Duelo tático: as estratégias que levaram a França à semifinal da Copa

Rigor defensivo na marcação, boa flutuação ofensiva, eficácia de Griezmann e um frangaço. Tudo deu muito certo para o time de Didier Deschamps em Nijny Novgorod

Uruguai x França
Laxalt se virar para conseguir fazer a marcação de MBappé (Dimitar DILKOFF / AFP)

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Com um futebol consistente do início ao fim e sem mudar o seu esquema tático (apenas inversões de posição de suas peças, principalmente as ofensivas),  a França venceu o Uruguai  nesta sexta-feira e está na semifinal da Copa do Mundo da Rússia. Com o 2 a 0 conquistado no Nijny Novgorod Stadium, o time de Deschamps finalmente venceu a Celeste numa Copa do Mundo (derrota em 1966, empates em 2002 e 2010) e mantém a escrita de derrubadora de sul-americanos: Peru (fase de grupos), Argentina (oitavas) e agora o Uruguai.

Veja abaixo quais os moles que levaram o time uruguaio a dar adeus ao Mundial e quais as estratégias que os franceses usaram para vencer o jogo, com seu futebol de posse de bola e alta técnica, bem como diz a música que virou a oficial para levantar a torcida francesa no estádio:
“Sinta a magia no ar, pois Todos juntos fazemos o show...Alez Allez Allez”.

Como as seleções começaram

Quando o Uruguai divulgou a sua escalação com Cavani na lista, ocorreu um frisson. Mas seu nome estava com a marcação de vetado até para o banco e Stuani era confirmado como titular, com a celeste mantida no 4-4-2. Na França, nenhuma surpresa em seu 4-2-3-1, com Tolisso no meio, já que Matuidi estava suspenso e a entrada de um jogador com as características de Démbelé era um risco que Deschamps não queria correr.


Como a França iniciou a marcação a Suárez

Não houve marcação direta da França ao principal jogador uruguaio, e, sim, da primeira linha de defesa. Grudava em Suárez quem estivesse por perto, normalmente Varane, que cometeu um erro de domínio e ocasionou um perigoso ataque uruguaio. Com o tempo, Suárez passou a cair mais pela direita, caindo do lado do companheiro de Barcelona Umtiti (dar mais espaço para Stuani) ou mesmo em cima de Hernández, que não estava se achando no primeiro tempo.

O efeito Stuani, negativo para o Uruguai

Cavani fez muito mais falta do que se imaginava para o Uruguai. Seu substituto, Stuani, provavelmente sentindo o peso jogo, fez uma partida ineficaz. No ataque, não fez o trabalho de ponta do titular, municiando Suárez.  E não se saiu bem mesmo quando o goleador do Barcelona saiu da área para deixar o seu companheiro trabalhando no setor que se sente mais à vontade na cara do gol. Para completar, o camisa 11 teve dificuldade de fazer a tradicional primeira marcação, na saída de bola da França. Por isso, várias vezes era o meia Bentancur quem fazia essa função.  Para completar, o gol de Varane teve participação de Stuani. No levantamento de Griezmann, Stuani não se antecipou e Varane colocou na rede. Acabou corretamente substituído no início do segundo tempo (infelizmente para a Celeste,  Max Gómez não conseguiu muita coisa).

O efeito Kanté

Kanté mais uma vez foi impecável tanto na marcação quanto no apoio. Foi muito mais efetivo do que Pogba, que alternava boas e más jogadas. O volante baixinho (1,67m) era tão eficaz que a França se dava ao luxo de manter o 4-2-3-1 na marcação, sem precisar engarrafar o meio de campo.

Como o Uruguai  marcou MBappé

O lateral-esquerdo Laxalt ficou no primeiro combate, já que MBappé caia pelo seu setor. Mas a marcação não era individual. Laxalt mantinha-se fixo na primeira linha defensiva de 4, recebendo auxilio de Torreira ou Vecino, que vinham da segunda linha para fechar o setor.

Como MBappé tentou achar espaços

Com algum problema para evoluir pelo flanco, o garoto-sensação alternava infiltrações pela direita e pelo centro, passando a trabalhar mais como assistente e tentando aparecer como um elemento-surpresa. Quase conseguiu o gol quando recebeu de Giroud e cabeceou muito mal, livre, por cima, aos 15 minutos. Depois dos 25 minutos, tratou de alterar a posição com Griezmann e chegar mais próximo de Giroud, ou aproveitar lançamentos para que ele explorasse a sua velocidade. Num lance (o único que levou a melhor sobre Laxalt), Mbappé ganhou na corrida e cruzou. Mas Giroud, mais lento, não chegou a tempo.  Na etapa final, nada mudou. Mbappé  não se criou com Laxalt  pela direita e conseguiu alguma coisa pelo meio. A citar também que  simulação de falta sua quase gerou confusão generalizada e valeu cartão amarelo para o garoto.

A pá de cal

Com a Celeste precisando de gol, Tabárez tirou o inoperante Stuani e pôs o Max Gomes González e sacou Bentancur (que tinha amarelo e já estava suspenso numa eventual classificação uruguaia às semis) e foi de Cebolla, o que deu mais força ofensiva para a Celeste, que se lançou. Mas aí veio o golpe fatal num vacilo triplo. O Uruguai perdeu a bola no meio, levou um contra-ataque gerenciado por Pogba (em sua melhor jogada na partida) e a bola parou em Griezmann que chutou para o frango de Muslera. Um lance fortuito começava a matar o sonho uruguaio de ir às semifinais.

O efeito Griezmann

Com Giroud perdido e sem chance contra o miolo da defesa uruguaia e MBappé não conseguindo muita coisa. Coube a Griezmann fazer a diferença. Nos primeiros 15 minutos, ele buscou jogar mais centralizado, Mas começou a perceber que teria mais liberdade se buscasse os flancos, o que foi decisivo. No primeiro tempo, ciscou pela direita, marcado por Torreira. Por aquele lado, cobrou a falta na cabela de Varane, 1 a 0. Na etapa final, foi visto um pouco mais pela esquerda. E dali recebeu a bola que chutou sem muita confiança que entrou no frango de Muslera.


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