OPINIÃO: Título do Brasileiro de 1995 teve a cara do Botafogo

Não é redundante dizer que o título de 1995 teve a cara do Botafogo. Eu fazia a cobertura do clube naquela época, e via de perto por que o time não despontava entre os favoritos daquela competição no sistema mata-mata. O elenco alvinegro era razoável.

Apesar disso, a dupla de zaga era de respeito. Gonçalves até cometeu um erro no primeiro jogo da semifinal contra o Cruzeiro e foi muito criticado, mas o título o absolveu. Gottardo, por sua vez, teve papel importante no primeiro jogo da final ao abrir o placar de cabeça. Ainda lembro da emoção do jogador.

No ataque do Botafogo havia mais festa do que talento, com Donizete e Túlio. Eu era cético em relação aos dois, mas sempre reconheci a fome de gol e a raça de ambos. É que estamos sempre querendo aplaudir o drible, o talento, a técnica...

Achava, por exemplo, o elenco do Fluminense melhor. Confesso que fazia uma reza para não pegar o Tricolor na final. Sobretudo por ter do outro lado aquela "maldita dupla" Renato e Gaúcho. Tinha um tal churrasco que ainda estava quente na minha cabeça. Da maneira como o Santos chegou à final - e como torcedor alvinegro -, entendo que a "praga de botafoguense" é mesmo forte e funciona.

Lembro que a vitória magra sobre o Santos, no Rio, deixou meu coração confiante. O Santos não se acovardou, mas o Botafogo foi melhor na maior parte do jogo. Entendi que o Botafogo entraria ligado na partida de volta. E foi o que se viu no Pacaembu durante o primeiro tempo.

Mas aquela segunda etapa deve ter tirado alguns anos da minha vida. Até hoje, jamais um goleiro trabalhou tanto quanto Wagner naqueles 45 minutos. Quando vou ao Mercado de Peixe São Sebastião, em Niterói, meus olhos, ainda movidos por angústia, procuram agradecidos pelo ex-goleiro no "Bar do Wagner".

Para finalizar, não sou da linha "roubado é mais gostoso", por isso entendo o trauma do torcedor santista. Mas, entendam, aquele título, da maneira como foi conquistado, é um legítimo título alvinegro carioca.