Mário Bittencourt ao L!: ‘Sou o verdadeiro candidato de oposição’

Cabeça da chapa “O Fluminense me Domina” é o segundo entrevistado da série eleições do Tricolor. Nesta sexta-feira será a vez de Pedro Abad

Mario Bittencourt
(Foto: Divulgação)

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Um Fluminense moderno, organizado nas mais diferentes esferas e como protagonista no cenário nacional e internacional. As linhas acima resumem bem os principais desejos de Mário Bittencourt como postulante à presidência do clube.

O advogado, que encabeça a chapa "O Fluminense me Domina”, pretende reformular a administração do clube em todas as esferas. O sonho de menino foi reforçado pelas rusgas com o antigo aliado: Peter Siemsen, de quem não poupou críticas na entrevista concedida ao L!. Aos 38 anos, 18 de serviços prestados ao Tricolor, garante que é o verdadeiro candidato de oposição no pleito.

– Se for eleito, o Fluminense vai brigar pelos seus interesses de uma maneira firme – afirmou.

Confira abaixo, na íntegra, a entrevista exclusiva de Mário Bittencourt ao LANCE!.

Como o Fluminense entrou na sua vida? E quando houve essa transição da arquibancada para o trabalho dentro da diretoria do clube?
A primeira relação com a instituição é totalmente sentimental. Perto dos 20 anos virei estagiário no departamento jurídico interno do clube e posteriormente atuei em escritórios que prestavam serviços para o Fluminense, até que em 2006 abri o meu próprio escritório que prestou assessoria em diversas áreas. Fui vice-presidente de futebol entre maio de 2014 e fevereiro de 2016, além de ser, ao lado do Ricardo Tenório, gestor do futebol entre 2009 e 2010. Quero ser presidente do Fluminense por ser meu sonho de infância e me acho preparado para o cargo pois estou há 18 anos trabalhando para o clube.


Quais os planos vitais de suas propostas como presidente?
Pretendo implementar na estrutura geral do clube um projeto de governança corporativa, com a criação de um grupo consultivo chamado G7, que terá a participação direta do presidente e do vice geral, de três vices do conselho diretor e dois consultores externos, todo mundo não remunerado. Alguém do mercado corporativo e um gestor de futebol, que será o Carlos Alberto Parreira. Na área do marketing planejamos mudar todo o modelo atual, que na nossa avaliação é ultrapassado. Já no departamento de futebol promover o retorno do gerente de futebol, que ficaria abaixo do diretor executivo, e que esse profissional tenha experiência, preparo e vivência de vestiário para fazer esse meio-campo com a diretoria. Brigar novamente pela hegemonia do Campeonato Carioca, que a gente acha que isso não pode ficar de lado. E fazer o projeto Libertadores, já que aumentou a possibilidade de classificação.


A atual gestão do Fluminense encontrou dificuldades para fechar o patrocinador master. Por que isso?
Acho que em um primeiro momento é uma dificuldade geral do mercado. O Fluminense, na minha visão, ficou muitos anos com uma marca só e isso gerou um sentimento duplo. No primeiro momento algumas empresas no instante da saída da Unimed poderiam ter visto aquele momento como bom para assumir aquele espaço que ficou preso, enquanto outras interpretaram de outra maneira. Atualmente não vejo outro caminho para o clube que não a busca por um patrocinador master, porque é uma das receitas para a montagem de um elenco forte. Até onde a gente sabe está bem encaminhado com a Caixa, que foi uma operação iniciada por mim em 2015. Mesmo ainda não sendo um patrocinador fixo, nosso objetivo e manter ou buscar uma empresa da iniciativa privada.

A transição para a saída da Unimed foi feita da maneira correta?
Fui o vice-presidente de futebol durante essa transição. Foi um período muito difícil. Era o modelo que o Fluminense tinha de salários altos. Vejo que o clube sobreviveu bem, mas evidente que encontrou dificuldades, sobretudo no ano passado. Isso provou a grandeza do Fluminense, que sobreviveu a essa ruptura. Vejo que é preciso estar preparado para um novo momento, porque jamais teremos um patrocinador nos moldes da época da Unimed.

E a saída do Fred?

A saída dele foi muito ruim para o clube. Fui totalmente contra, até porque o Fluminense se planejou para que ele ficasse no clube até o fim da carreira. Foi um erro do ponto de vista técnico e de marketing. A nossa ideia era que o Fred seguisse o seu vínculo com o Fluminense e que virasse uma marca nossa, até por ser o maior jogador do clube nos últimos, sei lá, 30 anos. Jogamos fora uma oportunidade nobre, já que é o jogador que mantém e forma torcedores.

Você falou em retomada da hegemonia de títulos do Carioca. Mas o clube acabou virando um inimigo da Ferj. Você vê desta maneira? Se sim, como pretende agir, caso eleito, neste ponto?

O Fluminense precisa manter uma posição firme, algo que não acontece. O grande equívoco na minha visão é a mudança de posicionamento do clube. Quem muda demais acaba se enfraquecendo. O Fluminense brigou cinco anos e meio com a federação e tem enormes dificuldades nos campeonatos por conta disso. No apagar das luzes da atual gestão, fez um acordo. Posso te garantir que se for eleito o Fluminense vai brigar pelos seus interesses de uma maneira firme.

A união e até mesmo apoio as atitudes da diretoria do Flamengo na briga com a Ferj, seria uma demonstração neste sentido de falta de posicionamento?
Acredito que teve o mesmo problema de falta de firmeza. O fato de você se unir não significa que vai deixar de brigar pelos seus direitos. Vejo que o Fluminense fez esse movimento de maneira fragilizada. E vimos isso na prática com o problema do Fla-Flu. Não vejo a união com outros clubes como algo ruim, mas desde que o Fluminense tenha seus direitos resguardados.

Se a gente continuar com a parceria com o Flamengo na gestão do Maracanã, seria um modelo igual ao do Milan e Inter na Itália. Se chamaria Nelson Rodrigues quando a gente atuasse, e Mário Filho quando fossem eles.

A atual gestão contou com sua participação até o início do ano. Qual sua avaliação dos dois mandatos do Peter Siemsen?
Os três primeiros anos foram bons do ponto de vista financeiro. No futebol, a partir de 2013, começa a ir muito mal. Acho que a segunda gestão não foi tão boa na parte financeira quanto a primeira, especialmente no último ano, até porque ele vai deixar R$ 35 milhões para o próximo presidente pagar. Acho isso bem complicado.

A sua saída no início do ano foi justificada pelo seu objetivo político. O Pedro Abad, que é apoiado pelo Peter, segue como presidente do Conselho Fiscal. Qual o seu sentimento?
A minha saída foi covarde. Ele não me ligou, falou pessoalmente, foi feito por nota, quando estava no avião voltando de Vitória. Não gostei. Mas foi covarde especialmente pelas justificativas. Em três dias a versão foi mudada por três vezes. No primeiro momento era porque estava fazendo política, o que é uma mentira. O candidato do Peter é presidente do Conselho Fiscal e está muito mais envolvido do que eu, sobretudo em fiscalizar as atitudes do mandatário do clube. Depois a justificativa foi que estourei o orçamento, quando ele ainda nem tinha sido votado, e só foi realizado após a minha saída. E por fim quando a segunda versão não colou, falaram que encontraram contratos do futebol que o presidente não conhecia. Uma outra mentira, porque o Peter assina todos os contratos do futebol. O argumento dele me lembrou de um presidente conhecido que nós tivemos no Brasil que não sabia de nada que estava acontecendo. Acho triste que o presidente do Conselho Fiscal siga e como candidato da situação. 

Acredita que o Peter possui o perfil necessário para ser presidente do Fluminense?

Ele é um cara frágil de personalidade para ser presidente do Fluminense.
Como você avalia a condução do processo eleitoral?
Vejo que a atual gestão vendeu uma democratização, mas não é tão democrático como deveria ser. O sócio que mora fora do Rio de Janeiro teria que se deslocar até aqui para votar. Além disso, a gestão atual está tendo condutas pouco transparentes com relação ao processo eleitoral. A utilização da máquina é feita descaradamente. O atual presidente brigou muito contra isso quando foi candidato e hoje faz muito pior. Se nos sentirmos prejudicados, vamos buscar nossos direitos.

Edson Passos está nos planos para utilização, sobretudo enquanto o impasse sobre o Maracanã não for resolvido?
Edson Passos não posso garantir. Preciso ver detalhes do contrato que foi acertado. Com relação ao Maracanã nossa proposta é manter os direitos independente de qualquer coisa e brigar para ter o estádio próprio. Achamos interessante manter os nossos direitos. No momento em que a gente tiver a nossa casa, a gestão do Maracanã terá noção que jogaremos uma quantidade de partidas menor. Essa é a nossa ideia.

Mario Bittencourt
Mário ao lado do vice Ricardo Tenório (Foto: Divulgação)

Acredita que conseguiria viabilizar o projeto do estádio próprio no seu mandato?
Com um bom investimento entre três e quatro anos. E isso com a vinda de recurso externo. O Fluminense não tem condição de bancar. Um detalhe importante, que é um mantra da nossa chapa, é que o assunto entra em pauta apenas com a finalização de obras do CT. Uma coisa de cada vez. Acabou, começa o estádio. Vale destacar que o nosso terreno não tem embaraços legais ou geológicos, como o que a atual gestão possui. Se a gente comprar mesmo, a obra pode iniciar de imediato, desde que tenha o investidor. Seria em torno de 40 mil torcedores a capacidade.

Como analisa a montagem do elenco para o próximo ano? Vai tentar o retorno de ídolos?
Vamos investir na formação, mas na busca de dois ou três ídolos que achamos importantíssimo. Mas no primeiro momento vamos avaliar a situação financeira do clube e do próprio elenco. Mas a nossa ideia de gestão é ter entre dois e três jogadores de renome, até para capitalizar não só na parte técnica, como de imagem do clube. Não quero prometer nenhum nome para a torcida neste momento.


Qual sua avaliação das divisões de cotas de tv? Se for eleito, pretende rever os valores pagos ao Fluminense?
Olha, preciso ver primeiro os contratos. Escutei que eles foram assinados até 2222. Se for isso, vamos buscar uma maneira de rever essa situação, apesar da dificuldade que será. O modelo que acho ideal é o semelhante ao da Liga Inglesa, onde 50% das cotas são divididas igualmente, 25% por performance e outros 25% por tamanho de torcida. Essa é a única solução que podemos encontrar para deixar um cenário mais igual e justo entre os clubes.

Estou sendo bem recebido pelo torcedor nos eventos, nas ruas, com o mesmo carinho de sempre. A nossa candidatura está indo muito bem.

A atual situação da Dryworld te preocupa? Vocês estão trabalhando já com outras empresas para assumir a distribuição de material esportivo do clube?
Estamos sim trabalhando com essa possibilidade (troca de fornecedor). Falamos já com duas grandes empresas de material esportivo. Caso a nossa chapa seja a vencedora da eleição, vamos abrir conversas em dezembro ou janeiro. Até onde sei a Dryworld não está pagando e nessa situação buscaremos a rescisão porque o Fluminense está sendo prejudicado.


Um caminho para angariar receitas em um momento delicado do país poderia ser a exploração de áreas pouco utilizadas pelos clubes brasileiros, como por exemplo o CT do Fluminense?
O centro de treinamento pode ser uma ferramenta importante também neste ponto. Poder usar as propriedades do local, como as placas de publicidade. O Milan, por exemplo, transmite seus treinos justamente para poder ter patrocínios no local. Queremos utilizar então o nosso CT para esse fim.

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