Índios do futsal dão lição de garra nas Olimpíadas Escolares

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Representante do Mato Grosso do Sul nas Olimpíadas Escolares, a equipe de futsal da Escola Municipal Indígena Ñandejara, da cidade de Caarapó, chama a atenção não só por ser formada inteiramente por índios da tribo Guarani Kaiowá, como também pela garra e pela dedicação dos jogadores em quadra.
Como é comum em um esporte de muito contato físico, não foram poucas as vezes em que os atletas caíram e se machucaram, mas em nenhum dos quatro jogos disputados eles requisitaram atendimento médico durante a partida.
- Isso é da cultura deles. Eles são muito disciplinados. O mais importante é o jogo, e eles se dedicam ao máximo. Se não ganharem, azar, mas voltam para casa com o sentimento de dever cumprido - explicou Antônio Coca, membro da delegação de Mato Grosso do Sul.
Índios espertinhos são destaque nas Olimpíadas Escolares
E depois de tantos tombos, alguns machucados e um pouco de gelo, eles não sentem dor?
- Machucou um pouco, mas não dói não - disse o capitão Hemerson, com um saco de gelo no joelho, mas já preparado para o próximo jogo.
A dedicação dos meninos se reflete no placar. As duas vitórias conquistadas na primeira fase foram de virada, e a única derrota tem uma justificativa na ponta da língua.
- Estávamos com sono. Fomos dormir tarde, vendo o jogo do Brasil. Entramos em quadra dormindo e só acordamos no segundo tempo - contou Hemerson, referindo-se ao empate sem gols da Seleção com a Argentina, na quarta-feira.
Após a vitória por 4 a 3 no dia seguinte, sexta-feira, que sacramentou a classificação às semifinais, Hemerson explicou que o time se preparou para não cometer o mesmo erro:
- Dessa vez, fomos dormir às sete da noite.
Na semifinal de sábado, os meninos foram derrotados por 9 a 2 para a equipe do Colégio Santíssima, de Alagoas, e brigam pelo bronze neste domingo, contra o Colégio Acreano (AC).
Porém, mesmo com o placar dilatado, eles não se deixaram abater e correram muito até o apito final, brigando por mais uma virada.
- Sempre achamos que temos condições de virar, então tentamos - disse o atacante Márcio, que usa um penteado à la Neymar.
- Sou fã dele. Meu sonho é ser jogador de futebol profissional - revelou o artilheiro do time, com 7 gols.
Em quadra, só Guarani
Os meninos da Escola Ñandejara moram na Aldeia Te'yí kue, onde estudam e treinam. Apesar de o treinador, Vinicius, passar as instruções em português, eles se comunicam entre si dentro de quadra em Guarani, uma estratégia para confundir o adversário.
- É para não entenderem. Às vezes funciona, às vezes não - contou o atacante Valnei.
Mesmo morando na aldeia e mantendo vivos os costumeso de sua tribo, todos eles levaram seus videogames para as Olimpíadas Escolares. Cada um tem seu time preferido, no Brasil e na Europa, e são fãs de Messi.
No entanto, eles são uníssonos em afirmar que entre eles não há "o" craque do time.
- Todos são craques - explicou o vice-capitão Maciel.
- O sentido de grupo na cultura deles é muito forte. Ninguém se sobressai - explicou Antônio Coca.
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