Após 77 dias, edição de 2021 do Paranaense terá, enfim, semifinal disputada. Entenda!

Athletico-PR recebe nesta quarta-feira (1) o FC Cascavel, na Arena da Baixada, às 15h20. Competição tem calendário 'acidentado' devido à pandemia e a outras competições

FC Cascavel x Athletico-PR
FC Cascavel e Athletico-PR decidirão em dois jogos a vaga na final. O Londrina aguarda o vencedor (Foto: Maurício Mano/ Athletico-PR)

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O sonho de conquistar a Copa do Brasil e a Copa Sul-Americana já estão em alta voltagem entre os torcedores do Athletico-PR. Mas o Furacão terá de voltar momentaneamente suas atenções para outra competição que ficou pendente. Após 77 dias de espera, a equipe recebe o FC Cascavel nesta quarta-feira (1), às 15h20, para, na Arena da Baixada, fazer o jogo de ida da semifinal do Campeonato Paranaense.

Entre adiamentos (e até a "mãozinha" da mudança de data do jogo com o Santos na Copa do Brasil, que permitiu que a Federação, enfim, encaixasse os jogos desta chave nas próximas semanas), impactos causados pela Covid-19 e soluções mirabolantes, não faltam peculiaridades na edição atual do Estadual. 

ADIAMENTO E RODADAS DISPUTADAS COM CAUTELA

Bruno Lazaroni - Athletico Paranaense
Bruno Lazaroni comandou o sub-23 do Furacão, que iniciou a competição (Divulgação / Site Oficial Athletico Paranaense)

A escalada da  Covid-19 foi refletida ainda nas primeiras rodadas da competição. Em entrevista ao LANCE! na Jogada no dia 15 de junho, Bruno Lazaroni, que comandou a equipe sub-23 do Furacão, detalhou um hiato pesado.

- Por conta da pandemia, dos decretos daqui, acabou sendo um ano totalmente atípico. Claro que a gente vive num momento atípico, mas a gente fez o primeiro jogo ainda com o (treinador do time principal) António (Oliveira) e o segundo jogo foi acontecer só 35 dias depois - lembrou.

O Athletico-PR havia estreado no dia 27 de fevereiro, com uma derrota por 1 a 0 para o Cianorte. Com o Paraná tendo 94% dos leitos ocupados por quem contraiu Covid-19, o governador Carlos Ratinho Massa Júnior (PSD-PR), anunciou um decreto que propôs uma série de restrições, entre elas a de circulação de pessoas entre as 20h e as 5h. A Federação Paranaense decidiu adiar a sequência da competição.

A Serpente aurinegra, por sua vez, teve seu jogo de fevereiro adiado. Cascavel era uma das cidades que também padeciam com os altos índices de leitos de UTIs de Covid-19.

- Foi meio quebrado, cheio de percalço no início. Lembro que estreamos só em 11 de março contra o Azuriz em jogo válido pela segunda rodada, pois não podíamos mandar jogo em Cascavel. Depois passaram a intercalar jogos das rodadas acordo com a situação em cada lugar - apontou ao LANCE!  Tcheco, treinador do FC Cascavel, que como jogador passou por clubes como Grêmio, Corinthians e Coritiba.

CIDADES COM COLAPSO NO SISTEMA DE SAÚDE E TIMES 'NÔMADES'

Maringá x Coritiba - Waguininho
Maringá encarou o Coritiba na Cidade dos Pássaros, em Arapongas (Divulgação/Coritiba)

A gravidade da pandemia fez clubes migrarem para outras cidades onde eram permitidas partidas. O Londrina e o Maringá mandaram seus respectivos jogos no Estádio Cidade dos Pássaros. O Coritiba recebeu também uma partida em Arapongas e outra no Estradinha, em Paranaguá.  Neste período, outros locais lidavam com colapso no sistema de saúde, como Cianorte, Pato Branco e Toledo. 

O calendário ainda virou de ponta-cabeça, com direito a jogos da mesma rodada terem intervalo de um mês. Um dos motivos foi outra preocupação com a Covid-19 especificada em Curitiba.

- Ficamos 11, 12 dias sem treinar no nosso CT (foi decretado lockdown na capital paranaense). Só treinamos de forma remota, em casa. Depois, do segundo jogo para o terceiro jogo, foram 14 dias de diferença (até a derrota por 4 a 0 para o Operário na Arena da Baixada) - recordou Bruno Lazaroni.

A primeira fase chegou ao fim em maio. Mas os desafios em torno da sequência do Estadual vieram dentro de campo.

FURACÃO EM DIVERSAS FRENTES

Petraglia - Athletico-PR
'Em função do calendário, praticamente diluímos o time sub-23', constatou Petraglia (Foto: Miguel Locatelli/Site Oficial)

A forte rotina de jogos à qual o Athletico-PR foi submetido no segundo semestre já havia causado um descompasso para decidir as semifinais do Estadual. No dia 20 de maio, Londrina e Operário se classificaram. Porém, o FC Cascavel teve de esperar até 16 de junho para saber quem levaria a melhor no duelo entre Furacão e Paraná.  

- Estamos também em outras três competições simultâneas. Numa semifinal de Copa Sul-Americana, na disputa por reta final da Copa do Brasil, no Brasileiro... Somente agora surgiram estas datas para disputar o Estadual. São dois anos de pandemia que nos tiraram da rotina, mudaram o planejamento. Este adiamento causado pela mudança de dia do jogo com o Santos acabou nos proporcionado um espaço para a reta final do Estadual - declarou o dirigente do Athletico, Mário Celso Petraglia.

Um dos planos deixados de lado foi disputar o Estadual até o fim com a equipe sub-23.

- Em função do calendário, praticamente diluímos o time. Alguns foram integrados e os demais cedemos a outros clubes. Eles não teriam condições de treinar, pois tendo muitos atletas haveria risco de contaminação - afirmou Petraglia. 

Mandatário aurinegro, Valdinei Silva reconheceu a situação desafiadora em campo do adversário. Mas destacou que a espera de 77 dias foi difícil.

- Claro que há a ansiedade de todo mundo, mas a gente entende a situação da pandemia aqui no estado e também o fato do Athletico disputar quatro campeonatos ao mesmo tempo. O calendário ficou mais apertado em função da pandemia. Felizmente, estamos jogando a Série D. Para nós seria mais complicado se, neste período, a equipe estivesse inativa - afirmou. 

FC CASCAVEL: DIFICULDADE PARA AJUSTAR O ELENCO

Tcheco Cascavel
'Estou confiante pois mantivemos nossa base, que vem bem na Série D', afirmou Tcheco sobre a Serpente Aurinegra (Divulgação / Cascavel)

O FC Cascavel teve uma campanha marcada por superação. A equipe, que havia perdido seis pontos pela escalação irregular do goleiro João Pedro na primeira rodada, soube se recuperar no decorrer da campanha. Contudo, agora passa por um novo desafio em relação ao seu elenco.

-  Tínhamos 30 jogadores, mas este número reduziu porque alguns só foram inscritos depois do Estadual. Mesmo assim, etou confiante pois mantivemos nossa base, que vem bem na Série D (lidera o Grupo A8, com 27 pontos) - afirmou Tcheco, que projetou o jogo com o Athletico:

- Sabemos que eles vêm de semanas cansativas. Estamos preparados caso eles venham com os titulares ou um time misto. Quem vier terá um modelo de jogo muito bom, com atletas que querem mostrar serviço - completou.

Entre os titulares devido à falta de inscrição, estão o goleiro Luiz e o atacante Carlos Henrique. Outro desfalque na meta é Orlando, lesionado. O meia Robinho e o atacante Léo Itaperuna são as esperanças do time, que conta na zaga com Diego Giaretta (jogador com passagens por Grêmio e Botafogo).  

ATHLETICO: EQUIPE RESERVA PARA A SEMIFINAL

António Oliveira - Athletico
António Oliveira deve comandar equipe reserva no Furacão (José Tramontin/athletico.com./br)

O Athletico-PR conta com 62 jogadores inscritos à sua disposição para o confronto de logo mais. Ao que tudo indica, o treinador António Oliveira tende a lançar uma equipe repleta de reservas, tendo o "reforço" do titular Thiago Heleno na defesa.

O presidente do Furacão, Mário Celso Petraglia, fala sobre como o clube lida com o Estadual.

- Deixamos há algum tempo como uma competição secundária. Poupamos jogadores e optamos em geral por uma equipe sub-23 nas edições anteriores. Somente devido à falta de calendário na base é que mudamos um pouco nosso planejamento deste ano. E para nós tem sido exaustiva demais esta temporada - disse. 

Os meias Jadson e Léo Cittadini e o atacante Renato Kayzer são alguns dos jogadores que tendem a atuar na Arena da Baixada nesta quarta-feira (1). Além dos titulares Santos e Terans, cedidos às suas seleções, o zagueiro Lucas Halter, o volante Kawan, o meia Bruno Leite e o atacante Matheus Babi são desfalques, pois estão lesionados.

DECISÃO PODE DAR NOVO 'NÓ' NO CALENDÁRIO

Hélio Cury
'Felizmente, todos os clubes envolvidos estão atualmente em atividade', diz mandatário da Federação, Hélio Cury (Julia Abdul-Hak/FPF)

A Federação Paranaense de Futebol (FPF) agora espera achar um novo caminho, mas em torno das datas das finais (a competição tinha, a princípio, previsão de encerramento em maio). O vencedor do duelo entre Athletico-PR e FC Cascavel encara o Londrina. Caso o Athletico-PR leve a melhor, os dirigentes terão de encontrar novamente uma brecha em meio ao Brasileiro, Copa do Brasil e Copa Sul-Americana.

O mandatário Hélio Cury fez um balanço sobre a competição.

- Tivemos a pandemia, que acarretou no adiamento no início do Estadual e mudanças nas sedes. Aos poucos, as datas foram ficando mais complicadas da gente conciliar - afirmou.

O dirigente da Federação vê com alívio o fato dos clubes envolvidos estarem em atividade.

- Além do Athletico, que está na elite, temos o Cascavel na Série D e o Londrina na Série B. Imagine se algum deles não estivesse jogando o quanto esta situação ficaria complicada! - reconheceu.

Cury, porém, constata que a final pode trazer novos capítulos turbulentos. 

- No dia 8 (data do jogo de volta) vamos saber como proceder. Caso o FC Cascavel passe, encaixar esta data com o Londrina tende a ser mais fácil no meio de semana. Com o Athletico, veremos como será sua trajetória nas demais competições para chegarmos a uma definição - disse.

A definição sobre quem será o campeão de 2021 é bastante esperada.

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