Bota pega Internacional sob protestos da torcida

O jogo deste domingo contra o Inter, no Engenhão, deixou de ser uma decisão para o Botafogo. Tornou-se uma autêntica batalha. O clima pesou depois de três derrotas seguidas no Brasileiro, demissão de treinador, o que culminou num protesto de um grupo de torcedores ávidos por uma mudança de postura do time. O LANCENET! transmite a partida em tempo real a partir das 17h.

Os jogadores tiveram de treinar neste sábado sob os gritos de “time sem vergonha’. Os protestantes deram a volta em torno da sede de General Severiano e, da parte externa do local, dispararam morteiros na região onde fica o campo de treinamento. Os seguranças do clube tiveram que agir rapidamente para conter os mais exaltados.

Um torcedor chegou a escalar um andaime de uma obra que está sendo feita na fachada do shopping onde fica a sede social clube. Ele foi obrigado a descer e, apesar de discussões acaloradas, o protesto teve fim sem nenhum registro de agressão dos dois lados. A polícia chegou a enviar uma viatura, mas apenas como forma de precaução.

Enquanto o clima esquentava do lado de fora, da parte de dentro, os jogadores pareceram entender o recado. Apesar de uma atividade descontraída, o grupo sabe que está pressionado devido ao momento na competição. Uma nova derrota pode gerar novas insatisfações da torcida.

Por isso, a ordem é manter a tranquilidade, até porque o time segue com boas chances de chegar à Libertadores, ano que vem. Flavio Tenius, efetivado como técnico nesta reta final, contará com uma ajuda providencial. Loco Abreu ganhou uma carga extra de responsabilidade, auxiliando mais até do que fazia nos tempos de Caio Junior.

LOCO PRONTO PARA ASSUMIR NOVO PAPEL

A mesma naturalidade com que empurra a bola para a rede, Loco Abreu parece ter quando precisa ajudar o time de uma outra forma. O atacante ganhou uma carga extra de responsabilidade, condizente com o tamanho da influência que exerce no grupo.

O papel de protagonista nunca foi um problema para o ídolo uruguaio. Afinal, desde os tempos de Caio Junior, El Loco era sempre uma extensão da comissão técnica em campo. Só que hoje ele será mais do que isso. Será o próprio comando, contribuindo voluntariamente com Flavio Tenius.

A conversa de ontem, depois que os jogadores já estavam se encaminhando para o vestiário, ilustrou bem a importância do uruguaio. Os dois pareciam trocar ideias que podem servir de base para o novo técnico utilizar na hora de traçar a melhor estratégia. O próprio Loco Abreu deu uma dica:

– Vamos seguir a mesma linha. Não tem magia no futebol. Se você foi 80% bom e 15% ruim, tem que usar, nos 5% que falta, a fase boa. Com Loco Abreu representando as ideias alvinegras dentro e fora de campo, o Botafogo espera apagar o incêndio dos últimos acontecimentos e recuperar um lugar no grupo de elite do Brasileiro.

LOCO 'TÉCNICO'

Postura criticada
Loco Abreu fez sua voz ecoar no Brasileiro do ano passado. Ele reclamou publicamente do sistema de Joel Santana, considerado defensivo pelo atacante, que queria ver um time mais ofensivo.

Apoio irrestrito
Com a chegada de Caio Junior, El Loco passou a ser mais ouvido. A boa relação refletiu no campo, com o time jogando mais em função do seu estilo.

Modelo celeste
El Loco vê no Uruguai o sistema ideal. Mesmo na reserva, o jogador ajuda Oscar Tabárez orientando os menos experientes. O ídolo alvinegro apoia o esquema com três atacantes.

BATE-BOLA
Loco Abreu
em entrevista coletiva

Como fica a sua cabeça diante de pedidos para que você assumisse o time neste momento?
Agradeço o convite, mas sou jogador. Precisamos acreditar no futebol que nós temos. No momento, não tem treinador, então a responsabilidade é nossa. Ele não vai fazer nenhuma mudança tática. Foi muito simples e correto. Queremos jogar e ganhar para seguir com chance de ser campeão.

E como está o grupo diante dos últimos acontecimentos?
Temos de estar bem focados na possibilidade de pegar essa vaga da Libertadores, acreditando no futebol que a gente tem. Cada um tem que assumir a sua responsabilidade. Se estamos cinco jogos sem ganhar e ainda estamos na briga, isto quer dizer que fizemos alguma coisa boa no campeonato.

A saída do Caio Junior desanimou o elenco?
Quando acontece isso, sempre fica desanimado. É muito tempo junto, acreditando em uma mentalidade nova. E tem o relacionamento com toda a comissão técnica dele. Obviamente que você fica triste, mas fica ligado no foco da sua responsabilidade. O Botafogo tem que tratar bem e alcançar o objetivo.

O que fazer para mudar?
Tem que acreditar na força do grupo. Não podemos agora achar que está tudo errado. Uma vitória vai nos devolver tranquilidade.