Lazaroni: Tenho de tirar leite de pedra’

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Há cerca de dois meses no comando da seleção do Qatar, o técnico Sebastião Lazaroni não mede palavras para falar sobre o desafio de levar o país à sua primeira Copa do Mundo, em 2014, no Brasil. Contratado às pressas pela federação de futebol do país do Oriente Médio, o brasileiro sabe que é quase utopia pensar na vaga no Mundial.
- Tenho de tirar leite de pedra. A verdade é esta. Fui contratado de emergência pelos serviços prestados no Qatar Esporte, principalmente por solicitação da mídia esportiva do país. Nem falo sobre Copa do Mundo no Brasil. Nosso sonho é passar de fase nas Eliminatórias Asiáticas e lutamos diretamente contra o Bahrein, já que a primeira vaga praticamente é do Irã - reconheceu Lazaroni nesta quinta-feira, enquanto assistia às semifinais do Mundial de Clubes de Vôlei.
Após três rodadas disputadas, o Qatar é o segundo colocado do Grupo E, com cinco pontos, dois a menos do que o líder Irã. O principal concorrente da seleção de Lazaroni, o Bahrein, vem a seguir com quatro. Na primeira fase das Eliminatórias, os oito campeões de grupo avançam e se juntam a 22 seleções asiáticas mais bem colocadas no ranking da Fifa. Os cinco melhores países do continente só entram na terceira fase. São quatro vagas para a Ásia e o direito do quinto colocado de disputar a repescagem. Com o Qatar na centésima posição no ranking da Fifa, Lazaroni sabe sobre o que está falando.
- A família real do país gosta muito do esporte. O país fará a Copa de 2022, está realizando o Mundial de Clubes de Vôlei, quer receber o Mundial de Atletismo de 2017. Ou seja, está organizando grandes eventos. Nossa missão é atrair público para os estádios, apresentando uma proposta de jogo boa, aumentando a paixão do povo por esporte.
Apesar de a população do Qatar adorar esportes, os estádios de futebol andam vazios. As explicações vão desde comodismo, por conta do calor, à cultura.
- Só temos um estádio climatizado. O povo está acostumado a ter ar-condicionado em todos os lugares fechados e se acomoda no conforto de casa.
Lazaroni espera contribuir para que esta situação mude ao longo dos anos. Na opinião do treinador, o sucesso do Qatar na organização da Copa de 2022 é garantido. Hoje, o país, sobretudo sua capital Doha, é um imenso canteiro de obra. Tudo para melhorar a estrutura do futebol. Dinheiro para isso não falta aos xeques. Um motivo a mais para o treinador nem pensar em
voltar para o Brasil.
- Tenho 61 anos, contrato por um ano com a Federação do Qatar e por mais dois com o Qatar Esporte. Mas se fizerem uma proposta agradável...
No Qatar, Lazaroni não precisa responder sobre os velhos questionamentos sobre a Copa de 90:
- Não me sinto injustiçado no Brasil. Quando se perde, paga-se um preço. O treinador não faz escolhas, é escolhido. A vida de treinador é assim.
No país do Oriente Médio, o brasileiro tem a companhia de Paulo Autuori, que comanda a seleção olímpica, trabalha com o velho amigo Carlito Macedo, preparador físico, e mora com o filho Bernardo (o mais famoso, Bruno, atua pertinho, a 40 minutos de avião, na Arábia Saudita). Além disso, toda sexta-feira joga pelada e faz churrasco com vários brasileiros que moram no Qatar. Até uma cervejinha, artigo raríssimo por lá, ele consegue beber. Sem falar na segurança e no bom salário que recebe.
Saudade do Brasil, ele sente e sempre que pode, visita suas raízes. No Qatar, ele consegue dar seus mergulhos no mar quase diariamente e a diversão praticamente é ir aos shoppings. Nada que o faça desistir do objetivo de engrandecer o futebol do país.
*O repórter viaja a convite do Sesi*
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