Osorio é apresentado e traça objetivo: fazer o São Paulo ter coração

Juan Carlos Osorio, de 53 anos, tem repetido diversas vezes que encontrará no São Paulo o maior desafio de sua carreira. Desafio que começou na manhã desta segunda-feira, quando o colombiano entoru no CT da Barra Funda pela primeira vez e, diante de uma sala de imprensa lotada, já avisou qual seu principal objetivo à frente do Tricolor - o maior clube do Brasil, segundo "El Lorde".

- Ter coração se traduz no campo em cada bola dividida, com honestidade e virilidade. É se esforçar pelo companheiro. Se alguém erra, você corrige e depois briga. Primeiro o apoio, o compromisso, dar tudo para ganhar. Fazer ter coração tem várias formas, mas para mim o principal é a intensidade do treinamento. Não tem futebol fácil. Gosto de treinos com exigência máxima. Gosto de 100% em campo, comprometimento mútuo - avisou.

Ao lado do presidente Carlos Miguel Aidar, Osorio chegou ao auditorio do CT e se deparou com o vídeo de sua despedida do Atlético Nacional (COL). Com um largo sorriso no rosto, relembrou a campanha vitoriosa de três anos e seis títulos no clube de Medellín e contou como não pensou duas vezes antes de dizer sim ao São Paulo, mesmo diante do interesse - e dos dólares - do Cruz Azul (MEX).

- Na despedida, a sensação era de felicidade pelo reconhecimento por tudo o que fiz ao promover jogadores da base, vender muitos atletas, melhorar o centro de treinamento e deixar um campo novo. Foi difícil deixar tudo isso. Da parte familiar, meus pais são de idade. Meu pai tem uma saúda delicada, então foi muito difícil sair. Esse reconhecimento da torcida me deixará agradecido para toda a vida. É o maior desafio de minha carreira. Quando comparei o São Paulo com outro clube, nem pela parte econômica, mas pela grandeza, consultei minha família e a decisão foi um sonoro sim. E aqui estamos. Vou fazer até o impossível para que o desafio tenha êxito - prometeu.

Educado, Osorio fez questão de falar devagar para que seu espanhol pudesse ser entendido por todos e ainda se desculpou por não ter aprendido mais do português. O colombiano confirmou que trará dois auxiliares de treino com quem trabalhou no Atlético Nacional (COL), elogiou o trabalho de Milton Cruz e avisou que o coordenador técnico é quem estará à frente do São Paulo no clássico contra o Santos, às 21h de quarta-feira, no Morumbi.

- Respeito muito a carreira de Milton Cruz. Vai seguir sendo nome muito importante para o clube, sobretudo nesta transição, nesse período de adaptação. Como homem de futebol e do clube, ele terá opiniões muito valiosas. Estamos em processo de conseguir o visto de trabalho. Milton estará encarregado de comandar o time contra o Santos e terá tudo o que penso sobre o jogo. Há uma grande possibilidade de estrear no sábado contra o Grêmio. Estamos fazendo tudo o que podemos para acelerar - afirmou.

Confira trechos da entrevista:

GRATIDÃO
"Estou muito feliz e muito orgulhoso de chegar ao São Paulo e ao futebol brasileiro. Penso que sempre senti que o futebol daqui é o melhor do mundo e o São Paulo, sendo o maior, é uma oportunidade única e especial para mim e minha família. É um sentimento de felicidade, de responsabilidade e gratidão pelo presidente, pelo clube e pelo futebol brasileiro, além de toda a torcida. Darei tudo que está a meu alcance para contribuir com a história deste clube".

DESAFIOS
"O primeiro desafio é o idioma. Tenho admiração pelo futebol brasileiro. Sigo de perto o Campeonato Brasileiro e quero disciplina, respeito, tudo o que me fez trabalhar no Manchester City, nos Estados Unidos, no México e na Colômbia. Jogador, acima de tudo, é ser humano, não importa se colombiano, brasileiro, africano... Todos querem respeito, reconhecimento e exigência. Tem que cobrar, mas valorizar o que faz um grupo de trabalho".

NEGOCIAÇÕES
"Durante os três anos de Nacional, tive muitas ofertas de seleção, mas não quis, porque queria a seleção do meu país. Declinei muitas propostas do futebol mexicano, porque não era isso o que queria. Quando Aidar e Ataíde (Gil Guerreiro, vice-presidente de futebol) me procuraram, me surpreendi. Não pela minha capacidade, que confio muito, mas um clube brasileiro procurar um colombiano era demais... Ainda mais o São Paulo, o maior... Era impossível dizer não".

CONHECIMENTO SOBRE O FUTEBOL BRASILEIRO
"A medida que passar o torneio, me acostumarei mais. Vi o jogo do Santos e depois verei o do Grêmio, para ir me familiarizando. Os meios de comunicação nos dão a oportunidade de ver muitos jogos. Vou me familiarizar com os jogadores no dia a dia, baseado no jogo. Conheço muito do mister Muricy Ramalho, a quem admiro profundamente. Um homem de futebol, que conheci em alguns confrontos. Aqui temos muitos jogadores ex-profissionais que conheço, mas obviamente que os mais conhecidos são os que estavam na Seleção".

7 A 1 FOI POUCO?
"Recordo que, transmitindo o jogo na Colômbia, foi que entendi que o futebol, em qualquer momento, o emocional é mais importante. Alemanha tinha tudo, enquanto o Brasil se preocupou com outras coisas. Seria injusto falar dos técnicos daqui, porque não os conheço. Mas não creio que esteja atrasado. O futebol tem acidentes e o 7 a 1 foi um desses. Não há tanta diferença entre Alemanha e Brasil".

CRISE FINANCEIRA
"Tenho conhecimento da situação financeira, mas confio que o clube irá solucionar. Para mim não foi um fator decisivo. O fator principal é o Brasil, é o São Paulo e esse grupo seleto de jogadores".

INDICAÇÃO DE KAKÁ
"Fico orgulhoso de saber que Kaká me indicou. Tenho que agradecer. Creio que uma das melhores coisas da profissão é quando um jogador reconhece seu trabalho. Sobre Edwin Cardona, é muito bom, mas tem contrato e eu preciso me concentrar aqui neste grupo".

FRACASSO DE GARECA NO PALMEIRAS
"Minha primeira preocupação é trabalhar e ganhar partidas. Respeito os que vieram antes, mas cada um tem uma história. São Paulo é o maior e vir para cá é um crescimento de minha carreira".