CEO da Wilson afirma como gestão pública impede crescimento do tênis no Brasil

Argentino radicado no país trabalha para diminuição dos impostos de produtos do esporte

Wilson Brasil
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Apostando no mercado brasileiro e no desenvolvimento do esporte local, a Winners Sport, representante das marcas Wilson e Salomon, tem investido na produção local e parcerias com diversas esferas do governo. Prevendo crescimento, a empresa e seus concorrentes lutam para tornar o esporte mais acessível.

Na última quinta-feira a Wilson no Brasil realizou um evento em São Paulo para apresentar vários de seus lançamentos, dentro e fora do tênis, e para isso contou com a presença de ícones do esporte nacional. O Tênis News conversou com o CEO da Winners Sport, representante da marca no América do Sul, Andrés A. Alzugaray, com quem discutiu o potencial do mercado local e sua cadeia de crescimento mesmo em tempos de crise econômica e instabilidade.



De acordo com Alzugaray, o principal problema do Brasil é que o tênis não tem um número ainda maior de praticantes e por consequência mais jogadores em virtude da alta carga tributária que torna sua prática muito cara. Sua afirmação vai de encontro ao que aponta o Diagnóstico Nacional do Esporte (Dine) de 2014 (link: http://esporte. gov.br/diesporte/index.html) apresentado pelo Ministério do Esporte e que diz que 45% da população não pratica esporte em sua maioria por falta de "tempo" e/ou "dinheiro" suficiente.


Alzugaray revelou que tem discutido o tema de tributação dos produtos que vende há um bom tempo, citou conversas com a Secretaria da Fazenda de Minas Gerais, FIESP (Federação de Industrias de São Paulo) e fala de conversa atuais com os Ministérios do Esporte e Fazenda: "Parte do problema que o mercado tem para crescer hoje é a quantidade de tributos que se tem que pagar e fica muito caro para fornecer um produto bom", destaca ele que percebe nos consumidores anseios por produtos melhores e mais duradouros, mas que não os podem comprar.



O argentino, radicado no Brasil há quatro anos, revela que há diferenciação de modalidades por parte do governo brasileiro. Aqui material esportivo de modalidades como futebol, basquete e vôlei não são tributadas, já o tênis: "Você tem 20% de IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) , se você vai olhar o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que alguns estados como São Paulo colocam sobre os produtos como bolinhas e raquetes são mais 25%. Então, acontece que muita gente fale: ‘é um produto de luxo’", pontua o CEO da Winners Sport.




Para ele é necessário ter: "Mudança conceitual. Não fomentar (isentar), mas sim evitar ‘castigar’ o esporte". As consequências de tamanha taxação vão além de uma raquete cara na loja, segundo o argentino: "O mercado fica retraído, porque não aparecem novos jogadores. Fica mais difícil que os mais novos entrem no esporte. Você não consegue que ele cresça", diz e prossegue: "Não é possível o Brasil, com a quantidade de gente que temos, não consiga um volume maior de jogadores. Queremos mais Belluccis".



A cadeia econômica e social da prática esportiva é grande. Independente da modalidade, ela interfere na boa saúde dos praticantes, que trazem menos gastos ao serviços públicos ou particulares da saúde; geram empregos diretos e indiretos - indo do professor em quadra/raia/pista/campo ao operário na manufaturação de equipamentos e uniformes.


O CEO revela que tem trabalhado para que o tênis não seja "discriminado" por ser considerado de "luxo". "Outros esportes podem ser considerados de luxo. Hoje uma chuteira custa mais que um calçado para se jogar tênis. Uma bola de futebol custa mais que um kit de bolinhas de tênis e olha que aqui [Brasil] tem muita gente que faz bola de futebol e um ou dois [bolas de tênis] de tênis", revela ele que ainda diz que mesmo tentando é difícil que industriais consigam manter fábricas de bolinhas de tênis no país, por exemplo.


Sem ter um número exato, Alzugaray aponta que mais de 50% do valor do produto do tênis é impostos. "Tem que somar tudo, tem produto que é importado e tem taxação de 35%, outro entra em outra categoria e fica em 25%, tem o ICMS a 25%, Pis e Cofins a 25%, IPI 20%, vai somando e vê que tem muitos impostos".



Entretanto, ele destaca que não deseja isenção total de impostos, mas que tem lutado por uma taxação igualitária, que ajudaria também outras modalidades. "Isso ajuda para que possamos crescer", diz.



“Já falamos com os concorrentes. Trabalhamos juntos em muitas coisas com o pessoal da Babolat, Head, Yonex e Prince. Eu tenho um modo de ver, pois sou mais da economia [Ele é formado em Administração e Ciências Contábeis e tem MBA em Gestão]. Na FIESP me convidaram para fazer uma associação e trabalhar, somos muitos trabalhando nisso", pontua. "O problema é que o volume de negócios não é tão importante, não fica na cabeça de ninguém e com as mudanças que tivemos de ministros, estrutura da economia, problemas de arrecadação... faz com que toda essa solicitação fique travada", opina.



Apesar de conhecida por seu trabalho histórico com raquetes de tênis, a Wilson não se limita a equipamentos de tênis e de acordo com Alzugaray, produtos como 'luvas' de beisebol sofrem com a alta taxação no Brasil.


O CEO quer ficar longe do discurso de que outros esportes são "protegidos", mas destaca que busca "ajudar para que o preço dos produtos do Brasil não fiquem tão longe dos Estados Unidos", pois assim é que as pessoas poderão comprar e jogar.


"O mote é dar melhor acesso do produto ao consumidor. Nós trabalhamos para que o produto chegue da melhor forma, em alguns não temos margem [de lucro] para que as pessoas os tenha. Uma hora a empresa precisa ganhar algo, mas com esse monte de impostos, é uma loucura", revela ele, que já tem boa parte de seus produtos fabricados no Brasil, como a produção de meias, bonés e bolas de outros esportes que são 100% nacionais.




Sem números consolidados, a Wilson sabe que deve crescer entre 6% e 7% em 2016, mesmo com a crise econômica. Este crescimento se dá pelo número de peças vendidas, já em virtude das mudanças cambiais e o aumento de preços, afirmaAlzugaray, o montante em dinheiro já seria superior aos anos anteriores.




Para 2017, Alzugaray aposta em um crescimento "forte", dentro do mercado do tênis alcançando espaços dos concorrentes em virtude dos lançamentos e melhorias de seus equipamentos.





Entretanto, a grande aposta da marca é o seguimento 'off court' para roupas e tênis para usar fora das quadras, em virtude da qualidade, de acordo com o argentino e também por conceituação: “Muitos dos que jogaram com nossos equipamentos e não podem por qualquer razão estar em quadra, vão estar com nossa linha”.




O CEO aponta ainda o lançamento da linha Amplifeel de tênis para as quadras: "Ele serve para saibro e quadra rápida. Permite cerca de 30% de recuperação ao jogador, o que permite que ele fique mais em quadra. É bom para o atleta profissional, mas também pra quem gosta de jogar. Diminui o desgaste e conseguimos que ele seja acessível", relata.

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