VP detalha perda do Flamengo de R$ 110 milhões com Covid-19 e reforça: ‘Só vai comprar depois que vender’

Rodrigo Tostes, vice-presidente de finanças do clube, analisou o balanço financeiro em 2020

Gerson e Pedro - Flamengo
Pedro foi o grande investimento feito pelo Flamengo para a temporada de 2021 (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)

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O Flamengo já tem ciência do impacto da pandemia do coronavírus nas finanças do clube em 2020. Segundo o VP de finanças Rodrigo Tostes, em entrevista ao  "Globoesporte", o clube perdeu R$ 110 milhões com a Covid, além de R$ 90 milhões de receitas que só entraram em 2021 por conta do prolongamento da temporada terminada em fevereiro, com o título brasileiro.

O dirigente ainda reforçou a necessidade de realizar vendas alcançando o valor total de R$ 140 milhões, no ano, sendo que já negociou R$ 50 milhões. Só desta forma, afirma Tostes, o Flamengo poderá fazer novos investimentos no elenco.

- A Covid custou ao Flamengo R$ 110 milhões. E o impacto no orçamento foi de R$ 200 milhões - disse, antes de abordar os movimentos do clube no mercado:

- No nosso orçamento, a contratação já foi feita: Pedro. Também está no orçamento uma previsão de vendas em janeiro (R$ 50 milhões), que já foi cumprida, e outra que precisa ser cumprida em julho (R$ 90 milhões). Não vamos fazer loucura. Não tem possibilidade disso. Existe um orçamento e precisa ser cumprido. Só comprará atleta depois que vender - afirmou Tostes.

O demonstrativo financeiro do Flamengo do ano de 2020 será publicado pelo clube ainda este mês. De acordo com o portal "Globoesporte", apontará receita total de R$ 670 milhões. Em 2019, o clube teve seu recorde neste quesito, alcançando R$ 950 milhões. Em 2020, em meio às perdas com bilheteria e o programa de sócio torcedor, redução de custos e acréscimo de R$ 23% em marketing, o Flamengo encerrou o exercício com prejuízo de R$ 100 milhões.

As vendas citadas pelo dirigente em janeiro são as de Lincoln e de Yuri César, para o Vissel Kobe, do Japão, e para o Shabab Al Ahli, dos Emirados Árabes, respectivamente. As transações renderam ao clube cerca de R$ 42 milhões.

Confira outras explicações dadas por Rodrigo Tostes ao "Globoesporte":

Prejuízo no resultado de 2020

Nosso Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi positivo em R$ 100 milhões. Mas para calcular lucro ou prejuízo, é preciso colocar outras linhas que são redutores do Ebitda. Nossa operação mesmo sem as receitas perdidas por causa da Covid, foi de R$ 100 milhões. Só que temos um nível de investimento que diminui, e também a linha de variação cambial, que é o que ainda temos que pagar em moeda estrangeira, o que pode ser zerado no momento em que eu vendo um atleta.

O prejuízo não quer dizer que ficou sem dinheiro no final do ano. Pelo contrário. Nós geramos mais caixa do que tínhamos que gerar, porque economizamos em algumas coisas. Mas contabilmente é um prejuízo. O nível de investimento entra como redutor do Ebitda. Então, tivemos um Ebitda positivo de R$ 100 milhões, mas também tivemos um prejuízo de R$ 100 milhões. Mesmo com todos os problemas, o resultado foi positivo.

Desafios para 2021

O desafio maior de 2021 é o nível de incerteza que temos sobre as mesmas receitas que perdemos em 2020. Nenhum time do tamanho do Flamengo sobrevive sem bilheteria. Precisa. É parte fundamental.

Entendemos que não dá para voltar o público agora por causa da situação que vivemos, mas não é sustentável ter as despesas que clubes como o Flamengo têm e não ter uma das suas principais receitas.

Investimento no elenco para 2021

Mesmo com todos os problemas, continuamos com os investimentos. Uma prova é o Pedro. Mas não aumentamos, ou aumentamos muito pouco, nossa dívida bancária. Não tivemos esse resultado de 70 milhões em caixa porque fomos no banco pegar mais dinheiro. Mantivemos o nível de investimento porque entendemos que precisamos ir, até um determinado ponto, para continuarmos a ser competitivos. E o Flamengo tem crédito para isso.

Mas não vamos fazer loucura. Não tem possibilidade disso. Existe um orçamento e ele tem que ser cumprido do ponto de vista de compra de atletas e também de venda. Só vai comprar atleta depois que vender. Precisamos manter o clube saudável e com as contas em dia. Não vamos abrir mão do que conseguimos. Essa é a orientação do presidente. Acima de tudo, temos que manter o Flamengo firme e saudável.

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