Copa América: confira as reviravoltas do torneio que terá Brasil como sede

Em 1918, Rio de Janeiro receberia torneio, mas adiou por conta dos casos da gripe espanhola. Com 462 mortos pela Covid-19, Brasil acredita ser apto a realizar campeonato

Copa América - CONMEBOL
Copa América será disputada no Brasil a partir do próximo dia 13  de junho (Foto: Vladimir Rodas/AFP)

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Nesta segunda-feira, o Brasil foi anunciado como a nova sede da Copa América em mais um triste capítulo de uma competição tradicional, fundada em 1916. Após as desistências de Colômbia e Argentina, o país que ultrapassou a marca dos 462 mil mortos pela Covid-19 no último domingo receberá o torneio.

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Para entender como chegamos nesse ponto da história, é necessário lembrar como o campeonato seria realizado. Diferentemente das últimas edições, o evento seria dividido em dois grupos com seis equipes em cada chave, sendo as 10 seleções da América do Sul, além de Qatar e Austrália como convidados.

> Veja a tabela da Copa América

O Grupo A, composto por Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai e Austrália seria disputado somente na terra de Maradona. Enquanto o Grupo B, composto por Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela e Qatar seria realizado no local de nascimento de Higuita, Valderrama e Rincón.

No entanto, a epidemia da Covid-19 iniciada na China, tendo Wuhan como epicentro no final de 2019, tornou-se rapidamente em uma pandemia sem precedentes. O novo coronavírus saiu da Ásia, chegou na Europa e não tardou para aterrisar na América do Sul em 2020.

Primeiros problemas

Com isso, a Conmebol decidiu adiar a Copa América a exemplo do que a Uefa fez com a Eurocopa. Mas a realidade dos continentes é discrepante, pois enquanto assistimos partidas com público nos principais campeonatos do mundo, vivemos um dos piores momentos da pandemia desde o seu início.

Dessa forma, a primeira derrota da entidade sul-americana deu-se com a desistência das participações de Austrália e Qatar, em fevereiro, por conta das restrições de viagens e devido ao apertado calendário do futebol internacional. Falando a grosso modo, a Covid-19 na América do Sul impediu que as seleções convidadas participassem da competição.

Colômbia e Argentina

Mais tarde, a Colômbia viu emergir uma onda de manifestações por conta de uma proposta do presidente Ivan Duque Marquéz em mudar a política tributária no país. Os protestos, que começaram em abril, não cessaram, e as demandas da população aumentam.

No último dia 13 de maio, quando o Atlético-MG viajou para enfrentar o América de Cali em Barranquilla, as manifestações tiveram efeito dentro de campo. O confronto entre povo e polícia fez com que as forças de segurança fizessem uso do gás lacrimogêneio, que afetou atletas ainda no primeiro tempo do duelo. A vergonhosa partida seguiu até o fim com vitória da equipe brasileira, apesar do jogo ter ficado em segundo plano.

Uma semana após a desastrosa partida, a Colômbia anunciou que deixaria de ser sede da Copa América. Com isso, sobraria para a Argentina receber os 10 países da América do Sul e realizar o torneio que tem data marcada para o próximo dia 13 de junho.

No entanto, os hermanos anunciaram no último domingo que não iriam receber o campeonato mais tradicional entre seleções do mundo. O motivo são os crescentes casos no número de pessoas contaminadas pela Covid-19 no país. Na última quinta-feira, por exemplo, a Argentina registrou um número recorde de casos do novo coronavírus: 47.080.

Pão e circo

Em reunião nesta segunda-feira, o Brasil se disponibilizou para sediar a Copa América mais desastrosa da história. Desastrosa tanto do ponto de vista desportivo, mas principalmente do aspecto do descaso e da irresponsabilidade de quem organiza a competição para com os torcedores e toda a população da América do Sul.

O país que registrou a marca de 462 mil mortos no último domingo acredita ter condições para receber um torneio que será disputado concomitantemente com o Campeonato Brasileiro. As cidades que receberão o evento ainda não foram definidas, mas a Conmebol afirmou que divulgará todas as informações em breve.

Em 1918, o Sul-Americano de Football, equivalente a atual Copa América, que seria disputado no Rio de Janeiro foi adiado e realizado seis meses depois em 1919 por conta dos casos da gripe espanhola. O estado fluminense registoru cerca de 600 mil doentes (dois terços da população à época), além do período ter registrado a morte de alguns jogadores.

Mais uma vez, a política sanitária está sendo posta de lado. A vacinação contra a Covid-19 no Brasil é lenta, os casos aumentam e as mortes não param. Mas o que também não para é a bola rolando no "país do futebol", no país do pão e circo.

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