Os 20 anos do UFC: a trajetória do maior evento de MMA do mundo

Público lotou o ginásio Mineirinho para a primeira edição do UFC em BH (Foto: Divulgação/ UFC)
Público lotou o ginásio Mineirinho para a primeira edição do UFC em BH (Foto: Divulgação/ UFC)

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Como um sonho. A trajetória do UFC até completar o aniversário de 20 anos pode ser contada de acordo com a luta de seus mandatários para alcançarem seus objetivos dentro do esporte. Se hoje a organização de MMA esbanja poder de crescimento, no passado, ela teve de encarar verdadeiras batalhas até se consolidar como uma potência no esporte.

Realizado em 12 de novembro de 1993, o primeiro show do Ultimate ocorreu sob o ideal de Rorion Gracie, filho mais velho do lendário Hélio, que tinha como intenção provar ao mundo a superioridade do jiu-jitsu desenvolvido pela Família Gracie diante de outras artes marciais em combates sem tempo e categorias de peso. Foi então promovido um confronto entre representantes de diversas artes: Patrick Smith e Kevin Rosier (kickboxing) , Gerard Gordeau (savate), Zane Frazier (karatê), Ken Shamrock (shoot fighting), Teila Tuli (sumô), Art Jimmerson (boxe) e Royce Gracie (jiu-jitsu).

No UFC 1, Royce foi escolhido como o membro do clã que ficaria responsável por entrar no octógono e chocar ao mundo. Com 79kg e de corpo franzino, o lutador precisou apenas da arte suave desenvolvida pela família para finalizar três adversários diferentes na mesma noite e se sagrar o campeão do primeiro torneio. Ele chegou a lutar contra atletas 30kg mais pesados. Royce ainda venceu as edições 2 e 4 do Ultimate da mesma forma.

Com o crescimento acelerado, o evento teve de passar por algumas mudanças para se tornar aceitável aos moldes da televisão. E foi no UFC 5, depois de já ter atingido seu objetivo, comprovando com resultados a superioridade do jiu-jitsu brasileiro, que Rorion Gracie deixou o comando da franquia. Em 1995, foi realizado o primeiro show com imposição de tempo nas lutas, o que desagradou o criador do Ultimate. Dois anos depois, o termo "vale-tudo" foi substituído por Artes Marciais Mistas (ou MMA), uma Comissão Atlética foi contratada e novas regras impostas para modernizar o show e dar continuidade a seu crescimento dentro da televisão.

Em 16 de outubro de 1998, o Ultimate realizou sua primeira edição no Brasil. Na luta principal do show, que aconteceu no Canindé, Ginásio da Portuguesa (SP), Vitor Belfort nocauteou Wanderlei Silva com menos de um minuto. Em 2001, os donos de casinos Frank e Lorenzo Fertitta e o então promotor de boxe Dana White compraramo Ultimate por U$$ 2 milhões e criaram a Zuffa, empresa que passou a ter a patente do UFC.

O pior momento da história do show, segundo o próprio Dana White, foi o UFC 33, que aconteceu em setembro de 2001. Com um card cheio de lutas valendo título, o evento excedeu o tempo limite de transmissão, o que fez com que telespectadores perdessem dois rounds da luta principal, gerando uma confusão onde os mesmos pediram seu dinheiro de volta.

Após a compra da franquia, os atuais donos enfrentaram uma crise que acumulou um prejuízo de U$$ 78,5 milhões em 2004. Porém, sem desistirem do negócio, os mandatários encontraram a solução em 2005, com a realização do primeiro The Ultimate Fighter, reality show que descobre talentos e rende um contrato com o show aos lutadores vencedores. O programa de estreia foi um sucesso e teve sua força consolidada com a final da edição, que contou com a luta épica entre Forrest Griffin e Stephen Bonnar. A transmissão pelo canal parceiro do evento Spike TV bateu recordes e alavancou o futuro do Ultimate.

Desde então, o show não parou de crescer. Em 2007, o UFC comprou seu maior rival: o PRIDE. O movimento gerou discussão e polêmica em relação a uma possível monopolização no esporte. Anos depois, com brasileiros já consagrados atuando no show, o Ultimate teve um ano de 2011 memorável. Em fevereiro daquele ano, Anderson Silva e Vitor Belfort se enfrentaram naquela que foi promovida como "a luta do século". O resultado foi a primeira vez em que o público brasileiro em massa parou diante de uma TV para assistir a uma luta do UFC.

Meses depois, o Ultimate retornou ao Brasil com o UFC 134, que tinha em seu card astros como Anderson Silva, Mauricio Shogun e Rodrigo Minotauro. O sucesso do evento abriu os olhos da TV aberta e, em novembro, a Rede Globo transmitiu sua primeira luta ao vivo quando junior Cigano conquistou o cinturão dos pesados.

Em março de 2012, a primeira edição do TUF Brasil foi ao ar na TV aberta com Wanderlei Silva e Vitor Belfort de técnicos. O ano de 2013 chegará ao fim com três momentos marcantes:  a estreia feminina no octógono, realizada entre Ronda Rousey e Liz Carmouche, no UFC 157, em fevereiro, e mais dois momentos que ainda estão para acontecer: o UFC 167 e 168. O primeiro será o show comemorativo da franquia aos 20 anos completados, onde Georges Saint Pierre defenderá seu título meio-médio contra Johny Hendricks, neste sábado. O segundo, acontece no dia 28 de dezembro, naquela que é promovida pelos dirigentes do UFC como "a maior luta da história, onde Spider fará a revanche contra Chris Weidman para recuperar o título perdido em julho.

Se Rorion alcançou seu sonho em apenas dois anos ao provar a superioridade do jiu-jitsu brasileiro diante de outras artes marciais, Dana White e companhia precisarão de mais tempo para alcançar o objetivo deles: tornar do MMA um esporte global. Mas, uma vez que o show caiu em suas mãos, não parou mais de crescer. Hoje, o UFC é o maior provedor de eventos pay-per-view e é transmitido por televisão aberta, a cabo, e por satélite em mais de 145 países, para quase 800 milhões de lares ao redor do mundo. O sonho de muitos é cada vez mais realidade. 

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