Precoce aos 16, Malcom deixa vida comum para brilhar no Timãozinho

Malcom - Corinthians x Paraná - Copa São Paulo (Foto: Denny Cesare/Futura Press)
Malcom - Corinthians x Paraná - Copa São Paulo (Foto: Denny Cesare/Futura Press)

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O time do segundo ano do Colégio Amorim vai perder uma importante peça no próximo torneio interclasses. Sem se cansar de dar entrevista porque é ”mó da hora”, o atacante Malcom subiu o nível. Aos 16 anos de idade, ele é finalista da Copa São Paulo de Juniores como titular do Corinthians, o time mais vencedor do torneio.

Malcom é exceção em um torneio que permite jogadores de até 20 anos. Quando chegou ao Corinthians, há três meses, o técnico Osmar Loss acompanhou a categoria sub-17 marcar 91 gols em 28 partidas e vencer o Paulistão. Observador, o gaúcho puxou, além de Malcom, o lateral-esquerdo Guilherme Arana, outro que é titular do time e esperança para o futuro.

– Eu achava que não ia conseguir jogar no sub-20 por causa da força, da pegada. Mas o Loss disse que era para eu fazer igual eu fazia no sub-17. Até agora está dando certo – diz, tímido, o promissor camisa 30 da base corintiana.

Adolescente comum, Malcom tem atualmente, como uma das maiores preocupações, seu perfil no Facebook. Nos últimos dias, ele recebeu milhares de solicitações de amizade na rede social, e sabe que a bajulação pode ser perigosa.

– Minha mãe já falou para eu criar uma página para os fãs. Porque a torcida, ao mesmo tempo em que te coloca lá em cima, pode te jogar para baixo – afirmou o jogador de 16 anos, que vive só com a mãe e o irmão Samuel, um ano mais novo e “bom jogador, mas preguiçoso”.

A separação dos pais e a distância da figura paterna é uma mágoa que Malcom não esconde.

– Se eu ficar um dia muito famoso vou ajudar ele, sim. É meu pai.

O mês de janeiro de 2013 mudou a vida de Malcom, então um jovem sem muitas responsabilidades, mas que agora é aposta da torcida oito vezes campeã da Copinha em sua 16ª decisão do torneio. Azar da namorada, que vê “chover mulher”, e do diretor do seu colégio.

– Vou falar para ele que não dá mais para ir no interclasses, né?

CONFIRA NA ÍNTEGRA A ENTREVISTA DE MALCOM APÓS O TREINO DE ONTEM, NO PARQUE SÃO JORGE:

Você já está cansado de dar entrevistas?
Não dá para cansar. É mó da hora. Eu gosto. Tenho vergonha, mas aos poucos vou perdendo isso aí.

Como é o reconhecimento da torcida?
A torcida é maravilhosa. Muitos me adicionaram no Facebook, estão falando, me dando apoio, falando que eu jogo muito, desejando boa sorte. Eu me sinto muito feliz por causa disso. É um reconhecimento muito grande.

Alguém te alerta contra a bajulação?
Minha mãe falou para eu fazer uma página oficial para mim no Facebook. Fica meu perfil para eu conversar com a minha família e a página para os torcedores. Porque a torcida ao mesmo tempo em que te coloca lá em cima, te coloca lá embaixo também. Futebol é assim. Uma hora você está bem e outra lá embaixo com o pessoal te jogando mais para baixo ainda.

Como é sua relação com os colegas de escola?
Tem muitos campeonatos internos e lá tem um pessoal que joga no futsal do Corinthians. Aí para eles é normal, eles falam parabéns e me ajudam, porque eu não jogo muito bem futsal. Mas sempre ajudo o time da escola no interclasses. Eles estão acostumandos comigo jogando sem aparecer, mas não estão acostumados a me ver na televisão. Quando voltar para a escola eles com certeza vão falar, porque graças a Deus a Copa São Paulo mudou minha vida.

Vai continuar jogando o interclasses?
A partir de hoje acho que não dá para jogar mais. Vou ficar muito cansado e falar para o diretor e para o técnico que não dá mais.

E o assédio das mulheres, aumentou? Está chovendo mulher?
Algumas... mas eu namoro. Para quem não sabe eu namoro há um ano e oito meses. Tenho 16, ela tem a mesma idade. Minha namorada está muito ciumenta, vish... Posso mandar um beijo? Melhor, queria mandar um beijo para minha mãe. E dizer que ela é minha rainha.

Você sabe qual a inspiração do seu nome?
Sei sim. Era um líder negro norte-americano que lutava pelos negros terem liberdade, esses negócios aí. Tô ensaiadinho, falei um monte de vezes. Meu pai gostou muito da história do Malcolm X e me deu o nome.

Como é sua relação com a família?
Moro com a minha mãe, mas ela é separada do meu pai. Não tenho muito contato com ele, mas se um dia, caso acontecer de eu ficar muito famoso, vou ajudar sim ele. Tenho mágoa, mas vou ajudar porque ele é meu pai, ele que me colocou no mundo. Tenho um irmão, o Samuel, de 15 anos. Ele joga bola, mas é preguiçoso. Ele veio no Corinthians, fez um teste, passou, mas não quis vir treinar. Se está chovendo ele não quer treinar, é assim. O legal é que vai todo mundo para o jogo, a família inteira. Vão ao todo 35 pessoas. Minha família e a do Guilherme Arana.

Como é encarar um torneio sub-20 tendo 16 anos?
Eu achava que não ia conseguir jogar por causa de força, de pegada, porque sub-17 é bem diferente de sub-20. O Loss veio falar que é para eu ter tranquilidade, para fazer como se estivesse jogando no sub-17. Por isso estou conseguindo render bem. O Osmar me subiu junto com o Arana porque viu qualidade na gente.

O que espera do clássico na decisão da Copa São Paulo?
É clássico, né, mano? Clássico é definido por detalhes. Se tem uma chance tem que fazer. Se Deus quiser vamos ser decisivos e vencer.

Dizem que a categoria sub-17 é esperança do clube. Já te falaram sobre isso?
Ninguém fala muito disso, mas falam que a pressão e a cobrança são as mesmas no sub-17 e no sub-20. Estou jogando com o Léo, que já jogou no profissional, com o Lucão e o Ayrton, que já foram no banco. É uma emoção muito grande, eu via eles pela televisão. Dando meu melhor o Mano vai olhar com bons olhos e me subir.

Quem é seu ídolo no futebol?
O Neymar. Eu acompanhei ele novo na Copa São Paulo... mas o Neymar do Barcelona, né? Não o do Santos. Aqui do Corinthians meu ídolo é o Emerson Sheik.

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