menu hamburguer
imagem topo menu
logo Lance!X
Logo Lance!

Contra o Grêmio, Tite relembra duelo de ‘obras-primas’ que criou

As imagens de Fluminense 3 x 1 Santos (Foto: Alexandre Loureiro)
imagem cameraAs imagens de Fluminense 3 x 1 Santos (Foto: Alexandre Loureiro)
Dia 28/10/2015
04:48

  • Matéria
  • Mais Notícias

Tite ainda não era campeão brasileiro e via com enorme distância a conquista da Copa Libertadores quando, em outubro do ano passado, deu entrevista ao LANCENET! enaltecendo a equipe do Grêmio que montou para faturar o caneco da Copa do Brasil, em 2001.

– Um time que rodava sem um camisa 9. Alguns zagueiros eram laterais e volantes. Os atacantes não eram atacantes de origem. Um time de triangulação, velocidade e posse de bola. E muitos jogadores chegaram à Seleção. Considero minha principal criação no futebol.

Aos 40 anos, tinha no Tricolor gaúcho o seu primeiro desafio em um clube grande. O triunfo aconteceu, e justo contra o Corinthians, então comandado por Vanderlei Luxemburgo. Neste sábado do outro lado, reencontra aquela que já foi sua obra-prima, no Pacaembu, às 21h, com transmissão em tempo real pelo LANCENET!.

Na ocasião, Tite montou um time com força no meio de campo, sem um centroavante fixo e com atletas adaptados em novas funções. Um deles era Anderson Polga, que acertou contrato com o Timão nessa semana. Ainda aos 21, deixou de ser volante para ir à zaga.

– Foi uma final com duas grandes equipes, que tinham dois grandes elenco. Fez parte da história – recorda-se o zagueiro de 33 anos.

Mas se em campo, naquele ano, Grêmio e Corinthians decidiram na bola quem era o melhor time, o título recente da Libertadores levanta a dúvida: qual é a maior criação de Tite? O Tricolor de 2001 ou o Timão de 2012? Líder daquela defesa, Mauro Galvão vê equilíbrio:

– Acho que é igual. Se o time do Corinthians não jogasse como jogou, não ganharia a Libertadores. Teve dedo do Tite, com certeza.

Goleiro do Grêmio na ocasião, o hoje deputado federal Danrlei também vê semelhança nos times.

– Vejo o mesmo nível. Eles só não têm o mesmo toque de bola e conjunto que tínhamos. Mas o futebol de hoje pede isso, se fosse diferente não seriam campeões. É defensivamente muito forte, bem montado e acertado. É a fórmula Tite, não tem como fugir – elogia ele, que lamenta a queda na semifinal da Liberta no ano seguinte.

Como um artista, Tite admira as obras que já vez. De olho no Mundial, porém, quer mais criações.


Bate-Bola

Tite
Técnico do Grêmio em 2001 e do Corinthians atualmente, ao LANCENET!

Você disse, em entrevista ao LANCENET!, antes de conquistar o Brasileirão e a Libertadores, que o Grêmio de 2001 foi sua grande criação. Mantém essa posição?
Foram dois grandes times montados. Aquele Grêmio foi o meu melhor, isso eu afirmo. Me deu muita experiência para montar times. Lá, as Libertadores perdidas também me deixaram cascudo para, agora, ir buscar o título pelo Corinthians. Então, fica difícil comparar.

As equipes tinham mais semelhanças ou diferenças?
O time do Grêmio, na minha época, era muito rápido, as transições de defesa e ataque eram muito velozes, os setores muito bem ajustados em campo... Eu tinha jogadores móveis que me davam essa opção. Era uma grande característica daquele Grêmio. Aqui, temos isso também, mas os jogadores são mais individualizados em determinadas funções.

E se os campeões da Copa do Brasil de 2001 e o brasileiro e da Libertadores se enfrentassem hoje numa partida decisiva?
Não dá para avaliar muito. Na época, eu jogava com três zagueiros, marcação adiantada... Agora, jogamos aqui com uma linha de quatro (na defesa). São times eficientes, tanto que conquistaram títulos importantes, mas muito diferentes na sua essência.


Com a palavra

Roger Machado
Ex-lateral/zagueiro, foi campeão em 2001. É auxiliar do grêmio atualmente

"Esse Corinthians será lembrado no futuro"

Aquele time ficou marcado para Tite pelo mesmo motivo que ficou para nós. Para conseguir um bom 3-5-2 é preciso jogadores de características muito peculiares e aquele time reunia isso. Os jogadores tinham uma mobilidade muito grande, o que permitia se adaptar a qualquer adversário.

Tínhamos o Polga, um zagueiro que na verdade era volante, um líbero que era o Mauro Galvão e, na esquerda, em alguns momentos era eu, mas tinha também o Rubens Cardoso. A rotatividade e dinâmica do meio para frente permitia jogar sem centroavante fixo. Certamente, eu também creio que foi um dos melhores times que eu atuei na carreira.

Aos olhos de hoje, talvez pareça que o Corinthians tenha menos talento do que realmente tem. Talvez daqui a um período vamos nos dar conta que fizeram história. Em algum momento de 2001 também se dizia que nosso time era mais organizado que talentoso, pois tinha muita gente começando, como Eduardo Costa e Tinga. Esse time que levou a Libertadores será lembrado futuramente como um grande time, com grandes atletas, comandado por um grande técnico.

Com a palavra

Cleber Xavier
Auxiliar técnico de Tite no Corinthians e no Grêmio de 2001

"Esse time ainda tem muito a conquistar"

É uma comparação difícil de se fazer. Aquele time acabou, e este ainda tem muita coisa a conquistar. Por isso acho que este Corinthians já superou pelo que fez. Esse grupo que temos é muito especial. Tem uma relação forte de amizade, um entendimento tático, foco e muita concentração. Tanto que, quando trocamos jogadores e a base fica, conseguimos manter um bom desempenho. Foi campeão Brasileiro e da Libertadores.

Agora, em um momento difícil no Brasileiro, voltou a mostrar força e ficou nove partidas sem perder.

Aquele grupo do Grêmio também foi muito marcante. Jogou muita bola. Ganhou o Gaúcho e a Copa do Brasil muito bem. Marcou muito pela forma de jogar fora de casa.

Os grupos também são diferentes. O Grêmio jogava no 3-6-1 e usava a marcação individual, não por zona como a do Corinthians hoje. Tinha transição rápida. A semelhança é que a parte defensiva era sólida e trocávamos jogadores no ataque sem perder qualidade.

Outro fator que lembra é a marcação por pressão e muito agressiva. São conceitos diferentes, mas, sem dúvida, grandes equipes.


No banco, Tite e Luxa se invertem

Comandante do Timão no vice-campeonato da Copa do Brasil de 2001, Vanderlei Luxemburgo passava por momento de superação. Demitido da Seleção Brasileira meses antes, assumiu o time no meio do Paulistão, tirou-o das últimas colocações e chegou ao título. No Nacional, porém, caiu para o Grêmio – onde comanda hoje.

Já Tite apenas iniciava a sua trajetória como treinador de clubes de ponta. Campeão gaúcho com o Caxias no ano anterior, venceu o estadual pelo Tricolor também antes da Copa do Brasil.

– Quem era do Sul e acompanhava futebol sabia que ele tinha quase uma década de trabalho no interior. Era jovem, mas a gente percebia sua bagagem e experiência – disse Roger, que hoje é auxiliar técnico de Luxa no Grêmio.

  • Matéria
  • Mais Notícias