Movido pela saudade, Preto Casagrande quer ser técnico

O fim de carreira precoce, aos 32 anos, ainda ecoa na cabeça de Preto Casagrande. Quatro anos depois, enquanto dorme, às vezes sonha com o tempo em que jogava futebol. A ruptura do tendão do tornozelo esquerdo em 2007, atuando pelo Bahia, o fez abandonar os gramados, mas não a vontade de viver o mundo da bola. Ele ainda tentou ser comentarista, mas o desejo de ver o jogo de perto falou mais alto. Desde o começo da semana, o ex-jogador acompanha o trabalho de Abel Braga no Fluminense, primeiro passo para o retorno ao esporte, agora como treinador.

- Estou aqui com o Fluminense muito por saudade de viver o futebol. Fiquei afastado durante dois anos, cuidando dos meus negócios, mas estava sentindo falta dessa rotina. Estava conversando aqui no Fluminense que se os jogadores soubessem o quanto é difícil parar, não reclamariam tanto da profissão. Quando eu jogava, também reclamava de ficar concentrado, mas hoje o que eu mais gostaria era estar numa concentração - revelou.

Preto Casagrande foi jogador de Abel Braga em 2005, no próprio Fluminense. Juntos, foram campeões cariocas e vice da Copa do Brasil. Os dois se reencontraram em Salvador, antes da partida do time das Laranjeiras contra o Bahia. Foi quando conversaram e surgiu o convite para o ex-jogador acompanhar uma semana de trabalho no Fluminense. A relação professor e aluno foi reatada, mas o que Abelão o ensina agora extrapola o binômio campo e bola.

- Para mim, o mais difícil no futebol é saber lidar com a vaidade dos jogadores. Eu já vi muita coisa e posso dizer que nunca trabalhei com um treinador tão bom para ser um gestor dessas vaidades quanto o Abel. Ele sabe conversar, fazer um elogio, uma cobrança. Tive a chance de trabalhar com vários treinadores de ponta, com o Abel, com o Vanderlei Luxemburgo, com o Paulo Autuori e de cada um posso tirar algo. Mas o que o Abel está fazendo por mim é sensacional. Já disse que vou comprar uma garrafa de vinho para ele de presente - disse, aos risos.

O próximo clube a receber Preto Casagrande deverá ser o Botafogo, onde o primo Caio Júnior comanda o time com o melhor futebol do Brasil, na opinião do postulante a técnico. Por outro lado, o ex-jogador se derrete em elogios ao elenco do Fluminense. Mesmo quando é colocado na berlinda, fica a favor do Tricolor. Afinal, para quem ele vai torcer neste sábado, para o time das Laranjeiras ou para o Santos, com quem foi campeão brasileiro em 2004?

- São dois times pelos quais tenho muito carinho. Mas, por estar aqui no Fluminense, quero que ele vença esse jogo de sábado.