Copa da Alemanha-2006: do sucesso às suspeitas de corrupção

Após ter uma organização impecável do Mundial, competição passa a ser lembrada por acusações de irregularidades e fraudes que não poupam sequer ídolo da seleção

Wolfgang Niersbach (Foto: Fredrik Von Erichsen / DPA / AFP)
Durante escândalo da Federação Alemã, Wolfgang Niersbach renunciou ao cargo de presidente da entidade (Foto: Fredrik Von Erichsen / DPA / AFP)

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Considerado um dos Mundiais mais bem realizados da história, a edição de 2006 entrou na lista de torneios sob suspeita. Neste ano, surgiram denúncias de fraude fiscal e de um "pagamento suspeito" ligado à escolha da Alemanha como país-sede.

O LANCE! traz abaixo uma cronologia do que levou a Copa da Alemanha do sucesso à série de suspeitas de corrupção.

2000 - ESCOLHIDA POR UM VOTO

Em eleição realizada no dia 7 de julho em Zurique, a Alemanha derrota a África do Sul por 12 votos a 11 repete 1974 e é eleita a sede da Copa do Mundo de 2006.A votação é marcada pela abstenção do neozelandês Charles Dempsey, que impede as chances dos sul-africanos, e a determinação de Joseph Blatter de que haverá rodízio de continentes. A África do Sul se torna o país-sede da edição seguinte.

2005 - PREÇO DOS ESTÁDIOS

Segundo apurações da imprensa na época, os alemães têm um gasto 50% maior do que o previsto inicialmente pelo Comitê Organizador Local (COL). Além da reformulação do Estádio Olímpico de Berlim e de outros estádios, a Allianz Arena é criada, totalizando um gasto de 940,6 milhões de euros (à época, R$ 2,8 bilhões).

2006 - BELA CAMPANHA EM CAMPO E APLAUSOS FORA DE CAMPO

Trazendo 12 cidades-sede (que começaram a ficar prontas logo após a escolha dos locais nos quais haveria jogos), a Alemanha consegue promover uma organização impecável. Em campo, a seleção, que entrou desacreditada, também não decepciona. Com nomes como Lahm, Schweinsteiger, Klose e Podolski, os alemães chegam às semifinais mas, após perderem por 2 a 0 para a Itália na semifinal, se contentam com o terceiro lugar, batendo Portugal por 3 a 1.

JULHO DE 2015 - AS PRIMEIRAS INSINUAÇÕES...

Em entrevista ao jornal suíço "SonntagsBlick", Joseph Blatter insinuou que uma pessoa teria saído durante a escolha do país-sede de 2006: "Lembro que no momento da eleição alguém saiu. Assim, ao invés de 10 a 10, ficamos em 10 a 9 a favor da Alemanha. Me alegrei, porque não foi preciso um voto de desempate". Franz Beckenbauer considerou as declarações "incompreensíveis" e atribuiu a eleição ao voto fechado dos europeus.

OUTUBRO DE 2015 - UM ÍDOLO CERCADO DE SUSPEITA

A Promotoria Alemã cogita investigar o ex-jogador Franz Beckenbauer, à época responsável pelo Comitê Organizador, pela suspeita de destinar propina para garantir a Copa de 2006 na Alemanha.  O Kaiser admite que repassou uma quantia à Fifa, mas garante que foi uma "garantia" para que a entidade enviasse uma quantia já disponível para organização, e diz que errou ao fazer a transação.

3 DE NOVEMBRO DE 2015 - DFB SOB INVESTIGAÇÃO

Uma operação policial é realizada na sede da Federação Alemã de Futebol (DFB), visando achar suspeitas de evasão fiscal ligadas ao Mundial de 2006. O presidente da federação, Wolfgang Niersbach (à época, vice-presidente do Comitê Organizador) e o ex-presidente Theo Zwanziger também têm casas revistadas.

9 DE NOVEMBRO DE 2015 - RENÚNCIA DO PRESIDENTE DA DFB

Acusado de participar da suspeita de escândalo do Mundial de 2006, Wolfgang Niersbach renuncia à presidência da Federação Alemã de Futebol (DFB). O ex-dirigente é acusado de negociar com o presidente da Adidas, Robert Louis-Dreyfus, para garantir a Alemanha como sede da Copa.

11 DE NOVEMBRO DE 2005 - LIGAÇÕES PERIGOSAS DO KAISER?

Segundo os jornais "Bild" e "Süddeutsche Zeitung", Beckenbauer tentou subornar a Concacaf a quatro dias da escolha do país-sede do Mundial de 2006. O Kaiser teria assinado um documento para proposta a Jack Warner, à época dirigente da entidade e que, mais tarde, foi banido do futebol pelo escândalo da Fifa. Haveria uma promessa de ingressos, amistosos e uma rede internacional de advogados a Warner, dias antes da Alemanha vencer a África do Sul na eleição para sede da Copa. O acordo, porém, nunca foi concretizado.

No mesmo dia, o ex-jogador e presidente de honra do Bayern de Munique anuncia que deixará o Comitê Executivo da Fifa. Segundo ele, "por motivos pessoais".

12 DE NOVEMBRO - OMISSÃO DE EX-DIRIGENTE?

O diário alemão "Süddeutsche Zeitung" afirma que apontou suspeitas de fraude em escolha de país-sede numa reportagem de 2000, mas Wolfgang Niersbach deixou de lado as acusações.  

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