Michael Beale aponta falha do São Paulo em documentação para a família e detona Leco

Ex-auxiliar de Rogério Ceni, inglês conta bastidores da crise no clube e diz que comissão técnica precisava resolver problemas de uma gestão amadora

Rogério Ceni, Charles Hembert e Michael Beale - São Paulo
Michael Beale (centro) ao lado de Charles Hembert e Rogério Ceni na apresentação do técnico no início do ano (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

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Ex-auxiliar de Rogério Ceni, o inglês Michael Beale segue disparando contra a diretoria do São São Paulo. Desta vez, em entrevista ao Portal UOL, o gringo fez duras críticas ao presidente Carlos Augusto de Barros e Silva e sua gestão, e citou uma falha do clube na documentação para sua família ficar no Brasil. Esse teria sido um dos motivos que fizeram o profissional pedir demissão em julho, dias antes da saída de Ceni do comando.

- Quando saí, disseram coisas sobre a minha família não ter se adaptado. A verdade é que houve um erro em relação ao visto que iria fazê-los voltar para a Inglaterra e não poder retornar ao Brasil até fevereiro de 2018. Viajei para Foz do Iguaçu por causa do visto, e minha família tinha de ter me acompanhado para dar andamento no processo. Não fui orientado por ninguém. Só fui avisado que eu tinha de viajar, e o visto da minha família foi feito por uma empresa indicada pelo clube. Pelo erro, a minha família teve de ir embora do Brasil. Só poderiam ficar no Brasil 180 dias por ano como estrangeiros, e depois dos primeiros 90 dias teria de ser feito o pedido de ampliação. Esse tipo de erro não pode acontecer em um clube da grandeza e da história do São Paulo - afirmou Beale.

- Não quero dizer que as pessoas não eram prestativas, só não sabiam o que fazer. Tive a ajuda de três pessoas no clube: Alexandre Pássaro, Rogério e Charles (Hembert, supervisor francês). Os três eu já conhecia antes de ir para o São Paulo - completou o gringo.

Beale detonou o modo como a diretoria administrou o futebol durante sua passagem. Ele chegou com Rogério Ceni no fim do ano passado.

- No São Paulo, existem muitos diretores que gerenciam o clube como se fosse um jogo de computador: vende, contrata e pensa que vai funcionar. Era só demitir o Ceni e trazer o Dorival que o time passaria a ganhar todos os jogos. Todos estão vendo que os resultados são exatamente os mesmos. Jogadores começaram a sair sem o conhecimento do treinador e outros chegaram sem a aprovação - afirmou.

- Senti que o presidente não me queria no São Paulo de jeito nenhum. Ouvi que ele não gostava de mim pessoalmente. Não tinha nada contra ele, mas talvez eu estivesse tentando impedir a saída de alguns jogadores e ele achasse que não deveria fazer aquilo. Pelo respeito que tenho pelo Rogério, foi melhor sair. Se eu tivesse ficado mais cinco dias, eu teria recebido muito dinheiro do São Paulo por ser demitido, assim como Rogério e Charles (Hembert, auxiliar francês) foram depois - completou.

Beale ainda acusou Leco de usar Rogério Ceni para ganhar a eleição e criticou a forma como o clube conduziu a renovação de contrato de Lugano.

- Lugano é um nome gigante na história do clube. Um excelente profissional. A história da renovação dele foi interminável. Vai renovar? Não vai renovar? Eles tiveram um ano para resolver isso e não mostraram nenhuma responsabilidade. Falta de respeito com um ídolo. Aí você tem um garoto talentoso, o Lucão, capitão do Brasil sub-20, valorizado na Europa. Ele vai lá e comete um erro e não é tratado pelo clube da maneira que merece. O cuidado é necessário nessas horas, porque os companheiros veem tudo isso. Enquanto o Lucão ainda estava no clube, deram o número dele para um jogador que foi contratado (Arboleda). Se você trata um jogador que cresceu no clube desse jeito, o que isso retrata da sua gestão? Quem comanda o clube tem de ter valores, honestidade, integridade. E o clube é gigante, olha o que a torcida está fazendo em um momento tão ruim - declarou Micheal Beale.

O gringo também criticou o diretor executivo Vinicius Pinotti por ter dito que Ceni não deixou legado, e ridicularizou a forma como se deu a saída de Thiago Mendes, vendido ao Lille (FRA).

- A venda do Thiago (Mendes) foi a gota d'água. Com as saídas, o time foi ficando mais lento. Estávamos em preparação para enfrentar o Flamengo, um grande jogo. Cheguei para o treinamento, e estava acontecendo a coletiva de imprensa do Thiago, com anúncio para o mundo, de que ele estava sendo vendido. Eu não estava sabendo de nada...Parei e pensei: "Não tem como isso dar certo." Acho que nem o Rogério sabia que ele estava se despedindo naquele dia - disse.

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