Wallim Vasconcelos explica renúncia de VP do Flamengo: ‘Divergências ao estilo de gestão’
A diretoria já definiu o substituto de Wallim Vasconcelos na pasta: Rodrigo Tostes
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Wallim Vasconcelos não faz mais parte da diretoria do Flamengo e, em nota publicada nesta quarta-feira, o ex-vice-presidente de finanças explicou a sua renúncia. A sua renúncia "deveu-se, sobretudo, à divergências ao estilo de gestão", na qual ele e outros VPs tem "pouca participação nas discussões de assuntos relevantes e impactantes na vida do clube", publicou Wallim.
- A minha renúncia deveu-se sobretudo, à divergências em relação ao estilo de gestão, aonde a maioria dos Vice-Presidentes possui pouca participação nas discussões de assuntos relevantes e impactantes na vida do clube. Na verdade nunca fomos um verdadeiro colegiado, desperdiçando, a meu ver, a oportunidade de um debate de alto nível com todos participantes - escreveu.
Em seu posicionamento, Wallim Vasconcelos afirma que a pasta de finanças "requer a participação nas discussão e na decisão dos temas que afetam diretamente o caixa e os compromissos financeiros do clube", mas isso não aconteceu em 2019, primeiro ano do mandato do presidente Rodolfo Landim.
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Wallim Vasconcelos: 'Portanto, por não ter conseguido sequer ser ouvido, apesar de ter tentado várias vezes, em inúmeras situações, cheguei à conclusão que meu ciclo no Flamengo terminou.'
Em meio às críticas à gestão atual, o dirigente seguiu afirmando que há margem para o Flamengo evoluir em diversas áreas ("alvos de justas críticas por parte dos nossos torcedores e da imprensa") e, para isso, precisa "investir em pessoas e contratar empresas muito qualificadas", reforçando que "o sucesso no futebol não pode encobrir as deficiências que temos na gestão."
Wallim Vasconcelos participa da vida política do Flamengo desde o primeiro mandato de Eduardo Bandeira de Mello, sendo vice-presidente de futebol, entre 2013 e 2014, e vice-presidente de patrimônio em 2015, quando deixou a situação e tornou-se candidato à presidência pela chapa de oposição a Bandeira de Mello, que acabou sendo reeleito e cumprindo mandato até 2018.
Assim, o ex-dirigente fez um balanço positivo de sua contribuição ao clube, lembrando o resgaste da "reputação, credibilidade e sustentabilidade financeira" do clube, além de projetos que liderou na pasta de finanças no último ano, como a contratação da Ernst & Young - uma das maiores empresas globais de auditoria externa - para auditar as demonstrações financeiras do Fla.
Confira, na íntegra, a nota publicada por Wallim Vasconcelos abaixo:
"Como todos já sabem, na última segunda-feira apresentei minha carta de renúncia ao cargo de Vice-Presidente de Finanças do C.R. do Flamengo, função que exerci durante o ano de 2019 e que muito me honrou. Neste período dei a minha contribuição para a construção de um Flamengo sempre melhor e maior, nosso objetivo desde o início dessa jornada, em 2012.
Enquanto estive à frente das pasta de Finanças, liderei os seguintes projetos estruturantes, a saber:
- contratação pioneira da EY, uma das 4 maiores empresas globais de auditoria externa,
para auditar as demonstrações financeiras do Clube referente ao exercício de 2019. Tal feito representa algo inédito no setor, tornando o CRF o primeiro clube, na América Latina, a contar com auditoria independente de primeira lina;
- obtenção de relevantes linhas de crédito junto a instituições financeiras, sem garantias, com risco Flamengo, fato também pioneiro no contexto do futebol brasileiro;
- negociações concluída com uma das maiores agências de rating de crédito do mundo, para avaliação do risco de crédito do Flamengo, igualmente de forma inédito e pioneira no Brasil;
- elaboração de estudo envolvendo a estrutura organizacional da área financeira, descrição das funções, das competências e níveis de remuneração.
Assim, entendo ter contribuído para colocar o Flamengo, também nos campo das finanças, aonde ele sempre deveria estar - no topo, liderando com boas práticas e inspirando os demais.
Deixo o clube com uma situação financeira equilibrada, taxa de juros mais baixas e dívida com perfil de pagamento no médio e longo prazos, ajustada para o fluxo de caixa projetado.
A minha renúncia deveu-se sobretudo, à divergências em relação ao estilo de gestão, aonde a maioria dos Vice-Presidentes possui pouca participação nas discussões de assuntos relevantes e impactantes na vida do clube. Na verdade nunca fomos um verdadeiro colegiado, desperdiçando, a meu ver, a oportunidade de um debate de alto nível com todos participantes. Todos nós perdemos, o Flamengo, como instituição, também perde. Mas entendo que o presidente do clube tem o direito de geri-lo da maneira como entender melhor, pois foi eleito legitimamente para isso.
No caso específico da pasta de finanças, a responsabilidade do Vice-Presidente de um clube do tamanho do Flamengo é imensa e requer a participação nas discussão e na decisão dos temas que afetam diretamente o caixa e os compromissos financeiros do clube, o que raramente aconteceu em 2019.
Além disso, tenho a certeza que podemos e temos que melhorar em algumas áreas, alvos de justas críticas por parte dos nossos torcedores e da imprensa. Sem investir em pessoas e contratar empresas muito qualificadas, nosso crescimento estará limitado. Temos uma oportunidade gigantesca de atingirmos um patamar nunca visto no futebol mundial por um clube brasileiro e por um longo tempo, mas, para isso, temos que selecionar bem quem vai nos ajudar a alcançá-lo. Clubes globais necessitam das melhores empresas para assessorá-los em seu crescimento e desenvolvimento.
O sucesso no futebol não pode encobrir as deficiências que ainda temos na gestão.
Portanto, por não ter conseguido sequer ser ouvido, apesar de ter tentado várias vezes, em inúmeras situações, cheguei à conclusão que meu ciclo no Flamengo terminou.
Nos 3,5 anos que participei da gestão do Flamengo, ganhamos quase todos os títulos que sonávamos no futebol, faltando apenas o Mundial, no qual chegamos à final. Em 2019, também voltamos a ganhar todas as competições no remo depois de 6 anos e a nos destacarmos nas modalidades olímpicas. Em 2021, poucos acreditavam que conseguiríamos recuperar o Flamengo e tirá-lo da pior crise da sua história, resgatando sua reputação, credibilidade e sustentabilidade financeira.
Por isso, sinto-me recompensado e não me arrependo de nada do que fiz e passei. Valeu muito a pena!
Coloquei-me à disposição do Presidente Landim para ajudar sempre que o Flamengo precisar e ele julgar necessário.
Agradeço aos meus colegas Vice-Presidentes, aos Presidentes dos Poderes, associados e funcionários pelo apoio durante os anos que participei da gestão do Flamengo.
Desejo sorte ao Presidente Rodolfo Landim e à sua diretoria todo o sucesso no restante do mandato.
Saudações Rubro-Negras!"
— Wallim (@WallimFla) February 12, 2020
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