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Atletas apelam para não serem esquecidos após o ciclo paralímpico

Dois dias após o término da Paralimpíada do Rio de Janeiro, atletas do Time São Paulo são homenageados na capital e pedem que apoio seja mantido para o próximo ciclo 

Em um evento em São Paulo, atletas paralímpicos foram homenageados pelo governador (Foto: Ciete Silvério)
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– Peço de coração, não desistam de nós. Esse não é o momento de parar. Juntos, nós somos mais fortes.

Foi com esse apelo que o nadador Daniel Dias, maior medalhista paralímpico da história do país, encerrou seu discurso nesta terça-feira no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. Em um evento que homenageou os 33 competidores paralímpicos do Time São Paulo que estiveram na Rio-2016 com a medalha de mérito esportivo, o principal pedido foi esse: “Nos ajudem”.

Até agora, a ajuda veio. Neste ano, foi inaugurado o primeiro centro de treinamento do Brasil destinado ao esporte paralímpico, em São Paulo (SP), além de um aumento nos investimentos públicos e privados. Mas a pergunta é: vai continuar?

No evento de ontem, o governador Geraldo Alckmin e a secretaria do de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, confirmaram que o programa de alto rendimento destinado atualmente a 34 atletas paralímpicos será renovado no próximo mês.

– Vamos seguir trabalhando para garantir suporte aos atletas. Iremos avaliar em que pontos faremos um aporte com mais vigor, mas o estímulo e investimento não será reduzido. O programa será mantido por mais cinco anos – disse Linamara.

Já o centro paralímpico segue sob gestão do Comitê até maio de 2017, quando um edital será aberto para escolher um novo gestor, que pode continuar sendo o próprio CPB.

– Não há ninguém mais preparado que o CPB para tocar a gestão do centro. Mas precisamos, por lei, realizar o edital – disse Alckmin, com discurso semelhante ao do presidente da entidade, Andrew Parsons:

– Manter a gestão nos parece óbvio, já que somos os maiores interessados. Temos os recursos necessários e demonstramos eficiência na gestão esportiva. Temos uma expectativa muito grande em resolver a bom termo com o governo.

O Brasil terminou a Paralimpíada do Rio de Janeiro, segunda mais assistida da história, com 2,1 milhões de ingressos vendidos e 72 medalhas. A esperança dos atletas, agora, é que o sorriso pelas conquistas não seja substituído pelo medo do abandono após este ciclo.

O nadador Daniel Dias é o maior medalhista paralímpico da história do esporte brasileiro (Foto: Cezar Loureiro/MPIX/CPB)

AS BASES DO CPB

Investimentos
O CPB recebe investimentos públicos e privados, e precisa renovar os contratos. Em 2015, a entidade aumentou sua fatia da Lei Agnelo/Piva (recursos da Loteria) de 15% para 37,04%, gerando um aumento na renda de R$ 80 milhões (2015) para R$ 180 mi (2016).
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Time São Paulo
Programa de alto rendimento do Estado auxilia 34 atletas com ajuda de custo, suporte para compra de materiais e gastos com viagens em competições.
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Centro Paralímpico
Inaugurado neste ano, o local é um dos três maiores do mundo.

Andrew Parsons preside o Comitê Paralímpico (Foto: Flickr/CPB)

BATE-BOLA - Com Andrew Parsons, Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro

LANCE! - O que tira de legado dos Jogos Rio-2016?
Andrew Parsons -
Entramos no ciclo sabendo que tínhamos de sair com dois legados: o centro de treinamento e recursos financeiros. Nosso orçamento de 2015 foi de R$ 80 milhões e, nesse ano, subiu para cerca de R$ 180 mi, que deve ser a média dos próximos quatro anos. O ano de 2017 é o que preocupa a todos no esporte, mas com a expectativa de valor que temos, não compartilhamos isso. Eu dizia que, antes desse ciclo, existia uma miopia da iniciativa privada em enxergar o potencial do paralimpismo. Com 2,1 milhões de torcedores nas arenas, com boa audiência na TV e a forma como o brasileiro e o carioca abraçaram os atletas, a miopia virará uma cegueira total se eles não se envolverem com o paralimpismo.

'Talvez, não precisemos de mais recursos, mas de mais organização. Mas o Brasil provou que sabe como fazer esporte. Há vida inteligente no desporto brasileiro. E, no paralímpico, há muita' - Andrew Parsons

L! - Os atletas temem o fim do apoio. Você concorda com esse temor?
AP -
O Comitê tem suas receitas praticamente garantidas, mas os atletas têm a preocupação individual. Eles não querem perder o apoio e têm receio por serem a ponta mais fraca nessa relação. Mas não acho que eles devem ter medo. Acho que teremos um ciclo com um bom investimento.

L! - Já possuem plano para manter a gestão do Centro Paralímpico?
AP -
Nesse ano, alocamos R$ 30 milhões para manutenção e uso. Podemos fazer isso de forma permanente. Amanhã (hoje) abriremos conversas com o governo e estou otimista. O Centro já nasceu com a intenção de que o CPB o administrasse.

L! - O Brasil teve bons resultados na Olimpíada e Paralimpíada. É justo o temor pelo fim do apoio?
AP -
O Brasil atravessa um momento difícil, não adianta ignorar isso. Mas, talvez, não precisemos de mais recursos, mas de mais organização. Mas o Brasil provou que sabe como fazer esporte. Há vida inteligente no desporto brasileiro. E, no paralímpico, há muita.