Polêmicas se sobressaem no legado de Teixeira na CBF

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Em seu longo período no comando da CBF, Ricardo Teixeira acumulou pontos positivos e negativos. Os pontos ruins se sobressaem no mandato.
No campo das vitórias, Teixeira levou o Brasil a conquistar duas Copas do Mundo – em 1994 nos Estados Unidos e em 2002 no Japão e na Coreia do Sul – e trouxe, em 2007, a Copa de volta ao país, dessa vez em 2014. Também instaurou o sistema por pontos corridos no Campeonato Brasileiro, criou a Copa do Brasil, reconheu títulos brasileiros e trouxe mais credibilidade ao decretar o fim das viradas de mesa. Esta última tardiamente.
Mas Teixeira errou mais do que acertou. Décimo oitavo presidente da CBF, burlou a lei para se reeleger, antecipando o pleito e, anos mais tarde, estendeu o mandato de presidente para sete anos. Mudanças no estatuto da entidade foram constantes em sua gestão.
Raí propõe mudanças na CBF
Ao longo dos 23 anos no cargo, Teixeira brigou e reatou relações com diversas personalidades do esporte brasileiro, com destaque para o ex-presidente da Fifa João Havelange, Pelé, Zico e Ronaldo.
Sua gestão foi marcada por três episódios de virada de mesa e dois escândalos na arbitragem. Foi alvo de duas CPIs – a do Futebol e a da Nike – e escapou de uma terceira sobre a organização da Copa de 2014.
Teixeira nada fez para evitar o êxodo de jogadores para o exterior, não ajudou os clubes grandes, estes cada vez mais endividados. Clubes pequenos sobrevivem à duras penas e o futebol feminino não recebe a atenção merecida. Por outro lado, a CBF aumentou o número de patrocinadores e se tornou uma entidade cada vez mais rica.
Apesar de ter prometido, Teixeira não fez a adequação do calendário brasileiro ao internacional. Também não trabalhou pela melhoria da arbitragem e não agiu para tornar os estádios brasileiros arenas dignas para a torcida.
Também não deu a devida atenção ao combate da violência entre torcidas organizadas. A proibição da venda de bebidas alcoolicas nos estádios como desculpa para acabar com a violência provou-se ineficaz, e somente prejudicou clubes.
LADO POSITIVO DA ERA TEIXEIRA
Títulos da Copa do Mundo
A Seleção voltou a ser campeã mundial em 1994, nos EUA. O feito se repetiria no Japão e Coreia do Sul, em 2002. O Brasil é o único pentacampeão do mundo.
Copa no Brasil
Em 2007, o Brasil ganhou a sede da Copa do Mundo de 2014. A competição mais importante do futebol mundial volta ao país após 64 anos.
Pontos corridos
Suportou a oposição da Globo, dona dos direitos de transmissão do Brasileiro, e, com apoio do Clube dos 13, instaurou os pontos corridos na Série A e, depois, na Série B.
Copa do Brasil
Criada em 1989, a competição deu oportunidade a diversos clubes em todo o Brasil. A partir de 2001, passou a dar vaga ao campeão na Libertadores.
Copa América
Foram dez edições durante a gestão de Teixeira. O Brasil conquistou cinco títulos, os dois últimos sem os principais jogadores e em decisões contra a rival Argentina.
Credibilidade
Depois de três viradas de mesa em sua gestão, Teixeira acabou com isso. Clube grande que hoje é rebaixado tem de obter a vaga na Série A dentro de campo.
Títulos brasileiros
Teixeira reconheceu como títulos brasileiros as conquistas anteriores à 1971, data da primeira edição do Campeonato Brasileiro.
LADO NEGATIVO DA ERA TEIXEIRA
Estatutos
Alterou por diversas vezes o estatuto da CBF para se beneficiar. Aproveitou a Copa de 2014 para tentar ficar até 2015. Não atuou pelo cumprimento do Estatuto do Torcedor.
Violência
Nada foi feito para dar segurança aos torcedores. A violência entre torcidas organizadas afasta o torcedor dos estádios e aumenta o risco de tragédias.
Bebidas alcoolicas
Venda proibida nos estádios em jogos organizados pela CBF. Clubes prejudicados e solução ineficaz para acabar com a violência nos estádios brasileiros.
Calendário
Prometeu adequar o brasileiro ao internacional, o que poderia gerar dinheiro para os clubes, com excursões e pré-temporadas. Ficou na promessa.
Futebol feminino
Só é lembrado em época de Jogos Olímpicos. Campeonatos fracos, sem nenhum investimento em atletas e sua formação em categorias de base.
Escândalos de arbitragem
Em 1997, o diretor de árbitros da CBF, Ivens Mendes, foi acusado de favorecer times. Em 2005, o juiz Edilson Pereira de Carvalho integrou esquema em site de apostas.
Viradas de mesa
Permitiu que o Grêmio, em 1993, e o Fluminense, em 1996, jogasse a Série A. Em 1999, o Tricolor venceu a Série C e foi direto para a Série A (Copa João Havelange).
Pirataria
Passivo diante da venda de produtos falsificados, que afetam ainda mais os cofres dos clubes, todos com uma grande quantidade de dívidas.
Parentes e amigos
Favorecidos em nomeações. A filha. Joana Havelange, está no Comitê Organizador da Copa de 2014. O tio, Marco Antônio Teixeira, foi secretário geral da CBF.
Publicidade
Contratos de patrocínio da entidade ficaram defasados e alguns deles acabaram se tornando alvo de disputas judiciais e investigações em Brasília.
Jogadores fora do Brasil
Teixeira nada fez para evitar o êxodo de jogadores para o exterior, fato que enfraquece as equipes brasileiras bem como o nível do Campeonato Brasileiro.
Clubes
Usou seu poder político e econômico em favor próprio e da Seleção. Clubes grandes seguem cada vez mais endividados e os pequenos sobrevivem à duras penas.
Doações a políticos
Nas eleições de 1998 e 2002, doou mais de R$ 1,6 milhão para a campanha dos integrantes da chamada "Bancada da Bola", que tantou o ajudou diversas vezes.
Estádios precários
Precisou da confirmação da Copa do Mundo no Brasil para dedicar atenção e dar início à melhora dos palcos do futebol por todo o país.
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