Eslovena se torna a maior vencedora da Copa do Mundo de Escalada

Janja Garnbret fez história ao ganhar todas as etapas de uma temporada do campeonato

Janja Garbret
Eslovena fez história nos EUA tornando-se a maior vencedora da Copa do Mundo (Foto: Eddie Fowke/ IFSC)

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A história do esporte, qualquer que seja a modalidade, é contada através das gerações por feitos históricos e impressionantes. Pessoas que testemunharam estes feitos históricos nunca o esquecem. No futebol, verificar a Seleção Brasileira ganhar a Copa do Mundo de 1970 com um dos melhores times da história é um bom exemplo disso. Mas há ainda outros que igualmente são famosos, como a conquista do norte-americano Jesse Owens, no ano de 1936, que fez Hitler se retirar da cerimônia de premiação. Como não citar também o feito da romena Nadia Comăneci, que ganhou o primeiro 10 "perfeito" da história da ginástica artística na Olimpíada de 1976.

Pois o público que prestigiou a 6ª e última etapa da temporada de boulder da Copa do Mundo de Escalada IFSC, realizada neste último final de semana nos EUA, junto de quem assistiu à transmissão por streaming, testemunhou um dos maiores feitos da história da escalada esportiva. A eslovena Janja Garnbret saiu vencedora e, pela primeira vez na história, tornou-se a pessoa a ganhar todas as etapas de uma temporada da Copa do Mundo de Escalada. Garnbret ainda pode abrilhantar sua conquista, pois ainda é cotada como favorita para vencer nas provas de vias guiadas, que começam em três semanas.

Mesmo sentindo o ombro esquerdo durante as finais, Janja mostrou uma concentração acima da média de qualquer atleta e conquistou o título de maneira impecável. Nesta temporada a eslovena, somando todas as etapas, praticamente subiu em todas as linhas de boulder, falhando apenas em 4. Uma eficiência de quase 95%. Com apenas 20 anos de idade, Janja Garnbret entrou para história do esporte e, consequentemente, forte candidata a sair consagrada das Olimpíadas como os nomes dos atletas citados no início da matéria.

A competição

O circuito da Copa do Mundo de Boulder de 2018 da International Federation of Sport Climbing (IFSC) finalizou na cidade norte-americana de Vail, no estado do Colorado. A competição fez parte do GoPro Mountain Game e teve, segundo os organizadores, uma audiência de mais de 4.000 pessoas presentes nas finais. A cidade possui uma peculiaridade importante que para muitos passa despercebida e que afeta alguns competidores: fica a 2.445 acima do nível do mar. A esta altura, a pessoa respira aproximadamente 25% menos oxigênio do que se estivesse no nível do mar.

Esta limitação de ar interfere no rendimento de alguns atletas. Especialmente se levarmos em consideração que no boulder são exigidos movimentos explosivos. Alguns atletas, como no ano passado, acusaram muito cansaço no final de cada rodada. Porém, os atletas que se destacaram durante toda a temporada, pelo menos aparentemente, não foram afetados por este fator.

As linhas de boulder ficaram a encargo de dois routesetters (profissionais de elaboram os desafios aos atletas) de prestígio: Chris Danielson e RomainCabessuten. As linhas propostas aos atletas nas semifinais e finais foram bastante diferentes e lembraram, até certo ponto, o estilo utilizado há pelo menos uns 10 anos. Desta vez foi exigido dos atletas mais aspectos físicos do que somente equilíbrio. Muito disso por tentar emular ao público presente, predominantemente norte-americano, o americanstyleno qual predominam muitos movimentos dinâmicos e de força.

Mesmo com em uma altitude de 2.445 acima do nível do mar, as condições para a competição eram perfeitas: 22ºC de temperatura e somente 24% de umidade relativa do ar. Não houve ventos fortes, apenas uma brisa fresca. O resultado deste clima fez com que a aderência das agarras praticamente perfeitas.

Resultados

Com condições de tempo consideradas perfeitas, a expectativa era de ver o escalador tcheco Adam Ondra passear e confirmar o título da temporada de boulder. Mesmo sendo considerado o melhor escalador esportivo da atualidade, Ondra acabou sendo surpreendido pelos routesetters e teve um rendimento muito abaixo do esperado.

A surpresa ficou por conta do japonês YoshiyukiOgata, que venceu sua primeira prova de copa do mundo da carreira e seguido pelo seu compatriota Tomoa Narasaki. Comendo os pontos da temporada, Narasaki tornou-se campeão de boulder da Copa do Mundo de Escalada de 2019. O pódio foi completado pelo sul-coreano Jongwon Chon. Para espanto de todos, Ondra ficou em quinto lugar.

1. Yoshiyuki Ogata (Japão)
2. Tomoa Narasaki (Japão)
3. Jongwon Chon (Coreia do Sul)
4. Jan Hojer (Alemanha)
5. Adam Ondra (República Tcheca)
6. Sean McColl (Canadá)

A classificação final da temporada de boulder masculina ficou da seguinte maneira:

1. Tomoa Narasaki (Japão) 340 pontos
2. Adam Ondra (República Tcheca) 335 pontos
3. Yoshiyuki Ogata (Japão) 264 pontos
4. Jongwon Chon (Coréia do Sul) 228 pontos
5. Kokoro Fuji (Japão) 227 pontos

Já no lado feminino a eslovena Janja Garnbret, que já tinha ganho o título com antecipação, tentava entrar para a história do esporte. Mostrando uma motivação de uma estreante e uma concentração inabalável, mesmo sentindo incômodo muscular no ombro esquerdo, a eslovena foi ovacionada e aplaudida de pé por público e concorrentes. A disputa aberta era entre quem ficaria com o segundo e terceiro lugar da temporada.

Com uma visível ascensão de rendimento, a francesa Fanny Gibert dominou as semifinais e criou a expectativa de que poderia destronar JanjaGarnbret. Porém seu rendimento nas finais não fi igual, ficando com o terceiro posto. O segundo lugar, que também lhe valeu o vice-campeonato da temporada, estava a japonesa AkiyoNoguchi.

1. Janja Garnbret (Eslovênia)
2. Akiyo Noguchi (Japão)
3. Fanny Gibert (França)
4. Miho Nonaka (Japão)
5. Luce Douady (França)
6. Mao Nakamura (Japão

A classificação final da temporada de boulder feminina ficou da seguinte maneira:

1. JanjaGarnbret (Eslovênia) - 500 pontos
2. AkiyoNoguchi (Japão) - 320 pontos
3. Fanny Gibert (França) - 308 pontos
4. Futaba Ito (Japão) - 206 pontos
5. Jessica Pilz (Áustria) - 203 pontos

América do Sul

A performance dos sul-americanos, levando as colocações em toda a temporada de 2019, apresentou uma sensível evolução. A escaladora argentina Valentina Aguado não chegou às semifinais, ficando em 25º lugar (para passar às semifinais é necessário se classificar entre os 20 melhores), mas foi a atleta sul-americana que chegou mais perto.

Assim, Valentina Augado consolidou-se como a melhor sul-americana, homem ou mulher, classificada na temporada. Fosse possível fazer uma previsão, usando apenas os resultados obtidos na temporada 2019 e na evolução ao longo do ano, Valentina Aguado é a atleta com maior esperança de chegar ás Olimpíadas.

Alejandra Contreras (37ª) e Muykuay Silva (43ª) também se destacaram na competição e mostraram evolução de rendimento na temporada. As peruanas Noelia Gallegos (49ª) e Sofia Centeno (53ª) fizeram a estreia a competição e não é possível fazer uma análise de seus resultados.

Na categoria masculina, os resultados ficaram aquém do esperado. O Brasil, ao contrário do que aconteceu em 2018, não enviou nenhum atleta para competir em Vail. A liga independente que organiza os campeonatos de escalada, declarou apenas que os atletas estão concentrados e treinando para as provas de vias guiadas.

Os melhores colocados foram o mexicano Héctor Cordero (39º), os peruanos Diego Lequerica (47º) e Leonardo Huaman (51º), os equatorianos Carlos Granja (49º) e Nickolaie Rivadenneira (55º).

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