Botafogo assume juros com bancos após dívida do Lyon por venda de craques
Alvinegro assumiu taxas referentes a adiantamentos de instituições financeiras e cobra pagamento de time francês

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No documento enviado pelo Botafogo ao Lyon, onde cobra o clube francês por uma dívida acumulada de R$ 770 milhões, o alvinegro explicita o descontentamento com a postura do time europeu por não ter quitado valores relacionados à venda de craques do elenco botafoguense. Essas instituições financeiras funcionaram como credores, que adiantaram o pagamento ao clube brasileiro já que o Olympique Lyonnais (OL) estava impossibilitado de pagar pelos atletas por conta de um transferban.
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A carta enviada pelo CEO da SAF do Botafogo, Thairo Arruda, alega que o clube brasileiro foi prejudicado por arcar com compromissos financeiros que são de responsabilidade do clube francês, e afirma que o único que deve às instituições financeiras é o Lyon.
Há um desentendimento entre partes nesse aspecto pelo fato das negociações com os bancos terem sido feitas pelos brasileiros e, por isso, as taxas de juros pelo não pagamento do Lyon serem endereçadas ao alvinegro. No total, quatro instituições foram envolvidas nas transações de quatro atletas diferentes.
Thiago Almada, Igor Jesus, Jair e Savarino foram negociados pelo Botafogo com o OL, mas o Lyon não pagou por nenhum deles, efetivamente. Vale ressaltar a situação do venezuelano, que teve a venda acertada em março, mas não chegou a sair do alvinegro por uma decisão pessoal. Os outros três já se transferiram para outros times europeus.
Thairo Arruda elenca no documento quais são as movimentações financeiras feitas pelo alvinegro envolvendo a venda de atletas para o Lyon e os acordos feitos com instituições financeiras que financiaram ou adiantaram os pagamentos dessas transações.
Um dos principais casos é o de Thiago Almada, meia que saiu para o Lyon em janeiro. Entretanto, o argentino "jogou de graça" na França, já que o Botafogo não recebeu do OL os 27 milhões de euros acordados em contrato por conta do transferban, que impedia o clube de comprá-lo. Seis meses depois, Almada foi negociado com o Atlético de Madrid por 23 milhões de euros, ou seja, 4 milhões a menos que o primeiro contrato.
Nesse caso, o Botafogo afirma na carta que negociou com o Macquarie Bank, na filial de Londres, Inglaterra, para receber parte da venda de Almada. Agora, cabe ao Lyon a ressarcir a instituição financeira, de acordo com o documento. A GCS Funding também fez acordo com os botafoguenses para passar € 9.181.250 do fundo, número que também precisa ser pago pelo time francês referente ao financiamento da venda de Almada. Os contratos com as empresas foram assinados em 17 de janeiro e 5 de fevereiro de 2025, respectivamente.
- Faz-se também referência aos seguintes contratos de financiamento: (i)(a) o Contrato de Empréstimo datado de 17 de janeiro de 2025 celebrado entre Botafogo e o Macquarie Bank Limited, London Branch, por meio do qual a Macquarie disponibilizou ao Botafogo uma linha de crédito no valor de € 27.183.450 em troca da cessão de determinados recebíveis do Botafogo, incluindo parte do Valor de Transferência de Almada. Conforme notificação de cessão assinada pelo OL em conexão com esse contrato, parte do valor deverá ser pago diretamente pelo OL à Macquarie - diz um trecho do documento assinado por Thairo Arruda.
O caso se repetiu com Igor Jesus. O centroavante iniciou negociações para sair do Botafogo ao Lyon, mas acabou no Nottingham Forest, da Inglaterra. O alvinegro afirma que fez uma tratativa com a PRPF LLC, onde a instituição adquiriu, por US$ 31.769.565, determinados recebíveis oriundos do Valor de “Contrato de Financiamento de Igor”, como descreve o texto. Esse acordo foi assinado em 21 de dezembro de 2024.

Acordos de Jair e Savarino
Outras duas instituições são elencadas por terem atuado nos negócios envolvendo o zagueiro Jair, também negociado posteriormente com o Nottingham, e Savarino - transferência não concretizada. O documento afirma que em 19 de março deste ano foi assinado um "Contrato de Aquisição de Créditos" que envolve a EMSO Private Credit Fund e os outros parceiros financeiros (Macquarie, GCS e PRPF), onde a EMSO adquiriu, por € 16.191.975, recebíveis do “Contrato de Financiamento de Jair”. A forma de se referir aos acordos de transferência dos jogadores é muito similar em todos os casos.
Na mesma data, a EMSON adquiriu, por € 5.588.025, os recebíveis referentes ao contrato de Savarino. Assim como nos casos citando a Macquarie, GCS e PRPF, a parte que deve ressarcir os bancos é o Lyon, o que ainda não aconteceu.
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Repasse para o fluxo de caixa do Lyon
O Botafogo alega na carta enviada ao Lyon que a decisão de aceitar os acordos com os bancos e assinar os contratos partiu do objetivo de melhorar o desempenho esportivo do OL nas competições na França e reverter as sanções aplicadas ao time após problemas no fluxo de caixa com o DNCG - que é o órgão responsável por regular as finanças das equipes no país.
Em junho, o Lyon chegou a ter seu rebaixamento para a segunda divisão decretada por falta de dinheiro para gerenciar seu fluxo de caixa e ter como arcar com os custos operacionais da equipe. Após a injeção de dinheiro do Botafogo - que repassou, inclusive, parte do valor da premiação do Mundial de Clubes - a equipe francesa se reestabeleceu e reverteu a decisão do rebaixamento na Ligue 1.
- No entanto, tais esforços causaram prejuízos materiais e duradouros ao Botafogo, pois (...) (ii) o Botafogo foi “forçado” a aceitar taxas de juros/descontos extremamente elevadas nos Contratos de Financiamento para receber os valores antecipadamente e fornecer os fundos ao OL - cita a carta.

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Prazo para quitar dívida
O CEO da SAF alvinegra destacou no texto o prazo de 30 dias úteis (contados a partir do dia 18 de julho) para que o Lyon reembolse o Botafogo dos valores fornecidos ao clube francês e destaca que devem ser acrescidos os juros aplicáveis conforme o contrato. Este é um cenário ainda sem definição.
No mesmo trecho do texto, o Botafogo cobra que o OL assuma o compromisso e pague os valores aos parceiros financeiros nos prazos previstos nos Contratos de Transferência, conforme cláusula prevista nos acordos. O fato independe, segundo a carta do clube brasileiro, de circunstâncias como: "(a) descumprimento de garantias do Botafogo; (b) qualquer questionamento quanto ao registro do jogador; (c) condição de saúde do atleta; ou (d) efetivo registro do jogador no OL", descreve o documento.
O último item citado na carta faz referência a uma cláusula não cumprida pelo Lyon e que implica, de acordo com o Botafogo, no pagamento de uma multa. O valor ultrapassa os R$ 410 milhões e é referente aos valor das negociações de Thiago Almada (€ 27.075.000,00) e Igor Jesus (US$ 43.134.297,00).
- Considerando a cláusula 1 dos Contratos de Almada e Igor, que estabelece multa integral em caso de não inserção dos dados no TMS dentro do prazo, e o fato de o OL ter sido responsável pelo início do processo no TMS e não ter cumprido o prazo, exigir o pagamento ao Botafogo, em até trinta (30) dias e em parcela única, dos seguintes valores: (a) € 27.075.000,00 relativos ao Contrato de Almada; e (b) US$ 43.134.297,00 relativos ao Contrato de Igor - descreve o texto.
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