Após 22 anos no poder, Nuzman renuncia à presidência do COB

Carioca, preso no Rio, assumiu a entidade em 1995 e foi reeleito em cinco oportunidades

CARLOS ARTHUR NUZMAN foi detido nesta quinta-feira, durante a Operação Unfair Play, sob acusação de intermediação na compra de votos para que o Rio de Janeiro fosse a cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Leonardo Gryner, ex-diretor de operações da Rio-2016, também foi preso preventivamente.
(Foto: MAURO PIMENTEL / AFP)

Escrito por

Após pedir afastamento da presidência do Comitê Olímpico do Brasil (COB) no último sábado, Carlos Arthur Nuzman renunciou ao cargo nesta quarta-feira, por meio de uma carta apresentada pelo advogado não criminal Sergio Mazzillo. O carioca permaneceu no poder durante 22 anos.

O comunicado foi feito durante Assembleia Geral Extraordinária na sede da entidade, no Rio de Janeiro, enquanto o cartola segue preso em Benfica por suposta participação em um esquema de compra de votos para eleger a capital fluminense como sede dos Jogos do ano passado. 

Na carta, Nuzman reafirma que a saída tem o objetivo de se dedicar integralmente ao pleno exercício de seu direito de defesa. Ele também deixou o posto de membro honorário da Assembleia Geral do COI. 

"Venho, pela presente, reiterar os termos de minha correspondência, datada de 6 de outubro de 2017, em especial a minha completa exoneração de qualquer responsabilidade pelos atos a mim injustamente imputados, os quais serão devidamente combatidos pelos meios legais adequados. Considerando-se, todavia, a necessidade de dedicar-me, integralmente, ao pleno exercício do meu direito de defesa, renuncio de modo irrefutável e irretratável ao cargo de Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, bem como ao de membro honorário de sua Assembléia Geral", escreveu Nuzman.

Paulo Wanderley, que era vice de Nuzman, é quem ocupa o cargo agora.

Advogado, ex-jogador de vôlei e ex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Nuzman assumiu o COB em 1995 e foi reeleito cinco vezes.

RELEMBRE O CASO

A Operação "Unfair Play" (Jogo Injusto, em português) apura a ligação de Nuzman com o senegalês Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack, ex-presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf). Papa teria recebido propina para conseguir votos ao Rio de Janeiro.

Os procuradores federais também identificaram a ocultação de bens de Nuzman, incluindo 16 barras de ouro depositadas em um cofre na Suíça, para justificar a prisão. Eles citam ainda que o brasileiro teve crescimento de 457% em seu patrimônio, entre 2006 a 2016.

A situação piorou quando o MPF descobriu que Nuzman determinou o pagamento R$ 5,5 milhões com recursos do Comitê Rio-2016 a um escritório de advocacia para sua defesa criminal. A entidade afirma que o pagamento não foi efetuado por veto do Conselho Diretor.

No sábado, o cartola encaminhou aos membros do COB uma carta na qual pediu seu afastamento. Paulo Wanderley, que era seu vice, assumiu a entidade de forma interina. Nuzman também se licenciou do Comitê Rio-2016, que ainda tem dívida de R$ 120 milhões com fornecedores.

News do Lance!

Receba boletins diários no seu e-mail para ficar por dentro do que rola no mundo dos esportes e no seu time do coração!

backgroundNewsletter