Ciclismo: “Top Ganna” domina todos, até o “Siroco” no Giro da Itália

Análise de mais um etapa do Giro da Itália

Fipippo Ganna - Ciclismo
Ganna deu show de velocidade (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

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Usando sua relação 60x11(!!) F. Ganna chegou a atingir 103km/h na descida e não fosse a 1ª ladeira de 1,1km teria certamente batido o recorde da maior média de velocidade em uma grande volta. Ficou MUITO perto com 58,83km/h contra o recorde que ainda é de 58,84km/h de Verbrugghe. Um absurdo!!

Ficou claro que os que largaram antes contaram com o vento “Siroco” a favor e os que largaram no final não tiveram vento. Não é à toa que os favoritos da equipe Ineos escolheram largar antes. Escolheram sim! Na 1ª etapa as equipes tem 8 “slots” (vagas) sorteadas e a equipe põe seus ciclistas a seu critério. Qualquer outro contrarrelógio tem que seguir a ordem inversa da classificação geral. Todos os especialistas que tinham ambição em ganhar a etapa largaram antes e estre os favoritos (GCs) só o Thomas e Yates tomaram essa decisão. Claro que Nibali, Fulgsang, Kelderman e Kruisjwijk iriam tomar tempo do Thomas, mas não +1min em 15km!!..

Parabéns às equipes Ineos e Mitchelton que arriscaram corretamente. Largar por último tem a vantagem de saber o tempo dos concorrentes, mas nesse caso jogou contra. Thomas falou que foi informado pelo Dennis que estava ventando muito e que seria melhor usar a roda dianteira “C40”, mas ele preferiu arriscar com a roda mais aero. Deu certo. Yates também preferiu arriscar no horário e na roda. Já o último a largar, R. Majka, de saída da equipe para 2021, não ficou nem um pouco satisfeito na “escolha” da equipe de ser o último a largar.

Rick Zabel, o sprinter, filho do também super Erik Zabel e neto do também sprinter Detlef Zabel, usou toda sua explosão nos 1,1km para conseguir bater a 1ª meta de montanha (KOM) e vai vestir a camisa azul neste domingo. Foi o único que largou de bike “normal” e rodas aeros e trocou a bike no topo da subida. Bateu Sagan, que largou de bike de TT e ficou e 2º.

O jovem português J. Almeida, que também largou cedo, vestirá a camisa vinho de pontos já que foi o 2º e o Ganna irá vestir a camisa rosa. Ele seria o principal gregário do Evenepol nesse Giro e nunca chegou perto de ganhar dele num TT. Estou aqui só sonhando com o que poderia ter acontecido caso o Evenepoel tivesse largado.

Entre os GCs a disputa começa com uma diferença que tenho certeza que eles não contavam. Mais de 1min não é nem de perto o que planejaram, mas com um dos percursos mais duros de grandes voltas de que tenho lembrança está longe de estar decidido. Talvez tenha até dado mais emoção a essa disputa já que agora terão que tirar a diferença antes do próximo contrarrelógio. Imagino que 2ª feira irão atacar a não tão forte equipe Ineos nas montanhas até isolarem o Thomas. Se isso acontecer mesmo virão os ataques e a emoção logo na etapa 3.

Neste domingo, a curta e ondulada etapa promete ataques desde a largada para formação da fuga nas 4 primeiras montanhas, que são só calombos, mas só a 3ª é categorizada para a pontuação de escaladores e a 4ª para a pontuação dos sprinters. Zabel, Sagan, Mathews, Demare tentarão entrar na fuga para essa pontuação, mas com a etapa curta muitos tentarão a sorte também. Após esse começo as equipes dos sprinters manterão a fuga controlada para darem a chance de seus sprinters finalizarem.

Chegada em Agrigento é em subida de 3,7km a 5,3%. Já foi utilizada no final da também etapa 2 do Giro 2008 e no mundial de 1994. Em 2004 nem o Bettini conseguiu acompanhar o ritmo quando Purito atacou faltando 1km, com a vitória do Ricco. Em 1994 o final era diferente, embora no mesmo lugar.

Espero no final um ritmo fortíssimo do pelotão e um sprint com grupo reduzido entre os sprinters que preferem um final mais duro e subindo como Sagan, Mathews ou Ulissi. Possivelmente Demare, Gaviria ou seu embalador Molano, mas nem tanto os que tem mais velocidade pura. Será que o Viviani finalmente entrou em forma depois da pandemia e do Tour de France?

Entre os GCs talvez até alguns segundos dos que venham a cortar do pelotão, mas nada tão representativo a não ser a emoção final.

Para quem conseguir assistir a largada vai valer a pena, mas o final com certeza terá emoção.

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