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Libra e LFF: entenda como a criação da Liga do Brasileirão pode impactar cenário das SAFs

Em entrevista ao LANCE!, Cláudio Pracownik, CEO da Win the Game, avalia como negociações de Libra e LFF influenciam onda de investimentos no país<br>

Taça / Troféu do Campeonato Brasileiro / Brasileirão

Clubes brasileiros negociam criação de liga única (Foto: Lucas Figueiredo / CBF)

Lance! - 23/02/2023 - 18:58

Lance! - 23/02/2023 - 18:58

A onda das SAFs entre os clubes brasileiros coincide com outro momento decisivo para o futuro do futebol do país: as negociações para formação da Liga do Brasileirão. Investidores nacionais e estrangeiros estão de olho no desenvolvimento dos projetos e estão dispostos a injetar mais dinheiro na indústria do futebol brasileiro. Mas, afinal, como as SAFs e a criação da Liga se relacionam?

Cláudio Pracownik está por dentro do assunto. Ele é CEO da Win The Game, empresa do grupo BTG que auxilia clubes na busca por investidores, e também acompanha de perto as conversas da Libra e da LFF. Em entrevista ao LANCE!, o empresário explica que as negociações para a criação da Liga podem, inclusive, acelerar investimentos em clubes das Séries B e C ainda neste ano.

- Na minha visão, nós vamos ter investidores querendo comprar clubes das Séries B e C na expectativa de ter uma valorização rápida dos seus investimentos. Até mesmo pela criação da Liga. Imagina você compra um time da Série B e consegue, em um ano, passar para a Série A com uma liga formada? Você teria muito mais valores à mesa e um retorno de investimento muito rápido. Você pode comprar um clube barato, com poucas receitas comerciais agregadas, mas, em menos de nove meses, você tem um retorno gigantesco ao entrar na Série A, por exemplo. Mesma coisa alguém da Série C subir para a Série B e, dois anos depois, chegar na Série A.

Existe outro possível impacto da criação da Liga no cenário das SAFs: clubes com finanças equilibradas podem aguardar a valorização do Campeonato Brasileiro antes de vender uma porcentagem da Sociedade Anônima do Futebol. Os valores das negociações a partir de 2025 tendem a ser bem maiores que os atuais.

As conversas pelo futuro do futebol brasileiro estão divididas em dois grupos: a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) e a Liga Forte Futebol do Brasil (LFF). Os dois blocos têm como objetivo a criação de uma liga única para organizar e explorar comercialmente as Séries A e B do Campeonato Brasileiro, mas ainda apresentam divergências e negociam com investidores diferentes.

Cláudio Pracownik - Win the Game

Pracownik é CEO da Win the Game (Foto: Divulgação)

As propostas para a criação de liga única com 40 clubes são parecidas. De um lado, a LFF recebeu oferta de R$ 4,85 bilhões do Serengeti e LCP Corretora. Do outro, a Libra aceitou cerca de R$ 4,8 bilhões do Mubadala. Os valores, é claro, serão menores se os blocos permanecerem divididos. Essa divisão, inclusive, é alvo de preocupação no mercado.

- Existe um risco enorme de não haver união, mas essa divisão não é boa para ninguém. Para nenhum dos dois lados, igualmente. Nesse ponto eles estão iguais: os dois estão perdendo. Então, a minha torcida é para que efetivamente as partes consigam convergir em busca do melhor produto. A gente conversa com presidentes de clubes e todos entendem que a melhor formatação é de ter uma Liga só - disse Pracownik.

Como serão os investimentos em SAFs em 2023?

- Na minha visão, nós vamos ter investidores querendo comprar clubes das Séries B e C na expectativa de ter uma valorização rápida dos seus investimentos. Até mesmo pela criação da Liga. Imagina você compra um time da Série B e consegue, em um ano, passar para a Série A com uma liga formada? Você teria muito mais valores à mesa e um retorno de investimento muito rápido. Você pode comprar um clube barato, com poucas receitas comerciais agregadas, mas, em menos de nove meses, você tem um retorno gigantesco ao entrar na Série A, por exemplo. Mesma coisa alguém da Série C subir para a Série B e, dois anos depois, chegar na Série A. A gente percebe que vamos ter um ano com operações em clubes de menor expressão financeira.

Qual a importância da criação da liga do Brasileirão?

- A Liga é a profissionalização dos detentores originais dos direitos comerciais e da gestão do produto. Não basta você ter clubes absolutamente profissionais se o produto não tiver gestão profissional. A profissionalização do futebol brasileiro virá com a Liga, se transformando em uma sociedade que vai gerir profissionalmente os interesses comerciais dos clubes. A criação da Liga é fundamental para a valorização do produto. Os clubes vão chegar na sua capacidade de crescimento e bater no teto daqui a pouco. O Flamengo é um clube que está se desenvolvendo muito, assim como o Palmeiras. Não há muito mais do que crescer se o produto não crescer. Você vai ser o campeão de tudo aqui, mas o bolo de receitas não vai crescer. É preciso que, primeiro, todos ganhem.

- É preciso dotar de capacidade financeira todos os stakeholders que participam dos campeonatos. E, depois, é preciso que você tenha um grupo de profissionais muito capacitados, capazes de pegar esse produto debaixo do braço, envelopar, buscar pontos de contato com os investidores, com os patrocinadores, com as empresas de broadcasting, e valorizar esse produto no Brasil e lá fora. Aí, ganham todos e a gente tem um produto melhor. Significa ter campeonatos mais bem disputados, com mais infraestrutura, com regras claras, com efetivamente uma capacidade de atrair capital. O produto do futebol brasileiro ainda é um produto ruim. Não desperta interesse nos outros mercados. A Liga é fundamental no meio desse imbróglio todo. É um elemento essencial para o crescimento do futebol e dos clubes.

Qual a visão sobre a divisão atual entre Libra e LFF?

- Existe um risco enorme de não haver união, mas essa divisão não é boa para ninguém. Para nenhum dos dois lados, igualmente. Nesse ponto eles estão iguais: os dois estão perdendo. Então, a minha torcida é para que efetivamente as partes consigam convergir em busca do melhor produto. A gente conversa com presidentes de clubes e todos entendem que a melhor formatação é de ter uma Liga só.

- Então, tem que lutar por isso. Esse entendimento é claro. Eu acredito na capacidade de entendimento das pessoas, do ser humano. E acho que a gente vai conseguir ter uma Liga só. Eu sou otimista com isso, não sou um pessimista, não. Acho que a realidade, a necessidade, o racionalismo batem sempre à porta. Às vezes em momentos diferentes, mas eles batem à porta de todos.

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