Eliminação expõe erros do Flu no projeto Libertadores
- Matéria
- Mais Notícias
Resultado. A verdadeira essência do futebol. Quando ele vem, tudo parece às mil maravilhas. Do contrário, os erros, às vezes, escondidos, quase imperceptíveis, escancaram-se para a torcida, que, por fim, não costuma perdoar. Exaltados (justamente) como os aguerridos até o início da noite da última quarta-feira, os jogadores do Fluminense mostraram surpreendente apatia diante do Libertad-PAR. Perderam por 3 a 0, deram adeus à disputa da Copa Santander Libertadores e, logo que desembarcarem no Rio de Janeiro, receberão uma conta cara a pagar. Mas não serão os únicos.
Durante a cambaleante campanha na competição, uma série de erros foram construindo esse final trágico. Fora das quatro linhas, as turbulências envolvendo a diretoria, comissão técnico e os próprios jogadores. Dentro delas, decepções com quem se esperava muito mais.
CRISE POLÍTICA
A gestão do presidente Peter Siemsen (foto) prometia mudanças. Assumiu o comando do Fluminense no início do ano e logo arregaçou as mangas. Sobra da antiga diretoria, o ex-vice de futebol Alcides Antunes passou a sofrer um processo de fritura. Mas o dirigente era uma espécie de "queridinho" do grupo e tinha respaldo do então técnico Muricy Ramalho justamente pela união que ele promovia.
A possibilidade da saída de Antunes desagradou Muricy. Para completar, outras possíveis intervenções na comissão técnica e a demora para o início da prometida reforma na estrutura culminaram na saída do técnico campeão brasileiro no ano anterior.
FALTA DE COMANDO NO FUTEBOL
Sem Muricy e Antunes, o futebol passou por uma crise pela falta de comando. O desconhecido Enderson Moreira (ex-Internacional B) foi chamado às pressas para quebrar o galho até a chegada de um técnico efetivo. O Flu procurou Dorival Jr., Felipão, Levir Culpi, mas só recebeu a negativa como resposta. Então, foi atrás de Abel Braga, que acordou em assumir o Tricolor apenas na metade do ano, quando encerraria seu contrato com o Al Jazira (EAU).
No departamento de futebol, outro vácuo. Até o momento, quem vem cumprindo a função é o assessor da presidência, Mário Bittencourt. Felipe Ximenes, do Coritiba, e Rodrigo Caetano, do Vasco, foram procurados para assumir a gerência do futebol, mas o Flu, outra vez, ouviu a recusa.
RECLAMAÇÕES PÚBLICAS
Até a saída de Muricy, os jogadores enfatizavam que a reserva não era motivo de insatisfação. Depois, o cenário mudou. Rafael Moura, Araújo e Souza reclamaram publicamente por ficar no banco. A união começou a ficar abalada.
REFORÇOS NÃO VINGARAM
Para a disputa da Libertadores, a patrocinadora investiu alto. Trouxe cinco reforços de peso: o goleiro Diego Cavalieri, o volante Edinho, o meia Souza e os atacantes Araújo e Rafael Moura. Destes, três foram para a reserva. Já Edinho só ganhou espaço quando deslocado para a defesa, em função dos desfalques na posição.
Rafael Moura, vice-artilheiro do time na temporada, com 10 gols, foi o único a realmente "vigar" nesta lista.
APAGÃO DOS CRAQUES
A expectativa era gande em cima do craque do último Campeonato Brasileiro. Mas Darío Conca não fez nem sombra ao desempenho do ano anterior. Primeiro, a desculpa ficou para a cirurgia realizada o fim de 2010. Mas, passados cinco meses da operação, o argentino teve raros momentos de inspiração.
Outro craque a decepcionar foi Fred. Com exceção da atuação na heroica vitória por 4 a 2 sobre o Argentinos Juniors, o artilheiro inexistiu nesta Libertadores. Na derrota que culminou na eliminação tricolor, contra o Libertad-PAR, foi um dos piores em campo.
LESÕES
O Fluminense chegou a 2011 carregando o mesmo fardo: as lesões dos princiais jogaodores. Primeiro, Fred, que desfalcou o Flu nos três primeiros jogos na Libertadores. Depois, Deco, desfalque nos três últimos. Na defesa, as baixas ficaram com Leandro Euzébio e Digão. O lateral-esquerdo Carlinhos encerrou a lista.
FANTASMA NO GOL
Parecia que neste ano o Fluminense finalmente poria fim à instabilidade debaixo das traves. Além de contar com Ricardo Berna, que havia ido bem na reta final do último brasileiro, contratou o badalado Diego Cavalieri, ex-Palmeiras, Liverpool e Cesena-ITA.
Este último chegou e logo assumiu a camisa 1. Mas, devido à falta de ritmo, falhou nos primeiros jogos e, a pedido da própria torcida, foi para o banco de reservas. Ricardo Berna retornou ao time titular. Mas, assim como o colega, pecou em momentos delicados.
Assim, a mesma torcida que o reverenciou no início, disparou vaias contra o goleiro após outra falha, desta vez, na primeira partida contra o Libertad-PAR, semana passada, no Engenhão. A crítica irritou Berna, que respondeu com gestos obscenos às arquibancadas.
Na quarta-feira, em Assunção, Berna voltou a falhar quando a partida ainda estava empatada e terminou como um dos responsáveis pela eliminação que pôs fim à maior ambição tricolor neste ano.
SHEIK SAI E DISPARA
O afastamento do atacante Emerson não pode ser considerado proponderante para o fracasso do Flu. Afinal, já sem ele, os tricolores reverteram situação adversa contra o Argentinos Juniors e alcançaram a improvável classificação.
Mas, coincidência ou não, um dia depois das acusações graves do Sheik contra seu ex-clube, o time caracterizado pelo empenho em campo teve uma das atuações mais apáticas no ano. Fred, maior alvo das críticas do atacante, esteve apagado. Já o técnico Enderson Moreira, cuja autoridade foi questionada por Emerson, armou a equipe de forma insegura, permitindo ao Libertad assumir o controle do duelo.
- Matéria
- Mais Notícias















