‘O bom gestor deve ficar por tempo razoável’, diz presidente da CBDU

No cargo desde 2005, Luciano Cabral defende mais de uma reeleição e diz que seu desafio é combater uma ‘ignorância mental’ sobre o alto rendimento no país

Luciano Cabral
Luciano pede diálogo sobre limitação de mandato Divulgação<br>

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Em uma época em que os dirigentes esportivos brasileiros recorrem a discursos ensaiados para se esquivar de suas intenções, Luciano Cabral, presidente da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), não tem medo de abrir a boca para dizer que, se dependesse dele, ficaria no cargo muito além dos dois mandatos que a nova legislação permite.

– Os gestores geralmente não gostam de falar sobre isso, mas tenho uma opinião formada. O bom dirigente tem de ser avaliado continuamente. Se ele não dá resultado, não é preciso esperar quatro anos para sair. Podem ser quatro dias. Mas se ele dá, deveria permanecer. É claro que não de forma vitalícia, mas por um período razoável, para que possa construir algo – disse Luciano, em entrevista exclusiva ao LANCE! durante os Jogos Universitários Brasileiros, em Goiânia.

Formado em Educação Física e Direto, e ex-professor na Universidade Federal de Alagoas, Cabral vê um caminho longo para desenvolver o esporte universitário no país. Na Universíade deste ano, em Taipei, a delegação verde e amarela terminou na 28 posição: dois ouros, quatro pratas e seis bronzes.

– Fui atleta de judô e sofri com a falta de estrutura. Na gestão, você primeiro tenta organizar a entidade financeiramente, para conseguir credibilidade. Depois, vai para o calendário. Tínhamos só uma competição por ano, e hoje ele vai de janeiro a dezembro. Depois, construimos os projetos. E isso leva tempo.

A CBDU é uma das confederações que recebe verba pública da Lei Agnelo-Piva. Foi com o recurso que ela desembolsou pouco mais de R$ 5 milhões na realização do JUBs, cujo custo total é estimado em R$ 7,5 milhões. O governo do estado de Goiás entrou com R$ 2,5 milhões. Cabral espera que esta seja a maior edição dos Jogos, bem como uma forma de reforçar a ideia de que educação e alto rendimento podem andar juntos.

– O maior desafio da CBDU é vencer uma ignorância nacional. Há um equívoco cultural grande em nosso país, de que o esporte não consegue ser inserido no ambiente educacional. Não estou aqui negando a importância dos clubes, vitais no aperfeiçoamento, mas o ambiente educacional é extremamente relevante.

Segundo Cabral, os JUBs levarão cerca de R$ 11 milhões para Goiânia e as cidades vizinhas que receberão competições este ano.

BATE-BOLA
Luciano Cabral Presidente da CBDU, ao L!

‘Não é verdade que o atleta precisa se afastar dos estudos para treinar’

Qual é sua a expectativa para esta edição do Jogos Universitários?
Quantitativamente, esta edição já é 30% maior do que a anterior, que já era a maior de todas. Isto traz mais responsabilidades para a CBDU. Pela estrutura que montamos, a rede hoteleira, os serviços oferecidos e o nível técnico maior, temos esperanças de que estes serão os maiores Jubs.

Por que ainda é difícil desenvolver o esporte universitário aqui?
Há dois problemas: os pais, que afastam os filhos para que eles estudem para o Enem, e o afastamento do atleta de alta performance dos estudos para treinar. Alguns treinadores falam que isto é necessário, mas não é verdade. Os Estados Unidos vão bem em todas as Olimpíadas e os atletas têm formação superior, e com a obrigação de ter bom rendimento escolar. Queremos mudar essa cultura no nosso país.

Você também é vice da Federação Internacional (Fisu). Pensa em comandar a entidade mundial?
Não tenho não (risos).

* O repórter viaja a convite da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU)

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