Português deixou sua casa aos 15 anos pelo sonho de ser tenista

Em constante aprendizado, Sousa fala dos sacrifícios e alegrias de ser tenista

João Sousa, de Portugal, no Brasil Open
DGW Comunicação

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Por Ariane Ferreira - Foram anos de confusões no circuito profissional entre o tranquilo português João Sousa foi confundido com o nosso brincalhão João Souza. Há muitas diferenças aquém dos perfis pessoais ou um S ou Z.

Exatamente para conhecer essas diferenças e a história do lusitano, o Tênis News bateu um papo exclusivo com atual número um português e principal tenista da história de seu país em São Paulo.

Demorou alguns dias para que João Sousa separasse um tempo entre seus trabalhos de adaptação à São Paulo para falar a nossa reportagem. Britanicamente, no horário marcado na última terça-feira, ele chegou à sala dos jogadores ouvindo música em seu celular e muito tranquilo. Sousa é tímido, mas como bom português pouco contido em suas reações.
A conversa iniciou-se sobre a parceria com o treinador e amigo Federico Marques, também português, com quem trabalha há cinco anos e saiu do circuito Futures-Challenger para firmar-se entre os 50 melhores do mundo. João diz que a parceria tem sido uma "viagem muito bonita" e que ambos são: "amigos que aprendemos muitíssimo um com o outro".

O tenista, assim como seu treinador, se veem juntos até o fim da carreira profissional do jovem de Guimarães, que vive tendo seus resultados questionados pelos compatriotas. "As pessoas têm suas expectativas e tentam sempre apoiar ao máximo o seu jogador favorito. Elas precisam entender que não é fácil fazer grandes resultados. Por trás da competição há um trabalho árduo de cada dia e obviamente que nós [os jogadores] somos os primeiros a darmos tudo para tentar vencer", opina ele que pondera que se apenas dependesse de sua vontade apenas venceria, mas destaca: "Não depende apenas de nós, temos um adversário do outro lado da rede que tem o mesmo objetivo nosso, que é vencer".

Sousa disse evitar as opiniões negativas e focar em seu trabalho. Ao ser questionado sobre quais são as suas expectativas, o luso disse que são sempre as mesmas: "melhorar como jogador todos os dias. É para isso que trabalhamos tanto eu quanto Federico".

João Sousa também falou bastante da dura decisão de deixar sua Terra Natal aos 15 anos para arriscar-se na formação profissional em Barcelona. A decisão, segundo conta, foi tomara por ele e a família ao perceberem que, à época, Portugal não possuía condições para uma formação profissional.

Sousa chegou a cogitar a ideia de ir trabalhar na 'Equelite - Juan Carlos Ferrero', na pequena cidade de Villena, também na Espanha, e de propriedade de seu ídolo da infância. Mas optou pelo trabalho da Federação Catalã de Tênis, que o recebeu e foi parte primordial em sua formação.

"Em Barcelona encontrei uma segunda casa, uma base onde realmente havia muitos jogadores e muita cultura tenística para tentar ser jogador de tênis", revela.

O português segue vivendo na capital da Catalunha, já são 12 anos de muito aprendizado e conquistas. Sousa, em suas palavras e gestual, é "muito grato" a tudo que recebeu e cresceu tanto em Portugal como na Espanha.

Perguntamos a Sousa se ele já consegue entender que é o maior tenista da história de seu país e pela reação de surpresa, tanto em suas expressões faciais como na fala, é nítido que o jovem tranquilo ainda não se deu conta de tal feito, talvez por estar muito focado no dia a dia. A título de curiosidade, em dias que não joga, Sousa faz ao menos duas sessões de treinos em quadra.

"Sinceramente nunca pensei sobre isso. Eu tento olhar sempre para os melhores. Tento ser como eles. Tento melhorar a cada dia. Mas não é uma coisa que penso muito. Obviamente vou fazer parte da história de Portugal, como muito jogadores, que vieram antes de mim e os que virão, espero. O tênis é um esporte individual e no fim o que fica é a entrega que nós temos durante muitos anos", pontuou ele considera o fato de aproveitar o que gosta de fazer e ter isso como trabalho, um fator de sorte.

Sousa já enfrentou oito finais em torneios ATP, das quais conquistou dois títulos. Destas derrotas, o português declarou ter apenas "ilações positivas", apesar de terem sido diferentes entre si e das quais aprendeu muito.

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