‘A música é uma espécie de futebol cantado, tocado’, diz João Bosco ao L!

Convidado do 'De Casa Com o LANCE!' desta sexta-feira, cantor e compositor rubro-negro recorda convívio e canções com o parceiro vascaíno Aldir Blanc 

João Bosco (Foto: Divulgação)
'Sempre tivemos tolerância com o time que cada um torcia e fizemos músicas que citaram tanto Flamengo quanto Vasco', declarou João Bosco (Foto: Divulgação)

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A magia do futebol e da música caminham lado a lado na vida de João Bosco. Convidado do "De Casa Com o LANCE!" desta sexta-feira, o cantor e compositor detalhou que a paixão pelos gramados vem de família e contou como seu coração começou a bater mais forte pelo Flamengo.

- Meu pai foi goleiro, mas eu só conheci histórias dele como jogador, ouvi dizer que era um grande goleiro. Ele sempre foi um torcedor fanático do Fluminense. Naquela época a gente ouvia futebol pelo rádio e nós que morávamos no interior de Minas (o cantor é de Ponte Nova) escutávamos as emissoras do Rio de Janeiro. Não conseguíamos acompanhar jogos do Cruzeiro, Atlético-MG ou América. Eu sou Flamengo da época do Yustrich, que quando eu falo poucas pessoas sabem quem é atualmente. Ele inclusive visitou a minha cidade, nós tínhamos times de futebol, eu cheguei a jogar como lateral. O futebol é uma paixão nacional e eu experimentei isso - e, em seguida, contou como sua relação com o Rubro-Negro seguiu na família:

- No Mundial de Tóquio, em 1981, o Chico (Francisco Bosco) tinha quatro ou cinco anos. Eu "iniciei" ele no time do Flamengo (risos) - completou.

O compositor foi taxativo sobre o que fez com que ele tomasse o rumo da música.

- A música é uma espécie de futebol cantado, tocado. Tem o mesmo drible, suingue, tem o malabarismo, esse balé corportal. Música e futebol têm uma afinidade muito grande. A síncope do samba, por exemplo. Dizem que o samba é dono do corpo, o corpo é elemento do futebol. A gravação que eu fiz para "O Ronco da Cuíca", por exemplo, começa com o estádio do Maracanã celebrando, sonoplastia de fogos e plateia, a charanga. Futebol e o samba têm muita afinidade  - declarou.  

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Flamengo, futebol e muita música com @joaoboscoreal em live de alto nível.

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João Bosco recordou como era o convívio com seu parceiro de longa data, Aldir Blanc. O psiquiatra e compositor (que morreu de COVID-19 em 4 de maio deste ano) não escondia sua paixão pelo Vasco.

- Aldir era vascaíno doente, chegou a escrever livro sobre o Vasco ("A Cruz do Bacalhau"). Era passional e teve várias discussões com pessoas sobre o Vasco. Mas nossa parceria sempre foi muito boa. Fomos muitas vezes assistir a jogos ou do Vasco ou do Flamengo. Sempre tivemos tolerância com o time que cada um torcia e fizemos músicas que citaram tanto Flamengo quanto Vasco - afirmou.

A música "Incompatibilidade de Gênios" fala sobre jogo do Flamengo, enquanto a canção "Gol Anulado" detalha a frustração de um torcedor do Vasco porque a amada "gritou Mengo no segundo gol do Zico".

O fato de suas canções com Aldir Blanc terem ganhado projeção também no meio do futebol é visto com carinho pelo compositor. Bosco vê com gratidão o impacto de canções como "De Frente Pro Crime" e "Linha de Passe" terem repercutido no meio do futebol.

- A gente se emocionava com isso. O sujeito narrava o jogo, aí tinha uma falta forte e gritavam "tá lá um corpo estendido no chão".  A "Linha de Passe" se tornou tema de um programa no esporte. O que você busca é a consagração, saber que as pessoas estão escutando no rádio - disse. 

João Bosco recordou como foi a construção da música "João do Pulo", em homenagem ao atleta campeão de salto triplo.

- Foi uma letra que o Aldir fez anteriormente. Escreveu sobre o João e musiquei. Eu estava na Bahia, andando pelas ruas sem violão e com a letra na cabeça. Fui fazendo a letra, que tem inclusive "joga a chibata, João!", numa referência a João Cândido, o Almirante Negro. Fui fazendo o samba e gravei no disco "Cabeça de Nêgo", em 1986, à capela. Coloquei uma sonoplastia como se eu estivesse na rua e ouvia as pessoas falando. Acabei citando palavra de "Heróis da Liberdade". Foi bonito porque juntei João do Pulo com Silas de Oliveira, essa saga africana da ancestralidade - disse. 


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