Investimento de R$ 1 bilhão na nova Liga faz emergentes pedirem fatia maior do bolo para assinar

Grupo de 11 clubes liderado pelo Atlético-MG quer revisão de divisão de receitas e pede cópia de modelo inglês em nova empreitada dos clubes brasileiros

Fachada da sede da CBF
Capítulo novo sobre criação da nova liga de clubes será na próxima quinta, no Rio, na sede da CBF (Foto: Divulgação)

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Apesar do sucesso festejado principalmente pelos clubes paulistas e o Flamengo, agora considerados fundadores da Libra (como será chamada a Liga Brasileira de Clubes), a exigência de uma fatia maior na divisão de recursos que podem ser aportados no projeto fez com que a imensa maioria dos 40 clubes das séries A e B deixassem a reunião ocorrida na manhã desta terça-feira (3), em um hotel nos Jardins, zona sul de São Paulo (SP), sem embarcar totalmente no projeto.


Agora a filiação total dos 40 clubes das séries A e B terá uma nova roda de discussões na próxima quinta-feira (12), na sede da CBF, no Rio de Janeiro (RJ). A ideia dos fundadores, contudo, já é a de eleger uma diretoria para a Libra.

Parte da oposição à nova Liga vem do chamado 'Futebol Forte', grupo formado por 11 equipes emergentes da Série A (América-MG, Atlético-GO, Athletico, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Goiás e Juventude), liderados espiritualmente pelo Atlético-MG, que exigem mais dinheiro das negociações envolvendo o Brasileirão. Além do Fla e dos quatro grandes paulistas, RB Bragantino, Ponte Preta e Cruzeiro também já assinaram o documento e são considerados fundadores da Libra.

Segundo o que o LANCE! apurou junto a dirigentes, a insatisfação é pela divisão de rendas planejada pelo quarteto de São Paulo mais o Rubro-Negro, principalmente após a exposição da proposta da Cadajas Sports Kapital (CSK), que tem o apoio do banco BTG, e promete atrair investimentos superiores a R$ 1 bilhão à Libra.

- Não era aquilo que eu esperava, pois precisamos que o debate seja mais ampliado. 80% dos clubes não assinaram. Precisamos de um conjunto de ideias que seja de inclusão para todos os clubes, e não algo que pareça imposição. Estamos falando de 40 clubes, e apenas oito assinaram. Isso está longe de representar a vontade da maioria. Esperamos que para uma próxima reunião todos reflitam e deem um passo de união, para que definitivamente a gente consiga sair do papel de um movimento que pode ser um dos principais acontecimentos do nosso futebol - destacou Marcelo Paz, presidente do Fortaleza.

Opinião compartilhada por Mário Celso Petraglia, presidente do Athletico e talvez uma das vozes mais contrárias à Liga estabelecidas no evento desta manhã na capital paulista.

- Houve uma inversão de objetivos. Não se discutiu absolutamente nada. Daí vieram com estatuto pronto, e que os seis (Flamengo, Corinthians, Santos, São Paulo, Palmeiras e Bragantino) assinariam, e quem quisesse assinar ficaria à vontade. Eu nem estudei o estatuto - destacou o dirigente do Furacão.

O L! apurou que a 'constituição da Liga' - como chamou Leila Pereira - prevê a divisão de 40% da receita dividida igualmente entre todos os participantes da competição, 30% de variável por performance e 30% por engajamento.

Este último item traz uma série de critérios: média de público nos estádios, base de assinantes nos pacotes de streaming (pay-per-view) do campeonato, audiência na TV aberta, tamanho da torcida e número de seguidores e visualizações nas cinco principais redes sociais.

Os Futebol Forte e alguns dos demais participantes restantes da Série A querem uma divisão no modelo 50% divididos igualmente, 25% por performance e 25% da receita nos critérios de engajamento, que poderia ser rediscutida adiante. O modelo é idêntico ao da Premier League, a liga dos clubes ingleses.

O argumento dado pelo 'bloco dos seis', como vem chamado os grandes paulistas e o Fla, é de que segundo a Cadajas, com quem já teriam assinado inclusivo uma carta de interesses, não é possível fazer com que todos os clubes recebam o mesmo valor inicialmente quando a Liga for criada porque eles possuem ativos e atrativos diferentes. Entretanto, os clubes emergentes não irão receber menos do que já ganham.

Segundo Paz, pelos cálculos propostos, a diferença entre o que ganha o campeão e o 16º colocado, última posição antes do rebaixamento, pode chegar a seis vezes.

Há insatisfação não só entre o Futebol Forte, mas entre os chamados 'mediadores', que não possuem lado definido na questão (Botafogo, Vasco, Fluminense, Grêmio, Bahia, Guarani e Internacional), que não concordaram com o descarte da proposta da espanhola LaLiga por meio da XP Investimentos e estão rachados quanto ao estatuto proposto pelos fundadores.

- O papel do Botafogo nesse processo é de racionalidade. Nossa posição é de união, inclusão e valorização do produto, buscando consenso. Concordamos com a visão, o conceito e estamos avaliando tecnicamente a melhor estratégia para decisão em conjunto com John Textor. Não há motivos para açodamentos. O Botafogo tem ciência do seu valor, da capacidade da Liga e vai lutar pelo formato que alie os seus interesses e dos clubes como um todo. Entendemos que o próximo passo é reunir os 40 principais clubes do futebol brasileiro na sede da CBF, no dia 12, para uma posição em consenso. Até lá, todos terão tempo para avaliar os termos que estão na mesa. Temos pressa, mas não podemos errar - disse Jorge Braga, CEO do Botafogo.

- Acredito que saímos deste encontro todos mais fortalecidos. Não foi uma imposição de regras, mas um conjunto de princípios que vai nos fazer refletir ainda mais, e assim chegar na reunião do dia 12 com fatos mais concretos. Ninguém deseja uma liga com seis ou oito clubes. Sabemos do interesse e da realidade de cada uma das instituições e de onde podemos chegar, para que o entendimento seja benéfico para todos - disse Alessandro Barcellos, presidente do Inter.

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