Herói, ‘maluco’, contestado… Deyverson deixa o Palmeiras, mas fica na história do clube

Sob desconfiança, atacante transgrediu o personagem "malucão" e entrou para a galeria dos imortais do Verdão com dois gols de título, um deles como herói improvável

Deyverson - Palmeiras Libertadores
Deyverson na conquista da Libertadores-2021, quando foi herói do Palmeiras (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

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O dia 25 de maio de 2022 pode ainda não ter seu devido reconhecimento na história do Palmeiras, mas certamente daqui muitos anos ele será lembrado como "o dia em que Deyverson se despediu do clube". Pois é, algo inimaginável de se cogitar há alguns anos, mas não tem como ser diferente. O "malucão", o excêntrico, o contestado, virou herói e está na galeria dos imortais do Alviverde.

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Há pouco menos de cinco anos, Deyvinho foi anunciado como novo reforço para o ataque, diante dos pedidos de Cuca para reforçar o setor. Sob desconfiança, o até então desconhecido, chegou por cinco milhões de euros (R$ 18 milhões na época) bancados pela Crefisa. Ele pertencia ao Levante-ESP, mas estava emprestado ao Aláves-ESP e não era exatamente aquilo que os palmeirenses esperavam.

E de fato a surpresa foi grande. Não apenas com o futebol dentro de campo, mas a constatação de que se tratava de um personagem único, com seus exageros, é verdade, mas também com um carisma daqueles que dificilmente encontramos no cenário atual. Talvez por isso, por ser fora da caixinha, é que ele chamava tanta a atenção.

No entanto, somente esse diferencial fora de campo não convencia o torcedor, chegando até a ser expulso em um Dérbi decisivo que praticamente decidiu o Brasileirão daquele ano de 2017. Muitos diziam ser uma "bomba-relógio" e para essa tarefa, nada melhor do que um especialista para tentar desarmar esse problema, não é?

Depois da saída de Roger Machado, em 2018, o Palmeiras trouxe Felipão, um paizão, o cara da família Scolari. E não é que ele conseguiu dar um jeito no Deyvinho? Quer dizer, não deu 100% de jeito, porque ainda assim o centroavante teve expulsões comprometedoras, sem sentido, além de provocações em clássicos.

Mas foi com Felipão, entre 2018 e 2019, que Deyverson teve seu melhor desempenho técnico. Não à toa foi importante na conquista do Brasileirão-2018 com gols decisivos, incluindo aquele que deu o título, contra o Vasco, em São Januário, em vitória por 1 a 0.  Em 2019, por exemplo, ele chegou a ter uma grande proposta para ir para a China, mas acabou sendo convencido por Scolari a permanecer.

Personagem como é, Deyvinho chegou até a gravar um vídeo de despedida naquela época, mas logo seguida ele anunciou o "fico". Rá! Pegadinha do Mallandro! A decisão, que impediu o recebimento de muitos milhões de euros, foi lamentada mais tarde, quando o desempenho do atacante (e do time) caiu demais no segundo semestre de 2019, o que acabou levando à demissão de Felipão.

Parecia que ao fim daquela temporada seria também o término da passagem de Deyverson pelo Palmeiras. Em 2020, quando o elenco foi reformulado, ele foi emprestado para o Getafe-ESP e depois para o Alavés-ESP. Nenhum dos clubes acabou exercendo a compra do centroavante, que também não teve passagens brilhantes por lá. Sendo assim, em meados de 2021, o jogador estava prestes a voltar.

E como era de se esperar, em meio a uma ascensão do clube com Abel Ferreira e uma esperança de receber o sonhado centroavante que o português vinha pedindo, o torcedor palmeirense não gostou muito do retorno de Deyverson, que foi abraçado pelo elenco e pelo treinador. Pois é, ele havia voltado, e mal sabia que faria história.

O atacante parecia empenhado em ajudar, chegou a fazer alguns gols, mas não deixou de entrar em polêmicas. Na semifinal da Libertadores, contra o Atlético-MG, chegou a entrar em campo antes mesmo de Dudu marcar o gol de empate no Mineirão, o que poderia ter colocado todo o feito do Verdão a perder naquele momento.

No entanto, a fase seguinte do torneio continental reservava a maior glória de Deyverson vestindo a camisa alviverde. Apesar de não ser a primeira opção para a função, o camisa 9 da Libertadores foi escolhido por Abel para entrar na prorrogação, e recebeu uma longa conversa de Scarpa ao pé do ouvido antes de pisar no campo.

Mal sabiam eles que quatro minutos depois do apito inicial do prolongamento, o placar de 1 a 1 diante do Flamengo passaria a ser 2 a 1 para o Palmeiras. Deyverson pressionou a saída de bola do adversário, Andreas Pereira titubeou, perdeu a posse para o palmeirense, que finalizou na saída de Diego Alves. Antes de a rede balançar, foram segundos de apreensão, de dúvida e de incredulidade daquele momento, mas sim, era gol do Deyvinho.

Um herói improvável, um personagem único, que foi iluminado sabe-se lá por qual força do universo para marcar o gol do título da Libertadores-2021, um dos mais importantes feitos da história palmeirense. Aquela tarde/noite em Montevidéu eternizou Deyverson, que transgrediu a sua fama de "maluco" e escreveu seu nome em letras douradas entre os imortais da Academia de Abel.

Deyverson se despede, mas já está para sempre na história do clube. 

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