Suíço-brasileiro espera dificuldade da Seleção de Tite na estreia da Copa

Em entrevista ao LANCE!, jogador fala sobre não ida à Copa e prevê jogo duro no domingo

O zagueiro da Suíça Léo Lacroix tem nacionalidade brasileira
(FOTO: FABRICE COFFRINI/AFP)

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Nascido na Suíça, mas filho de mãe brasileira, o zagueiro Léo Lacroix alimentou o sonho de disputar sua primeira Copa do Mundo. Convocado para jogos das eliminatórias pela seleção europeia, ele acabou fora dos 35 pré-selecionados do técnico Vladimir Petkovic.

De férias no Brasil, Léo Lacroix, que jogou nos últimos seis meses pelo Basel e deve retornar ao Saint-Étienne, da França, na próxima temporada, afirmou que já esperava ficar fora do Mundial

Em entrevista ao LANCE!, o zagueiro diz que o Brasil terá problemas contra a Suíça no próximo domingo, às 15h (de Brasília), em Rostov-on-Don, na estreia das suas seleções na Copa do Mundo. Léo Lacroix avalia que, por conta do sistema defensivo sólido e com poucos destaques individuais, a seleção europeia preza pelo conjunto para avançar às oitavas de final da Copa.

Você disputou jogos da Suíça nas Eliminatórias, mas acabou fora da lista para a Copa do Mundo. Ficou um sentimento de frustração?

Eu já imaginava que seria complicado para mim. Pois não atuei em nenhum jogo das Eliminatórias, apenas fui convocado. A partida que era para eu ter atuado, preferi tirar uma placa de uma operação que fiz no tornozelo. Aí o treinador convocou outro jogador e ficou mais complicado eu voltar a ter chances. O que importa é eu seguir trabalhando. Se não foi dessa vez, quem sabe da próxima?

Para você, como Suíça chega para a Copa? Acredita que tem potencial para passar da fase de grupos?

A Suíça tem toda a qualidade e força para avançar no grupo. Mas é uma chave complicada, com adversários com muita qualidade. Não vai depender do primeiro jogo, mas do segundo e do terceiro.

Léo Lacroix
Léo Lacroix em ação pelo Saint-Étienne (Foto: Divulgação)

Até onde pode chegar essa seleção suíça?

É difícil de falar, pois a Suíça tem muita qualidade, mas enfrentará rivais também qualificados. Se passar de grupo, terá que analisar quem vai enfrentar para saber em quais condições chega a seleção.

A Suíça é adversária do Brasil na estreia da Copa do Mundo. O que os jogadores brasileiros podem esperar neste primeiro jogo?

O Brasil vai pegar uma seleção com muita qualidade, que vai dar o máximo para fazer um bom primeiro jogo. Fizeram uma boa eliminatória, tem bom grupo, jogaram bem no empate com a Espanha em 1 a 1. A Suíça tem jogadores que podem desequilibrar, como Shaqiri, o Xhaka. É um elenco que trabalha bem junto. É uma partida que deve ser complicada para o Brasil.

Quem você poderia indicar como destaques da seleção? Quem o Brasil teria que se preocupar mais?

O Brasil precisa se preocupar com toda a seleção da Suíça. Não tem um grande destaque, como Neymar é para o Brasil. O grande ponto forte da Suíça é o conjunto. Claro que pela experiência, pelas competições que já jogaram, nomes como Xhaka, Shaqiri e Lichtsteiner pode contribuir muito e fazer a diferença, mas na minha opinião, o grupo em si é o ponto mais forte.

Xherdan Shaqiri fez três gols no triunfo de 3 a 0 sobre Honduras. O jogador é o destaque da Suíça, rival do Brasil na estreia
Shaqiri é um dos principais nomes da Suíça (Foto: AFP)

Você pertence ao Saint-Étienne, mas foi emprestado ao Basel na janela de inverno. Como foi essa passagem pelo clube suíço?

Foi uma passagem muito boa, fique muito feliz. Na verdade, eu insisti para ir para o Basel, mesmo jogando bem em janeiro pelo Saint-Étienne. Mas quando surgiu a proposta do Basel, eu queria ir. Além de ser o maior clube da Suíça, é um time que estava classificado para jogar as oitavas de final da Liga dos Campeões. Era um sonho jogar a competição. Fiz o máximo para poder ir para lá. No final, acabou sendo um pouco complicado. Como tinha opção de compra no contrato de empréstimo, o Basel não queria pagar o valor. Eles têm uma política de comprar barato e vender mais caro. Aí, acabei jogando menos no fim. Fiquei feliz de ter jogado a Liga dos Campeões.

Não houve negociação entre os dois times?

Não houve porque no contrato havia a cláusula da opção de compra, no valor de 3 milhões de euros. O Basel tinha até o dia 30 de abril para exercer junto ao Saint-Étienne a opção. Eles vieram falar comigo, dizendo que não iriam me comprar, e eu fiquei sabendo que iria voltar ao Saint-Étienne.

E você gostaria de ter ficado no Basel ou vê com bons olhos a volta ao Saint-Étienne?

Na verdade, eu não queria ficar no Basel. Só queria ter ter mais minutos em campo. No Saint-Étienne, na primeira parte, eu jogava algumas partidas, ficava fora em outras, e queria ter uma sequência. Foi o que tive no Basel no início, até eles não exercerem a opção de compra. A minha vontade mesmo era de jogar as duas partidas da Liga dos Campeões, apresentar o meu futebol, e ver no que iria acontecer. O mercado vai abrir daqui a alguns dias. Mas não queria ficar no Basel.

Você atuou na Liga dos Campeões e enfrentou duas vezes o Manchester City nas oitavas de final. Vocês acreditavam ser possível eliminar o time de Guardiola? Como foi a sensação de jogar a competição?

Foi um sonho realizado. A preparação do jogo é diferente, você treina com a bola da Liga dos Campeões, o estádio está decorado para a partida, eram oitavas de final. No dia do duelo, você chega no estádio e está diferente, é todo voltado para o torneio. É emocionante ouvir o hino da Champions. O Manchester City estava ganhando tudo no Campeonato Inglês, fazendo muitos gols. Sabíamos que seria difícil, mas vacilamos muito no jogo de ida, na Basileia. Perdemos duas chances consecutivas e, em seguida, acabamos levando gols. Após o 4 a 0 na ida, sabíamos que seria difícil. Depois, na volta, em Manchester, não tínhamos nada a perder e jogamos bem. Saímos perdendo por 1 a 0 e viramos para 2 a 1. O time do Guardiola não perdia há muito tempo em casa e acabamos com essa sequência do City. Foi uma experiência muito boa, encarar grandes jogadores, como os brasileiros Gabriel Jesus, Fernandinho, Éderson, Danilo. Foi muito bom.

O Basel acabou com o vice-campeonato na Suíça. O que faltou para garantir o título?

O Basel estava ganhando há oito ou nove anos seguidos o título nacional. No ano passado, mudou muita coisa no clube, como o presidente, os jogadores... E o Basel estava com um time que estava sempre melhorando e esse ano o Young Boys foi campeão. Foi merecimento deles, jogaram muito, estavam com um time muito bom. A função do Basel mudou muito, está trabalhando com jovens jogadores. E acabou faltando experiência em certos momentos, o que facilitou para o Young Boys. O Basel tinha também a Liga dos Campeões, muitos jogos a disputar e o rival só tinha o Campeonato Suíço e a copa.

Preparado para enfrentar grandes jogadores, como os astros do PSG?

Claro que estou preparado. No futebol você tem que estar preparado para qualquer circunstância. Para atuar contra times e jogadores fora de série, para aqueles que estão no meio da tabela e brigando contra o rebaixamento. No fim de junho vai começar a pré-temporada, vamos ver o que vai acontecer. Se continuarei no Saint-Étienne ou se vou sair.

E o Flamengo? Ainda sonha em atuar pelo clube?


Estou no Rio de Janeiro. Claro que seria uma grande honra vestir a camisa do Flamengo, pela história que o clube tem, os torcedores. O Flamengo está crescendo dia após dia, está bem no Brasileirão. Por que não? Seria uma grande honra poder jogar pelo Flamengo um dia.

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