Técnico do Taiti: 'Espero que ninguém fique pedindo autógrafo em campo'

- Matéria
- Mais Notícias
Palco: o novo Maracanã. De um lado, a Espanha. Bicampeã da Eurocopa e última vencedora da Copa do Mundo. Um time com valor estimado em aproximadamente R$ 1,6 bilhão, que conta com craques como Iker Casillas, Xavi e Iniesta. Do outro, a seleção do...Taiti. Esse será o cenário no dia 20 de junho de 2013 para a equipe que representa a pequena ilha da Polinésia Francesa, graças ao sorteio da próxima Copa das Conferações.
O sonho do técnico do Taiti, Eddy Etaeta, era ter a oportunidade de enfrentar a Fúria, maior referência em termos de qualidade para seleções atualmente. Já o dos jogadores era encarar o Brasil, pentacampeão mundial, e com estádio lotado. Deu a primeira opção. O problema agora é adivinhar como o time composto basicamente por amadores irá reagir no encontro com grandes nomes do futebol mundial.
– Não posso deixar de ficar ansioso. É um sonho também porque nós vemos grandes craques só pela televisão, e agora vamos enfrentá-los. Espero que meus jogadores não fiquem tirando fotos durante o jogo, ou peçam autógrafos no gramado – brincou Eddy Etaeta, em entrevista ao L!Net.
A distância técnica entre o Taiti e as outras seleções já garantidas na Copa das Confederações é tão grande quanto os cerca de 10.300km que separam a ilha do Sul do Oceano Pacífico do Brasil. Representante de um território ainda pertencente a França, com cerca de 178 mil habitantes (segundo censo de 2007), a seleção do Taiti ocupa o 139º lugar no ranking da Fifa. O esporte principal da região é a Va'a, espécie de caonagem. Fundada em 1938, a federação do Taiti só se afiliou à entidade máxima do futebol em 1990. O campeonato local é de baixo nível e os estádios são pouco frequentados. Os desafios são muitos. O que vier em 2013, é lucro.
- A principal dificuldade é o nosso isolamento no Pacífico. Nós ficamos longe dos grandes países do futebol e não temos a chance de disputar com frequência partidas internacionais. Nosso campeonato é totalmente amador, com só 11 equipes na Primeira Divisão e dez na Segunda. É difícil melhorar o nível do nosso jogo e os estádios não ficam cheios - comentou o treinador.

Para se ter ideia: apenas um jogador da seleção do Taiti é profissional – justamente o único que atua no exterior. O atacante Marama Vahirua defende o Panathinaikos (GRE), mas já passou por vários clubes da França. Inclusive, jogou pelos Les Bleus nas categorias de base. O outro seria Steevy Chong Hue, autor do gol do título da Copa das Nações da Oceania, neste ano. Ele chegou a jogar em uma das duas ligas da Terceira Divisão da Béglica, mas hoje não é mais atleta. Diante de tal cenário, os repersentantes da maior ilha da Polinésia Francesa só têm uma meta: não fazer feio na Copa das Confederações. Ou melhor, duas: marcar um gol. Isso sempre é possível.
– Nós não podemos sonhar em derrotar o Brasil, muito menos em vencer a competição. Mas vamos tentar limitar o fracasso para não sermos ridicularizados. E fazer um gol! Isso sempre é possível!
Mas o Taiti tem procurado diminuir a distância oceânica em relação aos grandes centros do futebol. As prioridades são a formação e exportação de jovens talentos. Os compromissos internacionais funcionam como vitrine, para gerar o interesse de clubes profissionais. E resultados do trabalho já apareceram. Em 2009, o Taiti se classificou para a Copa do Mundo Sub-20. Neste ano, teve a conquista continental. E em 2013, além de sediar o Mundial de futebol de areia, a seleção virá ao Brasil para enfrentar grandes craques e seleções. Dá para imaginar como será?
- Quero que se contemple ao máximo o que vai nos acontecer,eu quero que os meus atletas se sintam orgulhosos de enfrentar os melhores jogadores - afirmou Eddy Etaeta, técnico do Taiti.
Uma conquista histórica

A oportunidade de disputar a próxima Copa das Confederações não caiu no colo do Taiti. Foi necessário um feito histórico. Pela primeira vez desde 1973, uma seleção sem ser a Austrália ou a Nova Zelândia conquistou o título da Copa das Nações OFC (Oceania).
O Taiti se sagrou campeão neste ano com 100% de aproveitamento, em cinco jogos, na edição nas Ilhas Salomão. Houve até goleada na estreia, por 10 a 1, sobre Samoa.
– Nosso objetivo era ficar entre os quatro primeiros, mas durante os jogos, fui me dando conta de que a equipe estava muito sólida e que poderíamos chegar até o final, isto é, vencer – contou.
Após o título inédito, a seleção pôde celebrar o fruto de um trabalho de 12 anos e a chance de disputar uma fase mais avançada das Eliminatórias para a Copa do Mundo, junto de seu povo:
– Fomos recebidos como heróis, muitos torcedores estavam lá, e nossas famílias também – disse.
Chance zero de jogar em 2014
Apesar da recente euforia, a seleção do Taiti não tem mais chances de disputar a próxima Copa do Mundo, em 2014. O Taiti se classificou para a terceira fase das Eliminatórias da Oceania, mas perdeu os quatro jogos até agora. Como são quatro seleções nessa etapa, só avança o primeiro colocado, e a líder Nova Zelândia já tem 12 pontos, não há mais possibilidades. O líder ain da tem uma repescagem contra um representante da Concacaf (América do Norte).
- Matéria
- Mais Notícias















