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Senhoras dos anéis: mulheres poderosas organizam as Olimpíadas

Dia 27/10/2015
22:27

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Os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Atenas 2004 registraram a ascensão de uma mulher a um dos postos mais altos da competição, com a ida da grega Gianna Angelopoulos para o cargo de presidente do Comitê Organizador. Agora, na Rio 2016, outra foi alçada ao papel de protagonista: Maria Silva Bastos Marques, presidente da Empresa Olímpica Municipal (EOM).

As semelhanças entre Gianna e Maria Silvia, que já foram incluídas em listas de mulheres mais poderosas e melhores gestoras do mundo, são proporcionais às diferenças.
Gianna comandou o Comitê Atenas 2004 na base da chibata, o que a fez ganhar apelidos capazes de estremecer qualquer subordinado: Dama de Ferro e Füherina (em alusão à palavra líder em alemão). Mas aqueles que sequer ousavam pronunciar o seu nome, a chamavam de Ms. A.

Já Maria Silvia angariou os codinomes: a Dama de Aço e a Mulher de Um Bilhão de Dólares. O primeiro por ter comandado a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e, o segundo, por ao ser secretária municipal da Fazenda do Rio, ter arregimentado a quantia para os cofres públicos. Mas foi a paixão pelo desafio e a vontade de melhorar as condições de vida de seus compatriotas o elo maior entre as duas executivas.

– Vi emergir uma nova confiança e talento em nossa maneira de lidar com o mundo. Transformou a maneira como o mundo nos vê, e a forma como nós vemos uns aos outros. Os gregos de todas as origens se reuniram em busca de um objetivo único – considerou Gianna, durante palestra na Harvard's Kennedy School of Government, em 2005, nos EUA.

De personalidade controversa, Gianna espanta seus críticos por, ao mesmo tempo que cultiva um lado perua, ser capaz de, ao lado do bilionário marido grego, apoiar filantropicamente um instituto de pesquisa em Harvard e virar tema de estudos.

À frente da EOM, Maria Silvia terá o desafio garantir que as obras olímpicas sob responsabilidade da prefeitura andem e terminem no prazo determinado. Lidará com orçamentos acima de R$ 20 bilhões, um desafio encarado sem medo.

– Não tinha prática de empresa (antes de ir para a CSN). Na verdade, também não tinha prática de impostos quando fui para a Secretaria de Fazenda. Em todas as coisas que eu me meti, não tinha prática anterior. Fui estudando e aprendendo. Acho que foi mais a capacidade executiva, que é uma coisa que realmente gosto de fazer – contou Maria Silvia, em entrevista ao CPDOC/FGV e Fundação CSN, em 1999.

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O OBJETIVO ERA SER PROFESSORA

A luta de Maria Silvia Bastos Marques para convencer os pais a deixá-la sair de Bom Jesus de Itabapoana, no interior do estado, tinha um único objetivo: estudar na Fundação Getúlio Vargas e se tornar professora e pesquisadora. Mas o mesmo ímpeto que a trouxe para o Rio, com a meta de se formar em uma cidade que não considerasse uma fosse filial do interior, como Campos, a levou a ser uma das mulheres mais poderosas e influentes do mundo.

Entre tantas deferências e homenagens, a que lhe dá o maior orgulho é o título de cidadã carioca, concedido pelo então vereador Eduardo Paes. Relíquia que faz questão de pendurar em sua sala de trabalho.

E apesar das várias decisões que precisa tomar ao longo do dia, Maria Silvia não descuida da família. Um exemplo recente, foi durante sua posse na Empresa Pública Municipal, no dia 5 de agosto. Enquanto recebia os cumprimentos pelo novo cargo, monitorava, pelo telefone , a filha, de 14 anos, que estava no Leblon com uma amiga, em meio a um apagão de energia elétrica que assolou parte da Zona Sul.

PERUA ASSUMIDA E COM ORGULHO

Cabelos sempre penteados, maquiagem perfeita, vestidos de estilistas famosos, joias e exuberância, se Gianna Angelopoulos Daskalaki não estiver assim em qualquer reunião, podem ter certeza, o encontro não ocorrerá. A grega responsável pelo Comitê de Atenas 2004 não sai de casa, por exemplo, sem estar acompanhada por seu staff da beleza: cabeleireiro, maquiador e manicure.

Excluída do comitê organizador, após a eleição grega para a sede dos Jogos, em 1997, Gianna não pensou duas vezes: pegou a família e foi morar em Londres. De lá, só saiu quando os mesmos que a preteriram foram de joelhos implorar por seu retorno, em 2000, para livrar o país de um vexame por causa do atraso na preparação.

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