Clubes são pegos de surpresa com aposentadoria de chefão da Globo

Marcelo Campos Pinto, responsável por negociar contratos, fica só até dezembro

Marcelo Campos Pinto ao lado de Marco Polo del Nero (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)
Marcelo Campos Pinto ao lado de Marco Polo del Nero (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

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Em uma era em que os direitos de televisão são fundamentais para a saúde financeira dos clubes de futebol, uma peça-chave da engrenagem será substituída. Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes, vai se aposentar ao final do ano.

Desde 1994 na Globo, Marcelo será até dezembro deste ano o rosto da emissora junto aos clubes e a CBF. É ele quem negocia os valores das cotas, é consultado sobre tabelas e exerce forte poder de influência sobre o futebol nacional.

Mas ao sair de cena, Campos Pinto pegou os clubes de surpresa. Mesmo tendo comandado na semana passada uma reunião em São Paulo com dirigentes dos 18 que têm contrato a longo prazo com a Globo (encontro esse que terá "parte 2" na terça-feira), os dirigentes não tinham ideia da troca na emissora.

- Não tínhamos essa informação. Eu tenho pouco tempo de relação com ele, mas o Marcelo sempre foi cordial e objetivo. Não tenho nenhuma reclamação - contou o presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira.

A confirmação por parte da Globo da aposentadoria de Marcelo vem em meio a uma pressão dos clubes por uma mudança na divisão das cotas de TV. Como ainda atuará até dezembro, é possível que Campos Pinto ainda tenha tempo para participar ao menos do desfecho dessa situação.

Quem vai herdar a função é Pedro Garcia, atualmente diretor dos canais e produtos de esporte da Globosat. Ele será subordinado ao Comitê de Direitos Esportivos, que entra em atividade na próxima segunda-feira, formado por Carlos Henrique Schroder, Alberto Pecegueiro e Jorge Nóbrega.

- A Globo é uma grande empresa e naturalmente ela vai colocar uma pessoa do nível do Marcelo, boa para se lidar - disse Gilvan Tavares, presidente do Cruzeiro.

Além do pay-per-view, a Globo ainda tem arestas a aparar com clubes e entidades. O bolo da TV aberta também deve entrar em discussão nas reuniões com a cartolagem. Ainda em âmbito nacional, a emissora tenta prorrogar os contratos da Série A que entrarão em vigor no próximo triênio (2016 a 2018) por mais dois anos, estendendo até 2020.

Na Série B, a negociação está em curso e os dirigentes também estão insatisfeitos com o montante recebido - R$ 2,7 milhões líquidos. Quem participa da mesa de discussão diz que o Esporte Interativo é uma alternativa, caso os valores acertados com a Globo não sejam satisfatórios.

Em relação aos Estaduais, a Globo já fechou um pacotão e despejou dinheiro no Paulistão em um contrato até 2021. No entanto, o futuro do Carioca ainda é incerto. O vínculo atual vence em dezembro de 2016. A emissora, que costumava procurar a Ferj com cerca de dois anos de antecedência para o vencimento dos acordos, ainda não o fez, fato que ligou o sinal de alerta.

Ainda resta saber como será o posicionamento da emissora diante da Primeira Liga. Alexandre Kalil, CEO do bloco, diz que a Globo é uma das interessadas, mas não há nada concreto até o momento.

Sem Marcelo, os clubes - ainda absorvendo a informação - acreditam na manutenção da boa relação.

- Nossas questões são contratuais. Não muda nada. O relacionamento não é entre pessoas, mas entre Grêmio e Globo - comentou o gremista Romildo Bolzan.

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