Comitê improvisa para pagar dívida com público que revendeu ingressos

Após atrasar devolução do dinheiro aos torcedores que optaram pela revenda, Rio-2016 apela para solução ‘caseira’ e promete quitar débito com 120 mil compradores em sete dias<br>

Ingressos para as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos (Foto: Reprodução/Twitter)
Ingressos para as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos (Foto: Reprodução/Twitter)

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Um mês e dois dias após a última cerimônia dos Jogos Rio-2016, o Comitê Organizador ainda tem de reembolsar 120 mil torcedores (40%) que revenderam ingressos, mas não tiveram o dinheiro de volta. O pagamento deveria ser feito em até 30 dias após o fim da Paralimpíada. A entidade diz que tudo será quitado em até uma semana.

O prazo estourou na última terça-feira, o que gerou reclamações em todo o Brasil. O grupo de prejudicados é composto por pessoas que efetuaram a compra há mais de um ano ou usaram cartão de débito. O Comitê alegou problemas técnicos para não realizar os depósitos de forma automática e no prazo.

A saída encontrada pelos organizadores foi entrar em contato por e-mail com o público e solicitar o número, o tipo de conta e a agência para depósito. A decisão foi tomada após uma série de tentativas fracassadas de processar o pagamento. Uma delas incluiu um sistema de cobrança de passagens aéreas.

– O principal problema foi técnico. O dinheiro está aqui. A demora aconteceu porque estávamos buscando uma solução técnica com a operadora. Não funcionou. Então, decidimos fazer manualmente. Em poucos dias, todos receberão o dinheiro – disse o Diretor de Comunicação do Rio-2016, Mario Andrada.

O Comitê arrecadou com a venda de ingressos da Olimpíada e da Paralimpíada R$ 1,2 bilhão, mas passa por problemas financeiros devido aos gastos com os Jogos. Da carga de 6,5 milhões de entradas, 95% foram comercializadas. Cerca de 300 mil pessoas optaram por devolvê-las e solicitar o reembolso do valor integral, o que só ocorria quando surgisse novo comprador.

Uma das insatisfações do público era com a falta de informações. Ontem, a entidade voltou a disponibilizar um canal de comunicação no telefone (21) 3004-2016. Ele estava suspenso desde o fim do evento.

– Os Jogos acabaram em setembro. Em um mês, reduzimos o número de pessoas de 5 mil para 300. Demitimos 4.700 funcionários, todos com rescisão e sem reclamações trabalhistas. Também reduzimos de 20 mil para 700 os fornecedores. E ainda pagamos 60% dos clientes que tinham reembolso de ingressos a receber. Ou seja, foram três processos simultâneos. Nossa avaliação é positiva – disse Andrada.

Comitê ainda renegocia dívidas com empresas

Embora descarte haver qualquer relação com o atraso no pagamento dos clientes que revenderam ingressos, o Comitê Rio-2016 ainda enfrenta na Justiça processos de fornecedores que não receberam por serviços prestados. O órgão teve cerca de R$ 15 milhões bloqueados na Justiça.

– Estamos renegociando com todos. Temos de equilibrar o orçamento. Ele tem um limite. Não há como fabricarmos dinheiro. Temos vários recebimentos planejados, de patrocinadores e do COI (Comitê Olímpico Internacional) – afirmou Mario Andrada, que descartou haver atraso nos repasses ainda pendentes.

– Isto está totalmente dentro do prazo. Quando acabam os Jogos, eles deixam parcelas para depois.

No início de outubro, a empresa Sunplus, responsável pela limpeza de instalações dos Jogos, fez um protesto em frente à sede do Comitê pelo não pagamento de serviços. Parte da dívida foi quitada dois dias depois.

Depois, a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira do Rio de Janeiro cobrou da entidade R$ 4 milhões por diárias. O Comitê diz que também tem a receber da instituição e discute novo valor.

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