Coluna de F1: ‘Back from down under’

Luiz Gustavo Bichara comenta o GP da Austrália, terceira etapa da temporada<br>

Leclerc - GP da Austrália
Leclerc venceu o GP da Austrália e lidera o campeonato de pilotos (Foto: PAUL CROCK / AFP)

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Quem tem mais de 40 anos, certamente se lembra do refrão da música Down Under, da banda australiana Men At Work: “Can't you hear, can't you hear the thunder?” . Em Melbourne, não só ouvimos o trovão, como vimos o raio: Charles Leclerc.

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Exatos 1.120 dias após a Covid paralisar o Circo, a F1 voltou à Austrália. Desde 2019 sem corrida, o circuito de Albert Park, que mistura trechos de autódromo permanente com circuito de rua, recebeu intervenções relevantes., Com a finalidade de facilitar as ultrapassagens, a pista ganhou o alargamento de trechos de até quatro metros, além do redesenho de cinco curvas e a supressão de outras duas.

O novo circuito mostrou que garantiria emoções fortes desde os treinos, marcados por muitos acidentes e rodadas. Os carros que não estavam em volta rápida, atrapalhavam os que vinham fazendo tempo, como foi o caso da batida espetacular dos dois canadenses bilionários – Nicholas Latifi e Lance Stroll.

Uma barbeiragem inacreditável que deveria gerar uma discussão sobre a situação dos pilotos pagantes. É certo que nenhum deles estaria ali se não fosse o generoso "paitrocínio".

O treino de sábado foi particularmente cruel com os espanhóis Fernando Alonso e Carlos Sainz. Alonso, que vinha para uma volta matadora com seu Alpine, acabou tendo um problema hidráulico e não conseguiu frear, estampando o muro. Já Sainz, que chegava nos seus metros finais de uma belíssima volta, terminou sendo interrompido por uma bandeira vermelha, sacada com a rigidez de um teorema. Que diferença faria computar seu tempo?

Ainda nos treinos, observamos que o porpoising (aquela quicada intensa em alta velocidade, em decorrência do efeito solo, que interrompe o fluxo de ar que passa sob o carro), seguia incomodando os pilotos. Embora a Ferrari pareça ser a que mais treme, o sábado foi um prenúncio do passeio na pista de Albert, Parque de Charles Leclerc. Após largar na pole, o monegasco liderou todas as voltas da corrida, obtendo uma vitória incontestável.

A Ferrari estava um foguete, infelizmente não para Sainz, que largou muito mal e rodou logo no início da prova, pondo fim a uma série incrível de 31 GP’s completados. Já Max Verstappen sequer conseguiu ameaçar Leclerc desta vez. Embora viesse para um segundo lugar tranquilo, atualmente não está numa maré de sorte. O seu carro teve problemas de combustível novamente e ele não conseguiu finalizar a prova pela vez segunda em três disputas.

Sergio Pérez, no entanto, defendeu a honra dos touros vermelhos, conseguindo um digno segundo lugar, após protagonizar uma boa disputa com Lewis Hamilton. Mas a situação não está fácil para o time de Helmut Marko, que sofreu quatro falhas mecânicas em três corridas.

Falando de Mercedes, desta vez o destaque das flechas prateadas foi o outro inglês, George Russel, favorecido pelo safety car que entrou na pista antes de seu pit-stop. Russel soube aproveitar a sorte que sempre aparece para os audazes, garantindo seu primeiro pódio com a Mercedes.

Foi interessante notar que não houve ordem de equipe para beneficiar Hamilton, o que nem faria sentido, pois Russel está à sua frente no campeonato. Entretanto, numa mensagem enigmática, o campeão se queixou de que a equipe o havia colocado numa situação difícil. Será que ele esperava uma troca de posições como tantas vezes vimos ser imposta a Bottas? Pois é Hamilton, quem dá sopa pra malandro é carcereiro...

Não deu pra entender o motivo pelo qual Fernando Alonso, que vinha na quarta posição, logo atrás de Russel, também não parou no safety car. Foi uma bobeada da Alpine, que custou ao espanhol alguns pontos.

Enquanto isso, Sebastian Vettel parece viver seu ocaso. Após não disputar as duas primeiras provas do ano por causa da Covid, o tetracampeão teve uma performance desastrosa tanto nos treinos como na corrida. Ele protagonizou uma batida feia, daquelas de principiante. Ao que tudo indica, Vettel já se se encaminha para a aposentadoria mesmo. A Aston Martin, que pretendia ser uma equipe de ponta, vem desmanchando esperanças no caldo azedo da decepção.

Merecedor da nota foi o ponto da Williams obtido por Alex Albon. Após largar em último, ele se valeu, inteligentemente, do fato que na Austrália há a menor pit lane entre todos os circuitos da F1. Albon parou apenas na volta final, chegando em décimo lugar.

Apesar de ainda estarmos no início da temporada, Leclerc já tem 71 pontos, o que o deixa numa situação confortável. Apesar dos problemas da Mercedes, o consistente George Russel, vem em segundo lugar com 37 pontos. Em duas semanas teremos o GP da Emília-Romanha. Os carros do Cavallino Rampante correrão em casa e vai ser difícil segurá-los.

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