Caso Cuca: ‘Hoje acho que seria estupro’, diz advogado que defendeu o treinador na época

Cuca chegou a ser detido no país europeu, mas retornou como homem livre ao Brasil

Cuca
Cuca deixou comando do Corinthians após grande pressão por saída (Foto: Reprodução/SCCP)

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O caso Cuca voltou a ganhar os holofotes da grande mídia após a contratação do treinador pelo Corinthians e o seu pedido de demissão após apenas dois jogos pelo clube. O jornal "O Globo" foi atrás de personagens contemporâneos ao processo judicial para que realizassem uma reavaliação do julgamento. Este foi o caso do advogado do então jogador na época, Luiz Carlos Silveira Martins, conhecido como Cacalo, responsável pela liberação do atual técnico e mais dois atletas que haviam sidos detidos na Suíça. 

Cacalo não entrou em nenhuma polêmica sobre o assunto e evitou defender ou criticar o antigo cliente. Ele assumiu ter sido procurado pelo treinador durante a última semana para relembrar detalhes do processo que levou a condenação na Justiça suíça. O advogado reforça que o técnico não foi condenado por estrupo na época. 

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- Houve relação com a menina. Mas não houve estupro. Houve contato. E eles não foram condenados por estupro. Os elementos para a condenação foram: botaram uma menina para dentro do quarto. Um manteve relação, o outro não manteve, e a informação que obtive na época foi de que ela foi consensual. Mas depois a menina quis sair. E aí não saiu. Por que, eu não sei - afirmou Cacalo. 

Em 1987, em Berna, na Suíça, quando Cuca atuava pelo Grêmio, ele e outros dois jogadores do time gaúcho - Eduardo Hamester e Henrique Etges - foram condenados por coação e ato sexual com menor. Terceiro elemento no caso, o ex-jogador Fernando Castoldi foi condenado por coação. Na coletiva de apresentação ao Corinthians, no dia 20, o técnico negou as acusações. A acusação se transformou em condenação em 1989 e Cuca recebeu pena de 15 meses de prisão. No entanto, o técnico não chegou a ir para a cadeira, por conta da lei brasileira que não extradita cidadãos natos.

O profissional reforçou a falta de evidências no processo para a condenação de estupro. No entanto, comentou sobre o fato da jovem ter 13 anos na época e dos jogadores já terem passado da maioridade no período, o que classificaria a relação como pedofilia. 

- Não percebi na instrução do processo e em todo o tempo que estive lá qualquer evidência de agressão física. A relação sexual de que tomei conhecimento na época foi consensual. Claro que depois houve a tentativa dela de sair, alguém não deixou, chegou gente de fora... Não posso dar detalhes porque não estava lá também. Mas bolacha na cara, soco para obrigá-la a transar, isso não houve. Aí você vai me perguntar: por que eles foram condenados então? Porque na Suíça, no Brasil e em qualquer lugar pegar uma menina de 13 anos e tentar ou ter relação com ela não é permitido - comentou. 

Referente as atuais repercussões sobre o caso, o advogado afirma que entende as proporções que o julgamento tomou. Segundo as palavras do próprio representante de Cuca na época, o processo atualmente é mais complicado do que no passado. 

- Não podemos analisar (com os olhos de) hoje. Estou analisando o que houve naquela época. Hoje é uma situação totalmente diferente. Hoje acho que seria estupro, vou te dizer assim. Mas, naquela época, nem na Suíça, que é radical em relação a isso, houve a condenação neste sentido - argumentou. 

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Vestígios de esperma 

Nos últimos dias, em entrevista ao portal UOL, o advogado da vítima, Willi Egloff, confirmou a notícia publicada na época pelo jornal suíço Der Bund, de que o relatório forense apontou vestígios do sêmen de Cuca no corpo da menina. Outra informação confirmada foi que ela teria o reconhecido o então jogador como um dos agressores. Cacalo não desmente o companheiro de profissão, mas alega não ter tido acesso a certos dados do processo. 

- Ele pode ter dito coisas que eu não tinha visto. Como, por exemplo, que foi encontrado sêmen do Cuca. Não tive conhecimento disso. Eu não vi esse laudo, nada do que ele diz. Mas pode ter acontecido? Pode. E eu é que não vi - concluiu. 

Presidente do Grêmio 

O antigo presidente do Grêmio Paulo Odone também foi procurado pela reportagem do "O Globo". O dirigente da época foi responsável por acionar o departamento jurídico para obter a liberação dos quatro jogadores. No retorno ao Brasil, os atletas envolvidos na condenação não foram punidos. 

- Para mim, na visão da época, eles tiveram um incidente. Devem ter errado. Se a guria tirou ou não a blusa, se tinha corpo de adulto ou não, é detalhe. Mas eles disseram que não teve estupro, nem ato libidinoso nenhum. Bom, eu vou fazer o quê? Condenar os meus atletas na época? Apesar de reprimi-los porque a guria entrou no quarto do hotel - disse Paulo Odone. 

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Saída do Corinthians 

Após grande pressão publica, Cuca deixou o comando da equipe do Corinthians. O treinador esteve à frente do clube em apenas 2 jogos, na derrota contra o Goiás, por 3 a 1, pelo Campeonato Brasileiro, e no triunfo contra o Remo, por 2 a 0, que gerou a classificação às oitavas de final da Copa do Brasil. 

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