Natação sofre com falta de estrutura nos JUBs, e técnico olímpico critica

Disputas do esporte mudam de sede de última hora. Ausência de piscina de aquecimento e soltura, iluminação precária e problemas técnicos causam desconforto. CBDU se diz refém 

Carlos Matheus
Carlos Matheus é técnico da Unip, uma das universidades que disputam o JUBs (Foto: Satiro Sodré/CBDA)

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Em meio à expectativa de que a atual edição dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) seja a maior da história, a modalidade mais badalada do programa evidenciou barreiras para a Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU). As competições de natação vêm sendo marcadas por falta de estrutura, reclamações, atrasos e problemas técnicos.

Segundo a CBDU, o local acertado para receber as disputas era o Sesi de Goiás, que teria decidido sediar outro evento na data. A entidade privada nega a versão. Diante do impasse, a confederação buscou alternativas e fechou com o Cel da OAB, em Aparecida de Goiânia, em cima da hora. O clube, apontado como única opção encontrada a tempo do início dos Jogos, não apresenta condições para uma competição de alto rendimento.

As insatisfações são muitas: falta de uma piscina de aquecimento e soltura (para relaxamento muscular), iluminação precária, ausência de uma tecnologia que forneça informações como balizamento e pontuação na provas e atrasos. 

- A estrutura este ano está muito ruim. É lastimável. Não temos uma piscina de soltura. Tem atleta que nada oito provas. É ruim para o músculo. Essas competições costumam ser estratégica por bons resultados, com nadadores olímpicos ou de bom nível técnico. Saímos daqui 21h sem nenhuma luz, algo que nunca vi na vida - disse o técnico da Unip, Carlos Matheus, que comandou Brandonn Almeida e Leonardo de Deus na Olimpíada do Rio de Janeiro.

O LANCE! ainda presenciou uma cena curiosa. Na prova dos 100m costas masculino, um atleta queimou a largada. Na natação, há um juiz responsável por detectar esse tipo de infração. Ele deve lançar na água uma corda, que fica posicionada a 15m da área de partida, para indicar aos nadadores que eles devem parar tudo e retornar às suas posições iniciais. O responsável, no entanto, não seguiu o procedimento. Todos se cansaram à toa e tiveram de repetir a disputa. Muitos mostraram insatisfação.

Jubs
Estrutura da natação foi motivo de reclamações (Foto: Divulgação)

A CBDU não possui um quadro de árbitros, então o setor é delegado à Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Todas as confederações indicam um profissional de sua modalidade para o JUBs. A mesma transferência de responsabilidade vale para a tecnologia de balizamento e resultados. 

- Nós fomos reféns da estrutura esportiva nacional. Sempre encontramos dificuldades, pois não temos bons equipamentos no país. A maioria das capitais não consegue receber este evento, porque não tem estrutura. Temos de trabalhar com o que temos - disse o presidente da CBDU, Luciano Cabral.

No ano passado, os JUBs aconteceram em Cuiabá. Mas os organizadores se deram conta de que a cidade não contava com uma pista atletismo adequada, o que levou a CBDU a retirar o esporte do programa. Desta vez, não houve tempo para que medida semelhante fosse tomada. E a ausência da natação seria um tiro, uma vez que os três atletas com participação em Olimpíadas nos Jogos são das piscinas: Gabriel Santos, Larissa Oliveira e Daynara de Paula.

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Estrutura da natação foi motivo de reclamações (Foto: Divulgação)

Luciano reconhece que os problemas deverão servir de lição para as próximas edições dos Jogos.

- Não vamos negar responsabilidades. Vamos cobrar de quem temos de cobrar e tentar corrigir os prejuízos aos atletas, que não podem de forma alguma ser prejudicados. 

Procurada pelo L!, a CBDA informou que não foi contactada pela CBDU, mas disse que conversará com a entidade para buscar um entendimento sobre as questões relatadas pela reportagem.

"Soubemos dos problemas através da imprensa, mas nunca fomos procurados diretamente pela diretoria da CBDU, talvez pelo momento difícil que ambas as confederações vivem financeira e politicamente, mas a CBDA fará o devido contato com a CBDU, pois o esporte universitário é um dos nossos focos, ainda mais considerando que as Universíades representam uma parte importante no currículo dos atletas", afirmou a CBDA, por meio de sua assessoria.

Confira a nota do Sesi de Goiás enviada ao LANCE! 

O Lance! publicou matéria sobre os Jogos Universitários e cita que o Sesi de Goiânia era o local acertado para receber os jogos e que decidiu sediar outro evento. O Sesi de Goiás esclarece que isso não é verdade. A instituição nem mesmo foi procurada pela organização do evento e, de fato, já tinha outra competição agendada pra a referida data. O Sesi reitera seu compromisso de atender seus clientes com seriedade e responsabilidade, sempre cumprindo seus contratos".

* O repórter viaja a convite da CBDU

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