidades estarão na delegação que vai ao Canadá.

– Enviamos uma carta ao COB solicitando ajuda, mas nem responderam. Já faz uns dois ou três meses. Mas a gente sempre consegue dar um jeito. Os atletas pagam do bolso e a confederação se vira. Em 2015, teremos equipes – disse.

Já Boliche e Esqui Aquático ainda engatinham. Por enquanto, dependem da contribuição dos atletas e da ajuda de apoiadores. A Confederação Brasileira de Boliche (CBBOL), por exemplo, paga salários, hospedagens e alimentação do técnico americano Joseph Slowinski. A Confederação Brasileira de Esqui Aquático (CBEA) receberá alguma ajuda apenas em 2015. O Brasil nunca ganhou medalhas na modalidade.

Outro que estará no Pan de Toronto, mas sem brasileiros, é o raquetebol. Popular no México, o esporte é semelhante ao squash no modo de jogar, mas diferente nas dimensões da quadra e na raquete. No Brasil, não há sequer uma confederação para o esporte, apenas a Associação Brasileira de Raquetebol (ABR).

COB admite exceções

A posição do COB no momento em que as atenções estão voltadas para a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, é clara. Nenhuma modalidade não-olímpica é prioridade. Porém, a entidade admite que portas estão abertas para exceções.

– A ação principal do COB hoje é o trabalho nas modalidades olímpicas. O foco do uso do dinheiro são elas. Podemos, em algumas exceções, ajudar alguma modalidade. Mas, teoricamente, isso não está dentro da nossa visão nesse momento – disse ao LANCE!Net Marcus Vinícius Freire, diretor executivo de esportes do COB.

Embora haja diferenças no caminho, todos os custos durante o Pan são de responsabilidade do COB. Uma vez presentes na delegação brasileira, os atletas recebem uniformes oficiais e têm alimentação e hospedagem asseguradas. A entidade adianta os valores e depois é ressarcida pelo Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos. O COB banca as passagens dentro do Brasil.

O Pan de Toronto acontecerá entre 10 e 26 de julho de 2015.

Confira a situação dos esportes não-olímpicos a um ano do Pan

Squash

As equipes masculina e feminina tentarão vaga no classificatório para o Pan de Toronto em setembro, na Cidade do México. Ronivaldo Duarte, Manoel Pereira, Thaisa Serafini e Tatiana Borges são os principais nomes do Brasil. Em Guadalajara-2011, o país obteve um bronze por equipes entre os homens.

Beisebol/Softbol

O beisebol deverá disputar em setembro ou outubro um classificatório para o Pan, que abrirá seis vagas, além do Canadá. A Confederação Pan-Americana está negociando o evento junto com um escritório de marketing. Os destaques são André Rienzo e Yan Gomes, que jogam a Major League (MLB). No softbal (versão feminina do beisebol), a Seleção Brasileira já confirmou vaga.

Caratê

O Brasil já garantiu quatro vagas em Toronto. Elas foram obtidas nos Jogos Sul-Americanos de Santiago (CHI), em março deste ano por Douglas Brose (-60kg), Wellington Barbosa (+84kg), Isabela Rodrigues (+68kg) e Valéria Kumizaki (-55kg). Outros seis competirão no quali de Toronto para tentar classificar mais dois por categoria. Dez é o numero máximo de atletas que um país pode levar ao Pan neste esporte.

Esqui Aquático

Vaga vem com pontuação pelo Pan-Americano de esqui-2014, na Colômbia, e nos Jogos Sul-Americanos do Chile. Neste último, o país já obteve duas vagas no esqui masculino, uma no feminino e uma no wakeboard, este último com Marcelo Giardi, o Marreco.

Boliche

O país já conseguiu duas vagas (uma dupla masculina) nos Jogos da Organização Desportiva Sul-Americana (ODESUR) e brigará pela feminina em dois eventos (Festival Pan-americano no México e Pan-americano feminino da modalidade em Cáli, na Colômbia).

Patinação Artística

O classificatório para o Pan aconteceu em janeiro, Orlando (EUA), e o Brasil garantiu uma vaga no masculino e uma no feminino. O país é o grande favorito entre os homens. A expectativa é de bronze para as mulheres.

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