Epopeia do Palmeiras sob a batuta do lusíada Abel navega como previsto: campeão pela 24ª vez

Como nas letras de Camões, conterrâneo do treinador, Verdão rodou o mundo no primeiro trimestre, superou turbulência e viu sua caravela seguindo navegando pelas conquistas 

Abel Ferreira
Feitos fazem de Abel o português mais respeitado no Brasil desde Dom Pedro I (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

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Quão doce é o louvor e a justa glória
Dos próprios feitos, quando são soados!
Qualquer nobre trabalha que em memória
Vença ou iguale os grandes já passados.
As invejas da ilustre e alheia história
Fazem mil vezes feitos sublimados.
Quem valerosas obras exercita,
Louvor alheio muito o esperta e incita.


Luís Vaz de Camões é o mais famoso, admirado e estudado poeta português. Sua obra definitiva, Os Lusíadas, lançada em 1572, retrata a era das grandes navegações no Século XIV a partir de sua experiência particular servindo a coroa lusitana. Mais de  400 anos depois, o 'lusíada' da vez atende pelo nome de Abel Ferreira, campeão de novo pelo Palmeiras, clube que agora tem 24 títulos do Campeonato Paulista em sua galeria, com os mesmos contornos épicos da epopeia rubro-verde relatada em detalhes pelo escritor conterrâneo do treinador.

Os versos que abrem esta reportagem ilustram toda a glória dos portugueses que se arriscavam ao mar para as conquistas ultramarinas. Abel é a personificação do texto de Camões nos tempos modernos.

Desde que repetiu o trajeto dos antepassados lusitanos e cruzou o Atlântico para se aventurar nos gramados do Novo Mundo, o português chegou em nove finais. Lógico que, para o torcedor, a importância das duas Copas Libertadores consecutivas recebe tintas mais carregadas. Entretanto, o Paulistão deste ano entrará para o rol das grandes glórias alviverdes, até por tudo que a campanha representou nesses três meses de disputa que certamente estão entre os mais agitados da história do clube.

"Quão doce é o louvor e a justa glória/Dos próprios feitos, quando são soados!", escreveu Camões. Pois bem, o Palmeiras sempre enfatizou à torcida que o Paulistão não era uma prioridade. E, de fato, o clube assim tratou o estadual. Primeiro o usou como pré-temporada para o sonhado Mundial de Clubes. E assim interrompeu a disputa para navegar até Abu Dhabi, onde viu o Chelsea honrar o seu favoritismo. Como em Os Lusíadas, as adversidades de uma viagem pelo mundo foram um desafio de grandes consequências ao Alviverdes, que com isso disputaria em sequência em março não só a final da Recopa Sul-Americana e os três clássicos contra os maiores rivais.

"Quem valerosas obras exercita,/Louvor alheio muito o esperta e incita", destaca Camões. Pois bem, em uma trajetória que poderia gerar a maior crise do time já no início do ano, Abel e seus pupilos não só conquistaram a inédita taça na gigante galeria palmeirense, como derrubaram os rivais um a um e se mantiveram invictos no Paulistão.

"As invejas da ilustre e alheia história" aponta Camões. Em paz com a torcida, idolatrado e respeitado por torcidas de todo o país não só pelos títulos, mas pelo livro lançado no período e até uma entrevista em um programa de TV de grande repercussão, Abel teve de enfrentar críticas pesadas de setores da imprensa. Acusado de retranqueiro, chegou a ser ofendido pessoalmente por comentaristas.

"Qualquer nobre trabalha que em memória/Vença ou iguale os grandes já passados", indica Camões. O Verdão esteve perto de quebrar recordes históricos, ser campeão paulista invicto depois de 50 anos. Ter a mais baixa média de gols sofridos depois de 117 anos. OK, não deu. Mas o palmeirense precisa disso? Abel precisa disso? A marca que vale foi alcançada neste domingo, Pela primeira vez o Verdão reverte uma desvantagem de dois gols em derrota no primeiro jogo de uma eliminatória do Estadual. Pela primeira vez o Verdão vence o São Paulo em uma final da competição. Pela primeira o comandante da nau ergue o troféu que perdeu para o mesmo rival tricolor no ano passado...

Palmeiras, 24 vezes campeão paulista. "Fazem mil vezes feitos sublimado", exclama Camões. Exclama Abel. De contrato renovado, pronto para o futuro, de contrato novo, cada vez mais palmeirense, o homem que coloca 'fogo no chiqueiro', nos corações alviverdes. Que venham mais. Certamente virão mais. Faz parte do plano. Pois como disse o seu conterrâneo mais famoso nas escritas, "navegar é preciso".

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