De Yokohama a Belém: dez anos após Mundial, Inter sofre com descenso

No dia 17 de dezembro de 2006, o Inter venceu o Barcelona e conquistou o mundo. Dez <br>anos depois, time foi da glória à lama ao amargar a primeira queda em 107 anos de história

Há dez anos, Inter conquistava o Mundial (foto: Jefferson Bernardes/Vipcomm)
Há dez anos, Inter conquistava o Mundial. Hoje, sofre com o rebaixamento (foto: Jefferson Bernardes/Vipcomm)

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O dia 17 de dezembro de 2006 está para sempre marcado na memória dos colorados. Foi quando o clube superou as expectativas, venceu o Barcelona por 1 a 0, com gol de Adriano Gabiru, e conquistou o Mundial de Clubes no Japão. Uma década depois, o time gaúcho foi do céu ao inferno e vive agora o momento mais delicado de sua história, após amargar o inédito rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

Uma sucessão de erros levou o Colorado a essa situação: má administração, racha político, contratações equivocadas e falta de líderes no vestiário. Dez anos após o auge em Yokohama, dói aos campeões mundiais verem o time na atual situação. É o caso do goleiro Clemer. Líder, ele chegou ao Inter em 2002, ano em que o clube sofria uma grave crise financeira, escapou da queda na última rodada, contra o Paysandu, em Belém do Pará, e foi titular colorado em alguns dos maiores títulos da história do clube.

– Eu participei de praticamente todo o crescimento do Internacional. Cheguei em 2002 e as dificuldades eram muito grandes. Teve aquele susto e, a partir de 2003, o clube foi se estruturando, crescendo mais e mais – contou ao LANCE!.
 
Presidido por Fernando Carvalho – autor do livro "De Belém a Yokohama", que conta a trajetória do Inter do quase rebaixamento em 2002 ao título no Japão em 2006 – o clube superou as dificuldades. Organizou-se, investiu na estrutura e mostrou sua força com as diversas conquistas da última década, que renderam ao time de Porto Alegre a alcunha de "campeão de tudo".

– A gente chegou ao topo fazendo um trabalho muito sério. Tudo aquilo fez o Inter crescer mundialmente. Vendo a situação de hoje, a gente fica triste porque não houve a continuidade do trabalho para que as coisas continuassem indo bem – lamentou Clemer, que se aposentou pelo Inter em 2009.

O Inter pagou pelos erros de seus gestores - que incluem o campeão mundial Fernando Carvalho, um dos dirigentes na campanha deste ano, ao lado do presidente Vitório Piffero. Tanto é que nas eleições, realizadas no último sábado, a oposição liderada por Marcelo Medeiros venceu com 94% dos votos.

Uma década após o Mundial, chegou a hora de clube – que foi de Belém a Yokohama e agora voltará ao Pará, já que o Paysandu também está na Série B – juntar os cacos que restaram da campanha de 2016. De se remobilizar e se fortalecer na segunda divisão, para não repetir os erros e devolver à torcida a alegria que sentiu naquele 17 de dezembro.

Bate-bola com Clemer, ex-goleiro do Internacional
​‘O Inter não precisava cair para se fortalecer'

Dez anos depois, quais suas lembranças da final do Mundial?
A responsabilidade era do Barcelona, que tinha Ronaldinho Gaúcho e outros
craques. Eles atropelaram o América do México, venceram por 5 a 0 e acharam que iam fazer o mesmo com a gente. Só que nosso time estava muito entrosado, querendo muito o objetivo. A gente não caiu lá de paraquedas, tanto é  que fomos campeões de tudo.

Você acredita que o Inter irá se fortalecer com o rebaixamento?
Não precisava ter chegado a esse nível para se fortalecer. Ganhou
sócios esses dias, mas a torcida sempre apoiou o Inter, nos bons e
maus momentos. É realmente uma pena.

Goleiro Clemer beija a taça do Mundial em Yokohama (foto: Toru Yamanaka/AFP)
Clemer beija a taça do Mundial no Japão (foto: Toru Yamanaka/AFP)

A estratégia de Abel para superar o "invencível" Barcelona
Para superar o Barcelona, o técnico Abel Braga precisou bolar uma boa estratégia. Influenciado por uma reunião com Fernandão, Iarley e Pato, que foram ao quarto do treinador na véspera do jogo, ele incumbiu Fernandão e marcar o meia Thiago Motta, já que analistas do Inter perceberam que a construção das jogadas do time rival sempre passavam pelo atleta para chegarem a Deco ou Ronaldinho Gaúcho. Fernandão, então, abriu mão do "protagonismo" no ataque para se tornar um mero "operário" a marcar Motta. Deu certo, mas o camisa 9 saiu exaurido de campo, com cãibras, aos 30 do segundo tempo. Abel, mais uma vez, mostrou estrela: escolheu Gabiru para substituir o capitão. Minutos depois, o atacante, até então em baixa conta com a torcida colorada, recebeu passe de Iarley, estufou a rede e garantiu a vitória aos colorados. No fim, Clemer ainda foi obrigado a fazer uma grande defesa para assegurar o título vermelho e branco em Yokohama. 

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