Clubes mudam escudos com nomes de cidades em nova tendência europeia
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Nas últimas semanas, três grandes clubes europeus anunciaram mudanças em seus escudos. Mas não apenas no design. Roma, Paris Saint-Germain e Monaco tiraram as siglas de seus nomes e resolveram valorizar as suas cidades, todas elas turísticas (as capitais de Itália e França recebem, juntas, mais de 100 milhões de pessoas por ano). O objetivo é criar uma identidade em que dê para fazer uma ligação rápida, óbvia, e que pode trazer resultados.
- Isso é perfeito, tem que se aproveitar a cidade, até para se aproximar da prefeitura, para ter melhorias em troca, como no estádio, por exemplo. Ter uma relação de troca, divulgar o nome da cidade de forma positiva. E essa modernização é fundamental - avalia João Henrique Areias, dono da Sportlink Marketing Esportivo.
Uma amostra bem clara da intenção dos três clubes é fazer mais ou menos o que acontece nos Estados Unidos, onde todos os times nos esportes mais populares carregam os nomes de suas cidades. O exemplo mais claro é o do New York Yankees, do beisebol. O logo com "NY" é tão famoso, que muita gente nem sabe que está ligado ao esporte, e pensa que é de fato um símbolo da cidade.
- Os americanos estão muito à frente quando o assunto é marketing. A Europa ainda está atrás, é conservadora e está mudando, como vemos com esses exemplos - continua Areias, para lembrar que é preciso ter cuidado na hora de mexer com as tradições de algum clube:
- Não pode ser uma coisa imposta, de cima para baixo. Faz um processo, diz as razões, pede ao pessoal para votar, para as agências criarem desenhos, vai ter uma reação, e responde a isso. O torcedor vai legitimar. Hoje existe a interatividade, os clubes precisam aprender isso.
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MUDANÇAS NO BRASIL?
No futebol brasileiro, alguns clubes carregam os nomes de suas cidades e poderiam seguir o modelo apresentado pelo trio europeu e totalmente difundido nos Estados Unidos. Mas, para Paulo Verardi, diretor de marketing do Coritiba, isso tudo esbarraria em um forte respeito à tradição.
- No Brasil, assim como na Inglaterra, o futebol está na raiz, isso tem que ser mais respeitado. Se pegar os grandes do mundo, quase todos são centenários ou perto disso, isso já é um ingrediente bastante utilizado pelo marketing. Não acho que seja o melhor caminho, isso é coisa de clube emergente, como os dois franceses, fazendo uma leitura rápida - acredita Verardi.
- Tem que ter uma pesquisa, uma demanda já identificada, e hoje isso não existe no Coritiba, isso eu afirmo. O próprio nome do clube, diferente do da cidade, remete à fundação (o clube foi fundado com a atual grafia, que era a da cidade na época, mas, dez anos depois, ela mudou para Curitiba, e o time permaneceu). No clube em que eu trabalhava, chegamos a pensar nisso, e não foi bem sucedido. Fizemos pesquisa, e a resposta clara foi que estava muito bonito - completa.
Esse apego ao passado é criticado por João Henrique Areias. Ele acredita que os torcedores sejam sim ligados às tradições, mas que possuem "cabeça aberta":
- Acho que o conservadorismo está mais na cabeça dos dirigentes. Convencer o Conselho Deliberativo do Flamengo, por exemplo, é mais difícil do que o torcedor. Se torcida, conselho e dirigentes entenderem que aquilo vai fazer o clube ser mais grandioso, vão gostar.
COM A PALAVRA
João Henrique Areias
Especialista em marketing esportivo, dono da Sportlink Marketing Esportivo
Essa ligação com a cidade é muito positiva. Nós fizemos isso no fim dos anos 1990 com o basquete, com o Uberlândia, por exemplo. Aproveitamos a cidade para aproximar à prefeitura. Em 1995, buscávamos patrocínio para o Fluminense, e o uniforme tinha um espaço em branco, então colocamos ali "Ame o Rio".
Ou seja, os clubes podem fazer essas ações com as mídias que já possuem, como camisas, placas, uma série de lugares. Até saindo do esporte, o Rock In Rio, que tem o nome da cidade no próprio festival, está fazendo uma grande campanha por ela, para limpar a cidade, uma campanha para o cidadão ser mais consciente com o lixo.
Olhando para as tendências, muito da modernidade está em cima do design, os escudos podem ser redesenhados, e os clubes podem aproveitar a beleza deles para gerar receita. Nos Estados Unidos, o licenciamento gera uma receita tão grande que eles não precisam vender o espaço na camisa para o patrocínio.
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