Luiz Gomes: ‘Ruim com Luxa, pior sem ele. Deixem o cara trabalhar!’

Diga-se o que quiser de Luxemburgo, mas, como poucos, ele sabe lidar com situações como essa. Ainda há muito a fazer e ajustar, mas a troca de técnico neste momento não é o ideal

Vanderlei Luxemburgo Palmeiras
Palmeiras ainda não perdeu no Brasileirão, mas trabalho de Luxa é contestado (Foto: Agência Palmeiras/Divulgação)

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Vanderlei Luxemburgo tem demonstrado no Palmeiras uma vontade de trabalhar que há muito não se via. Não está ali para cumprir tabela e ganhar um bom salário enquanto desvia a atenção para outros interesses fora de campo. Conquistou o Campeonato Paulista - o primeiro título relevante desde o Carioca com o Flamengo em 2011 – e entrou no Brasileirão com o Verdão sendo apontado como um dos principais favoritos na briga pela taça. Depois de seis jogos, começou a rodada na oitava posição, ainda sem perder, é bom lembrar, com duas vitórias e quatro empates.


Dentre os ditos favoritos do Brasileirão, o Palmeiras antes desse fim de semana, estava apenas dois pontos atrás do Atlético-MG, um ponto atrás do Flamengo e muito à frente do Grêmio. Todos eles já perderam, alguns como o Rubro-Negro e o Galo, mais de uma vez. À frente do Palestra, times como Vasco, Fluminense e Ceará que, com todo respeito, ninguém imagina que vão sustentar por muito tempo posições como essa.

Esse, pragmaticamente, é o cenário do Brasileirão. Mas há no ar uma campanha para que Luxemburgo seja demitido do Palmeiras.

Que sentido faz isso?

Desde que assumiu o cargo, em 2017, a gestão Maurício Galiotte defenestrou cinco técnicos. Felipão, Mano Menezes, Cuca, Eduardo Batista e Roger Machado compõem essa lista - que não inclui os interinos Alberto Valentim e Andrey Lopes – e mostra uma mudança a cada nove meses mais ou menos. Não é pouca coisa, são alguns dos nomes mais valorizados no desvalorizado mercado de treinadores tupiniquins.

O Palmeiras nesse período todo, apesar dos investimentos pesados e da contratação maciça de jogadores, teve altos e baixos. Viveu grandes momentos, como a conquista do Brasileirão de 2018, mas conviveu com fiascos, sem conseguir quebrar por exemplo um tabu de 12 anos sem títulos paulistas que só agora – e com Luxemburgo no comando – caiu por terra.

A falta e sequência no trabalho dos treinadores, um planejamento falho da diretoria de futebol, certamente são fatores que contribuíram para a montanha russa das últimas temporadas.

Ser treinador de um clube grande, acostumado a ser favorito em tudo o que disputa, é uma tarefa insalubre. O sucesso aqui tem efeito bumerangue, gera uma obrigação de vencer sempre, sem espaço para tropeços que são absolutamente normais em um esporte como o futebol, um dos poucos onde os mais fracos por vezes aprontam sobre os mais fortes, o que aliás é a graça do jogo.

No Palmeiras, tudo isso é um pouco pior. Além da pressão natural da torcida e dos dirigentes por resultados, ainda existe um permanente caldeirão de intrigas no jogo político de bastidores. Não é fácil sobreviver à ebulição da cartolagem, num cenário em que a eleição, mesmo sendo só no ano que vem, já agita os corredores da sede da rua Turiaçu.

Luxemburgo chegou para substituir Mano Menezes. Ele é um especialista em Palmeiras. Com cinco passagens pelo clube, numa curiosa relação de amor e ódio. Mano viveu os estertores do tempo das vacas gordas. Luxa chegou para reformular a casa, uma casa que a pandemia encarregou-se de bagunçar ainda mais.

Pela primeira vez em anos o Palmeiras não fez contratações de peso. Para essa temporada. De comprador, nos tempos de Alexandre Mattos, o Verdão virou vendedor. Perdeu Dudu, estrela maior da companhia. Teve de apostar na base, descobriu o talento de garotos como Patrick de Paula e Gabriel Menino. Sabe-se lá até quando vai segurá-los.

Diga-se o que quiser de Luxemburgo, mas, como poucos, ele sabe lidar com situações como essa. O time pode produzir mais do que está produzindo? Certamente que pode. Tem sido um desastre as atuações do `Palmeiras? Muito longe disso, num campeonato em que nenhum time tem se destacado de fato. Ainda há certamente muito a fazer e a acertar no Verdão. Dentro de campo e, não dá para ignorar, também fora de campo.

Portanto, deixem o Luxa trabalhar, pessoal!

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